Rolling Stone
Busca
Facebook Rolling StoneTwitter Rolling StoneInstagram Rolling StoneSpotify Rolling StoneYoutube Rolling StoneTiktok Rolling Stone

Há vinte anos, morria Elizeth Cardoso

Considerada uma das maiores vozes da música brasileira, Elizeth morreu em 1990, vítima de câncer; biografia da cantora é relançada em 2010

Por Fernanda Catania e Patrícia Colombo Publicado em 08/05/2010, às 16h09

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Elizeth Cardoso, um dos maiores nomes da MPB, morreu aos 69 anos - Divulgação/Biografia <i>Elisete Cardoso, Uma Vida</i>
Elizeth Cardoso, um dos maiores nomes da MPB, morreu aos 69 anos - Divulgação/Biografia <i>Elisete Cardoso, Uma Vida</i>

Elizeth Cardoso teve sua inesquecível voz calada em 7 de maio de 1990, quando morreu aos 69 anos, vítima de um câncer no estômago. Aos conhecedores da boa música nacional, é chover no molhado sustentar que esta foi certamente uma das mais talentosas mulheres que já passaram pela história das canções produzidas no Brasil. Todavia, por mais óbvio que seja, é impossível não adjetivar Elizeth como diva. Após 20 anos de sua morte, registros antigos continuam surgindo no YouTube e novas gerações vão se tornando cada vez mais fãs de seu trabalho. Em 2010, o jornalista Sérgio Cabral relança Elisete Cardoso - Uma Vida (lançada pela primeira vez perto da data de sua morte), pela editora Lazuli, narrando a trajetória desta que foi registrada Elizette, assinou em alguns momentos como Elizete e firmou-se a partir da década de 60 como é conhecida até hoje: Elizeth Cardoso.

*Explicação do autor do livro para o uso da grafia "Elisete": "Considero que a língua não pode ser submissa ao arbítrio dos cartórios. Antes deste livro, as enciclopédias já haviam grafado Elisete, como recomenda o bom português. Creio apenas colaborar para que o nome dela assuma uma grafia definitiva"

LEIA o primeiro capítulo da biografia da cantora

Nascida em São Francisco Xavier, no Rio de Janeiro, em 16 de julho de 1920, Elizeth Cardoso já subia aos palcos desde os cinco anos de idade. Aos 16, foi descoberta por Jacob do Bandolim, que a levou para cantar na Rádio Guanabara. Lá, se apresentou no programa Suburbano, com Vicente Celestino, Aracy de Almeida, Moreira da Silva, Noel Rosa e Marília Batista, passando depois por outras rádios e emissoras do Rio de Janeiro. Em pouco tempo, Elizeth se tornava uma das maiores cantoras de rádio e orquestra do Brasil nos anos 30 e 40.

No começo de 1939, começou a fazer shows em circos, clubes e cinemas, apresentando um quadro com Grande Otelo, chamado Boneca de Piche - a parceria durou dez anos. Em 1950, gravou "Braços vazios", de Acir Alves e Edgard G. Alves, e "Mensageiro da Saudade", de Ataulfo Alves e José Batista, mas o disco no qual as faixas foram lançadas logo foi tirado de circulação por defeitos técnicos. O sucesso veio na segunda gravação, realizada pelo selo Todamérica, em 1950, com a música "Canção de amor", de Chocolate e Elano de Paula, que contava com o samba "Complexo", de Wilson Batista, no outro lado do LP. "Canção de amor" levou Elizeth a Rádio Tupi e, em 1951, a uma participação no primeiro programa de televisão no Rio de Janeiro, a TV Tupi. No mesmo ano, gravou um dos seus maiores sucessos, "Barracão", de Luís Antônio e Oldemar Magalhães.

Nesta época, seu sucesso só crescia, mas foi em 1958, com o lançamento do disco Canção do Amor Demais, que Elizeth entrou para a história da MPB. Com músicas de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, como "Chega de Saudade", "Estrada Branca" e "Outra Vez", o álbum é considerado um dos principais lançamentos da época da Bossa Nova.

Na década de 60, a cantora estrelou em programas televisivos, como Bossaudade, e chegou a apresentar o Nossa Elizeth, na TV Rio. A cantora também participou do show Rosa de Ouro, que originou o LP Elizeth Sobe o Morro, um dos mais importantes de sua carreira, ao lado de A Enluarada Elizeth, que contou com a participação de Pixinguinha, Cartola e Clementina de Jesus. Em 68, se juntou a Jacob do Bandolim, Época de Ouro e Zimbo Trio, no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, em marcante apresentação.

Durante quase 70 anos de trajetória musical, a cantora reuniu mais de 80 discos, consagrando-se uma das maiores vozes do choro, do samba-canção - ao lado de Maysa Monjardim, Nora Ney, Ângela Maria e Dolores Duran - e, principalmente, da bossa nova, gênero em que se firmou. Por todo seu legado à música brasileira, ganhou apelidos como "a noiva do samba-canção", "lady do samba", "Machado de Assis da seresta", "mulata maior", "a magnífica" e "a enluarada", mas nenhum deles se tornou tão popular quanto "a divina", dado pelo ator e produtor Haroldo Costa.

Relembre a carreira de Elizeth com os vídeos a seguir: