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Inspirado por Paramore e pela madrugada, Best Coast retorna com “melhor disco da carreira”, segundo vocalista

Bethany Cosentino fala sobre a vida saudável, autoestima e confiança vocal que resultaram em California Nights, lançado no Brasil nesta terça, 5

Lucas Brêda Publicado em 05/05/2015, às 20h17 - Atualizado em 06/05/2015, às 13h04

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Bobb Bruno e Bethany Cosentino, que formam o Best Coast - Reprodução/Facebook
Bobb Bruno e Bethany Cosentino, que formam o Best Coast - Reprodução/Facebook

Bethany Cosentino está feliz. Após dois tímidos álbuns com o Best Coast – Crazy For You (2010) e The Only Place (2012) –, a cantora elevou a autoestima, a confiança vocal, e mostrou até o rosto na capa do novo trabalho do grupo, California Nights, lançado nesta terça, 5.

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“Somos nós. Eu e Bobb [Bruno, guitarrista e outra metade do Best Coast]. Estamos aqui, saindo de trás dos gatos e ursos dos nossos discos!”, comemora Bethany, falando à Rolling Stone Brasil por telefone da tão querida terrinha, a Califórnia. “Sinto que, nos últimos dois anos, eu cresci muito. Meus níveis de autoconfiança mudaram bastante.”

Para California Nights, a cantora revelou uma mudança pessoal – possível com uma melhoria nos hábitos de saúde –, que aconteceu ao som de dream pop, shoegaze e Spiritualized, nas madrugadas californianas. “Estou contente com as coisas como estão”, diz. “E muito disso foi encontrado por meio da insônia”. “Passei muito tempo pensando, e muitas das músicas deste disco foram compostas à noite.”

Vocalista do Best Coast está animada com os resultados do novo disco do duo.

Em meio a falas prolongadas, muita simpatia e aparente sinceridade, ela não pôs obstáculos para revelar o disco preferido do Best Coast – “[California Nights] é meu álbum favorito” –, a “ajuda” da “amiga” Hayley Williams (vocalista do Paramore) e até para confessar que, nos primeiros anos de banda, usava distorções e ecos para esconder a própria voz: “Queria que [as pessoas] pensassem que eu era uma vocalista medíocre.”

Leia abaixo a entrevista na íntegra.

Rolling Stone Brasil: Vocês sempre deixaram muito claro de onde vocês são – a Califórnia. Mas, desta vez, colocaram até no nome do disco. Por quê?

Bethany Cosentino: O título deste álbum, para mim, é metafórico em diversas maneiras. Óbvio, nos chamamos Best Coast e sempre deixamos muito aparente em tudo que fazemos que amamos a Califórnia. Mas, para mim, este trabalho foi muito sobre uma jornada minha. Em termos de descobrir coisas sobre mim mesma e lidar com diferentes emoções, paranoias.

Cheguei a um ponto da vida em que estou contente com as coisas como estão. E muito disso foi encontrado por meio da insônia – ficando muito tempo acordada à noite, até às primeiras horas da manhã. Passei muito tempo pensando, e muitas das músicas deste disco foram compostas – ou feitas a partir de pensamentos que eu tive – à noite. Por isso, senti que a noite foi muito importante para mim no processo de feitura do álbum.

Lembre como foi o show do Best Coast no festiva Planeta Terra 2012.

Além disso, há a canção “California Nights” que, para mim, é um grande passo adiante em relação a como o Best Coast costuma soar. Foi uma música incrível para fazer porque ela dialoga com um gênero diferente, uma direção diferente. É a faixa mais forte do álbum, e eu amo quando as bandas dão nome aos discos baseando-se nas músicas do próprio disco.

Você disse que “California Nights” é uma canção diferente do que vocês costumam fazer. Isso é algo que vocês provocaram?

Não é muito “algo que provocamos”... Foi meio que uma progressão natural. Quando compus “California Nights”, eu estava muito inspirada por Led Zeppelin, Spiritualized, ouvindo muitas coisas dos anos 1990, dream pop, shoegaze. Coisas que eu não escutava há anos. Eu queria explorar este lado das minhas influências.

Lembro-me de quando levei as canções para o Bobb, antes de nos juntarmos para fazer o disco. Eu disse: “Não sei você vai gostar, pode soar muito estranho, pode não se encaixar...”. E lembro que quando ele ouviu as canções, passou a ser o mais animado para fazer o disco. Foi uma sensação tão natural. Não cheguei com as ideias e pensei: “Eu tenho que fazer algo diferente”. Eu não estava muito ciente do que estava fazendo. No fim, acabou sendo bem diferente daquilo que eu já fiz no passado.

Não acredito em nada forçado. As melhores coisas da vida acontecem quando não existem expectativas de elas acontecerem. Portanto, confio muito em seguir a intuição. E minha intuição com este disco foi seguir em frente, muito natural, orgânico. É por isso que este é meu álbum favorito até hoje.

É também seu primeiro álbum cuja capa traz uma foto...

Sim!

Por quê?

Sinto que, nos últimos dois anos, eu cresci muito. Meus níveis de autoconfiança mudaram bastante – não apenas do jeito que me apresento... mas minha confiança em geral, na maneira com que eu vejo as coisas. Por causa dessa confiança, eu, agora, sou uma pessoa cuja arte – não apenas a música que crio, mas todo o visual – é mais importante. Estou muito mais envolvida neste processo agora do que em qualquer outra época.

A capa é um elemento muito importante. Quando eu estava tentando criar o conceito para deste disco, eu me pegava pensado: “Qual vai ser o visual disso?”. Às vezes você pensa demais sobre isso, mas eu só sabia que queria uma foto de nós dois. Acho que é um anúncio muito expressivo quando uma banda lança um álbum com uma foto deles como parte do design gráfico.

Bethany Cosentino: “Ser uma pessoa insegura é uma droga.”

Quando o Paramore lançou o disco autointitulado deles – que o melhor deles até hoje –, e colocaram uma foto deles na capa, isso foi muito forte como a expressão de um novo capítulo para a banda. Fui inspirada, de certa forma, pela minha amiga Hayley [vocalista do Paramore], porque sinto que este é o nosso álbum mais importante até hoje, sinto que ele nos representa melhor que todos os outros trabalhos.

Fazia sentido colocar uma foto nossa na capa e dizer: “Somos nós. Eu e Bob. Estamos aqui, saindo de trás dos gatos e ursos dos nossos discos!”

Você estava comentando sobre estar mais confiante. De que maneira você acredita que essa confiança se expressou nas canções?

Definitivamente, este trabalho é mais confiante. Acho que as bandas precisam de tempo para amadurecer e chegar aonde eles querem. Quando o Best Coast começou, eu era tão insegura de mim mesma como pessoa – e também como compositora –, nem sabia o que estava fazendo. Eu sabia como eu queria que as músicas soassem. É por isso que no começo era tudo tão reverberado e distorcido... Porque eu não queria que as pessoas ouvissem minha voz! Não queria que ninguém soubesse que eu era uma boa cantora.

Eu canto desde que tenho, sei lá, dois anos de idade – ou quando eu comecei a falar. Cantei ópera, enfim... Cantar sempre foi meu ponto forte. Mas, por alguma razão, quando a banda começou, eu não queria que as pessoas soubessem que eu era uma grande cantora. Queria que eles pensassem que eu era uma vocalista medíocre. Até gostaria que eles ouvissem minha voz, mas “escavando” no meio de todo aquele rio.

No segundo álbum, eu me sentia bem segura em relação aos meus vocais, então quis que fosse o principal do disco. Mas em California Nights... Eu canto muito mais em público agora, é quase tão simples como falar, para mim [risos]. É algo que estou tão acostumada a fazer que quando ouço minha voz não me sinto mais: “Uh! Coloque distorção em cima disso! Não quero me ouvir!”.

Isso parece ter mais a ver com sua vida pessoal do que com um amadurecimento como musicista.

Nos últimos anos, eu percebi que, realmente, eu deveria cuidar melhor de mim. Quando você faz turnê constantemente, fica muito difícil de se cuidar. Você não dorme direito, bebe, come qualquer coisa, quando dá. Então, no meu tempo em casa, tentei me exercitar um bocado, andar mais do que usar o carro – o que é difícil fazer isso em Los Angeles.

Só pensei que era uma questão eu ter tempo para mim mesma. Para me conhecer novamente e saber como é ter uma vida em que você acorda de manhã e sai sandando para fazer suas coisas. E depois dormir na própria cama toda noite. Isso foi muito importante para eu me sentir confiante, também. Sabe, tive uma experiência de vida como eu não pude ter por anos.

Mas agora vocês vão voltar para a estrada. Sabem se vão passar pelo Brasil com esta turnê?

Sim! Não temos nada planejado até então, mas definitivamente queremos passar por aí. A única vez que estivemos no Brasil – e na América do Sul – foi para festivais, e queremos voltar com uma turnê mais apropriada, então, sim. Nada confirmado, mas com certeza no nosso radar. Tenho certeza que veremos vocês.

Muito obrigado, Bethany.

Obrigado, espero então poder voltar para o Brasil.