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Histeria teen

Mesmo pouco simpática, Miley Cyrus deu a seu jovem público o que ele queria

Por Paulo Cavalcanti Publicado em 16/05/2011, às 11h11

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Miley Cyrus não estava preocupada em ser simpática com o público, mas ainda assim o divertiu - Marcos Hermes/Divulgação
Miley Cyrus não estava preocupada em ser simpática com o público, mas ainda assim o divertiu - Marcos Hermes/Divulgação

A atriz e cantora Miley Cyrus ficou famosa no seriado Hannah Montana, que durou nos Estados Unidos até janeiro de 2011. Agora, com 18 anos, Miley vem fazendo de tudo para provar que já não é mais uma adolescente e sim uma mocinha crescida. No show da noite deste sábado, 14, parte da turnê Gypsy Heart, que aconteceu na Arena Anhembi, em São Paulo, Miley mostrou que musicalmente não está alinhada com o som do mercado adolescente atual - ou seja, nada de canções com batidas dançantes e vocais mergulhados no Auto-Tune. Ela se apoia em elementos genéricos de rock e baladas grandiloquentes, e talvez isto tenha confundido parte de seu público infantil. Havia incontáveis crianças na plateia, que sob os olhares complacentes de seus pais berravam histericamente antes mesmo de a estrela se materializar.

Precisamente às 21h20, pouco antes do horário previsto, Miley entrou no palco ao som de "Liberty Walk", usando shortinho, botas de cano alto e uma jaqueta curto. Sem falar ou interagir com o público, ela veio com uma sequência que teve "Party in the USA", "Kicking and Screaming" e "Robot".

Uma trupe de dançarinos acompanhava Miley, que mesmo sem arriscar qualquer tipo de passo de dança ou coreografia com seus companheiros, agitava bastante ao lado deles. Depois, ela homenageou Joan Jett e seu grupo The Runaways em um medley que teve "I Love Rock And Roll", "Cherry Bomb" e "Bad Reputation". Houve uma pausa para a troca de roupa e Miley deu início ao segmento de baladas, cantando "Every Rose Has it's Thorn" (cover do Poison), "Obsessed" e "Forgiveness and Love". Antes dessa última, ela falou: "Minha música é sobre perdão e amor". Apesar das palavras doces, Miley não sorria e só fazia questão de agradecer às pessoas responsáveis pela realização do espetáculo. Continuou não interagindo com o público. As pobres crianças e adolescentes presentes fizeram sua parte, balançando bexigas em formato de coração, bastões fluorescentes, mostrando rosas à estrela e jogando presentes no palco, que eram ignorados por Miley.

"Essa música me inspirou a cantar", disse a cantora depois de apresentar "7 Things" e "Scars". Então, veio uma versão deprimente para "Smells Like Teen Spirit", do Nirvana, que soou como um calouro do American Idol em um dia ruim. Para interpretar "Can't Be Tamed", canção que dá nome a seu último disco de estúdio, Miley veio com um objeto que parecia um cetro, e ao lado de sua trupe, adotou uma postura imperial e arrogante - no final, até espancou um tambor com um taco de beisebol. A seguir, "Landslide", de Stevie Nicks, ganhou uma versão voz e violão.

Com o show já chegando à reta final, Miley mandou ver em grandes hits: "Take Me Along", "The Driveway", "The Climb" e "See You Again", que foram cantados com muito entusiasmo pelo excelente público presente (segundo a organização, 17 mil pessoas). O bis teve "My Heart Beats For Love" (com a bandeira do Brasil mostrada no telão) e "Who Owns My Heart". Pouco antes das 23h estava tudo terminado. Foi um show profissional, sem falhas, mas frio e musicalmente pouco memorável. Mas, para os fãs, pouco importou - afinal, eles estavam lá cantando e respirando o mesmo ar de Hanna Montana, mesmo que para os mais observadores o seu alterego não passe de uma minidiva de nariz empinado.