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Instituto Inhotim quer afastar ideia de que arte é para poucos

“Quanto menos prevenido o visitante vem, maior e melhor a percepção que ele tem da obra”, explica Ronald Sclavi, diretor de comunicação do espaço mineiro

Lucas Reginato Publicado em 28/09/2012, às 13h40 - Atualizado às 14h29

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Em Brumadinho, no interior de Minas Gerais, está o Instituto Inhotim, um dos maiores espaços dedicados à arte contemporânea do mundo - Marco Mendes / Divulgação
Em Brumadinho, no interior de Minas Gerais, está o Instituto Inhotim, um dos maiores espaços dedicados à arte contemporânea do mundo - Marco Mendes / Divulgação

Brumadinho, no interior de Minas Gerais: é o pequeno município que abriga um dos maiores complexos artísticos do mundo. O Instituto Inhotim, idealização do empresário Bernardo Paz, é um gigantesco parque aberto aos visitantes que vão até lá conferir principalmente a numerosa coleção de arte contemporânea e os jardins espaçosos que renderam ao local mais recentemente a alcunha oficial de “jardim botânico”.

A localização de tamanho patrimônio não é das mais favoráveis. A cerca de 50 km da capital mineira, as duas estradas que dão acesso ao parque são ruins e testam a paciência do visitante que tem que enfrentar curvas e buracos em uma pista única antes de chegar ao local. O problema, segundo garante Ronald Sclavi, diretor de comunicação do Instituto, deve ser solucionado até 2014 com ampliação das vias.

Mas a viagem de certa forma obriga os turistas a sair do clima urbano e entrar em contato com a natureza da Serra do Rola-Moça, onde convivem grandes áreas arborizadas e mineradoras que buscam o abundante minério de ferro na região. “Em Inhotim o tempo ganha outra dimensão”, descreve Sclavi.

Nem mesmo nesta outra dimensão de tempo alguém consegue em apenas um dia dar conta de observar todas as obras do local. São 16 galerias – a maioria delas construídas especialmente para abrigar exposições fixas de artistas como Hélio Oiticica, Doug Aitken e Matthew Barney. Quatro dos pavilhões foram construídos para receber mostras temporárias.

Permanentes ou provisórias, todas as obras foram feitas a partir da década de 60. Após séculos de exercício criativo, a arte contemporânea se propõe ainda a buscar limites inexplorados de experimentação e aposta na maioria das vezes na intersecção entre diferentes plataformas, mídias ou sentidos para, como obra de arte, ainda provocar sentimentos novos nos visitantes. Na grande maioria das vezes, as instalações não foram erguidas para serem apenas observadas, mas convidam o visitante a interferir e apreciar de uma forma nova as experiências oferecidas pelo artista.

Conceitualmente, a ideia pode parecer complexa e distante do público. Por ser interativa, por outro lado, a arte contemporânea não exige grande erudição de seus visitantes. Em Sonic Pavillion, por exemplo, de Doug Aitken, microfones foram colocados a centenas de metros no interior da terra e transmitem em tempo real os ruídos aos visitantes. A experiência sonora também é objeto de estudo da artista Janet Cardiff, que testa a acuidade auditiva dos visitantes em obras como o coral de 40 vozes, na qual cada voz é transmitida por uma caixa de som que, dispostas em círculo, envolvem o ouvinte.

O público visto em galerias de arte e museus normalmente é restrito. Mas Sclavi rejeita a hipótese de que o mesmo aconteça em Inhotim: “A proposta de Inhotim rompe com esta ideia de que arte contemporânea é para meia-dúzia”, diz ele, que aponta justamente a interatividade com uma das formas de atrair este público. “Quanto menos prevenido o visitante vem, maior e melhor a percepção que ele tem da obra.”

Mesmo assim, outros fatores – e a localização no interior de Minas Gerais é um deles – fazem com que um número limitado de pessoas tenha até conhecimento sobre o local. E por isso outra intenção do Instituto é lançar constantemente coisas novas, já que espaço não falta. “Curadores estão trabalhando com vários artistas. Estas coisas demoram a amadurecer e uma vez por ano a gente inaugura novas atrações”, explica Sclavi.

No dia 6 de setembro, diversas instalações novas foram abertas no parque. Entre elas, está a Galeria Tunga, um pavilhão de 2600 m² que recebe obras do artista homônimo e a Galeria Lygia Pape, que abrigará a instalação Ttéia nº 1 C da criadora fluminense. As duas estruturas agora se somam às outras dezenas e são novidades para aqueles que quiserem conhecer o parque, aberto de terça a sexta entre 9h30 e 16h30 e sábado, domingo e feriado até às 17h30. Os ingressos custam R$ 20 na quarta e quinta e R$ 28 nos demais dias, sendo que nas terças-feiras a entrada é gratuita.