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Há 70 anos, nascia Johnny Ramone

O músico fundador dos Ramones definiu o som da guitarra dentro do punk rock

Paulo Cavalcanti Publicado em 08/10/2018, às 08h17

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Reprodução/Facebook
Reprodução/Facebook

Dentro dos Ramones, os músicos tinham funções e atuações divergentes. Joey era o vocalista carismático e desajeitado e o baixista Dee Dee Ramone se destacava como o compositor intuitivo. Já o baterista Tommy, que também era o produtor, funcionava como um mediador. O guitarrista Johnny Ramone, por sua vez, era o líder incontestável, o cara que dava as cartas e, através de uma ferrenha disciplina, colocava tudo nos trilhos. Assim conseguiu que os desajustados Ramones se profissionalizassem e, assim, mudassem os caminhos do rock. Hoje, há 70 anos, nascia o cidadão batizado de John William Cummings, mas que alcançou imortalidade como Johnny Ramone.

Cummings nasceu no Queens, em Nova York, no dia 8 de outubro de 1948. Ele descobriu a música quando era adolescente, se interessando por bandas de garagem e grupos como The Who. Foi assim que começou a tocar guitarra e fazer parte de bandas em sua vizinhança. Em uma delas, chamada Tangerine Puppets, ele conheceu o baterista Tamás Erdélyi, que anos depois mudaria o nome para Tommy Ramone. Bandas como Stooges e MC5 marcaram o ponto de partida para o punk, mudando todo o rumo de sua vida.

Quando os Ramones começaram, Johnny mantinha uma linha dura. Ele era muito exigente em relação aos horários e ao desempenho dos colegas. Exigia o máximo possível dos outros integrantes o tempo todo. A música que os Ramones fazia era simples e direta, mas tudo era muito bem ensaiado e cronometrado, graças ao foco imposto por Johnny.

No que se refere à parte musical, o Ramones era basicamente um power trio, já que Joey não tocava nenhum instrumento. Sem ter um outro guitarrista para ajudá-lo, Johnny Ramone desenvolveu um técnica própria. Ele era basicamente um guitarrista rítmico, mas vez ou outra introduzia alguns riffs que se passavam como solo, proporcionando um charme extra às canções. O bloco sonoro forjado por Johnny, que abrigava uma sonoridade de alto volume e extrema densidade, era obtido através do uso de guitarras das marcas Fender e Mosrite. A guitarra executada por Johnny não inventou o punk rock, mas se tornou a matriz para milhares de músicos que vieram depois dele.

O músico também era bem conhecido por suas posições políticas. A maioria dos artistas norte-americanos das décadas de 1970 e 1980, especialmente aqueles que militavam dentro do rock, tinham uma posição política situada à esquerda. Johnny era republicano e conservador e nunca escondeu isto. Uma vez, ele declarou ao jornal The Observer que “Quando jovens, as pessoas tendem a assumir um lado liberal. Mas espero que elas mudem quando começam a perceber o mundo como ele realmente é”.

Johnny e Joey mantiveram uma longa rixa. No começo, eles se estranhavam por causa de questões políticas e de estilo de vida. O grande racha aconteceu quando Johnny conquistou Linda Daniele, que era namorada de Joey, e se casaram em 1994. Como resposta, o vocalista escreveu a nada sutil “The KKK Took My Baby Away”. Depois disso, apesar de terem que conviver no dia a dia por causa da banda, eles passaram a se falar o mínimo possível. Quando Joey estava à beira da morte, sofrendo de linfoma, Johnny se recusou a visitar o colega de banda moribundo. Anos mais tarde, ele lamentou ter feito isto.

Johnny Ramone morreu no dia de 15 de setembro de 2004, aos 55 anos, vítima de um câncer na próstata. Ele foi cremado e a esposa Linda até hoje guarda as cinzas. Em 2012, saiu Commando - A Autobiografia de Johnny Ramone, livro organizado pela viúva dele. A obra foi lançada no Brasil pela editora LeYa e é leitura obrigatória para quem pretende conhecer melhor o falecido líder dos Ramones.