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Indies calejados

Macaco Bong e Cordel do Fogo Encantado garantem qualidade na 1ª noite do festival Jambolada (MG)

Por Bruna Veloso, de Uberlândia Publicado em 13/09/2008, às 17h11 - Atualizado em 17/09/2008, às 18h31

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Macaco Bong no Jambolada: mais uma bola dentro - Thiago Carvalho/Divulgação
Macaco Bong no Jambolada: mais uma bola dentro - Thiago Carvalho/Divulgação

Um galpão que virou casa de shows, dois palcos e muita gente disposta a escutar novas bandas dos mais variados estilos. A 4ª edição do Jambolada, em Uberlândia (MG), honrou o tema "Misturando Sons" com uma escalação que intercalou do rap ao metal, do rock ao regional, do punk ao psychobilly.

Cerca de três mil pessoas passaram pela Acrópole - e o público era tão variado quanto a música. Patricinhas - muitas - circulavam ao lado de cabeludos, indies e rapazes com roupas de marcas de surf e colares de prata. Todo mundo ali para ouvir as onze bandas que subiram aos palcos na primeira noite do festival - em especial o Cordel do Fogo Encantado (que encabeçou o palco 1), figurinha carimbada em shows desse tipo e sempre uma das mais esperadas pelo público.

O vocalista Lirinha subiu ao palco uma hora e meia depois do previsto. O Cordel há muito deixou de ser conhecido apenas na cena underground e já tem um pé fora da cena indie. Com músicas já consagradas nos shows, como "Pedrinha", "Chover (Ou Invocação Para Um Dia Líquido)" e "Os Oim do Meu Amor", a banda arranca aplausos e consegue criar uma atmosfera de hipnose. A percussão pesada, com toques que remetem aos de um terreiro de umbanda, e a performance do vocalista fecham o pacote musical bem amarrado do Cordel.

Cena mineira

A organização primou pela cena local - das 32 bandas escaladas, 17 são mineiras. Com atraso de uma hora e pouca gente no lugar, a DCV, uma das representantes dessa leva, abriu a noite. O quarteto mostrou letras que se pretendem engraçadas envoltas num mix de hardcore e punk sem muita graça. Dyf, a banda seguinte, é conhecida em Minas e segue a fórmula mais usada no momento - rapazes bonitinhos com letras bonitinhas e arranjos pesados em contraponto ao excesso de açúcar das composições. No caso da Dyf, a mistura não dá certo: o vocalista não consegue casar sua voz com a música e segue quase sempre fora do tom.

Em seguida, é a vez do rap. Linha Dura é mais um dos exemplos da boa safra musical que desponta em Cuiabá (MT). Tendo como conterrâneos a banda Macaco Bong e o baixista Ebinho Cardoso, o rapper Paulo Fagner lança mão de hip hop com pitadas de soul. A guitarra comandada por Bruno Kayapy, do Macaco, dá balanço a algumas das músicas. Nas letras, a "Hell City" (apelido de Cuiabá vindo do clima seco e quente que predomina na cidade) é citada diversas vezes. Ao final do show, Bruno deixa-se enlouquecer ao instrumento, enquanto o MC que acompanha Linha Dura desce do palco e faz uma pequena apresentação de break dance. Boa música e letras com conteúdo.

Às 22h30, os headbangers de plantão se dirigiram à frente do palco para ouvir a local U-Ganga, que traz em sua formação o vocalista Manu "Joker", ex-Sarcófago (banda de black e death metal nascida na década de 80, cultuada por metaleiros tupiniquins). A também mineira Metal Carnage sobe ao palco em seguida, mantendo a mesma linha.

A surpresa ficou por conta do trio paranaense de psychobilly Sick Sick Sinners. O ritmo, pouco difundido por aqui, mistura rockabilly, punk e rock pesado com vocais guturais e topetes triangulares. O contrabaixo acústico enfurecido de Mutant Cox, que divide os vocais com o guitarrista Vlad, prende a atenção dos que ficam de fora do intenso bate-cabeça, embalado por faixas como "Voodoo Queen" e "Beer and Flesh Meat".

Veteranos

Wander Wildner, nome forte entre os indies, não estava em sua melhor forma; pigarreou algumas vezes e economizou energia no palco. A competente banda que o acompanha (Jimi Joe na guitarra, Geórgia Branco no baixo e Pitchu na bateria) apareceu mais que o próprio. Pena que o bumbo da bateria estava muito alto, escondendo quase que por completo o baixo. Músicas como "Bebendo Vinho" (mais conhecida na voz de Nasi com o Ira!), "Eu não Consigo Ser Alegre o Tempo Inteiro" e outras tantas de seu mais recente lançamento, La Cancion Inesperada, não chegaram a empolgar.

Rodado em festivais independentes, o Macaco Bong (último show do palco 2) fez o que tem feito em suas apresentações pelo Brasil: um show competente, com rock instrumental denso e guitarra hora pesada, hora etérea. O público que ficou até o fim - parte da massa já se dirigia ao outro palco, à espera do Cordel, e outros descansavam na parte aberta da Acrópole - aplaudiu muito o trio mato-grossense. Como sempre, a performance intensa de Bruno garantiu ao público uma viagem sonora ao som de faixas como "Fuck You Lady", uma das melhores do CD de estréia Artista Igual Pedreiro.

Saiba o que rola até o fim do festival no link abaixo.