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Iron Maiden, Slayer e Ghost fazem “noite do metal” com problemas de som em São Paulo

Bandas aproveitaram a vinda ao Brasil para esticar a turnê e se apresentaram na Arena Anhembi, nesta sexta-feira, 20

Pedro Antunes Publicado em 21/09/2013, às 01h28 - Atualizado em 22/09/2013, às 01h40

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Liderado por Bruce Dickinson, Iron Maiden fez show na Arena Anhembi, em São Paulo.  - Thais Azevedo
Liderado por Bruce Dickinson, Iron Maiden fez show na Arena Anhembi, em São Paulo. - Thais Azevedo

Um cano quebrado, pés molhados e som baixo. A vida dos fãs de Iron Maiden, grande maioria do público presente na Arena Anhembi na noite desta sexta-feira, 20, não foi nada fácil. Ainda assim, diante de qualquer adversidade, os fãs da Donzela de Ferro deram uma bela demonstração de adoração e fizeram o show um grande espetáculo. Vozes, em uníssono, cantaram todos os solos e acompanharam o vocalista Bruce Dickinson com persistência – como é praxe, nos shows da banda por aqui.

A noite teve início ainda às 18h30, quando o grupo Ghost subiu ao palco. A apresentação do grupo sueco é toda baseada em um clima sinistro no qual a sonoridade eclesiástica se encontra com o heavy rock. Guitarras e coros parecem dialogar, mesmo que estranhamente, como se formassem a trilha sonora de uma missa macabra.

Muito da atmosfera proporcionada pelo grupo vem do figurino adorado pelos seis integrantes no palco. Nenhum dos cinco músicos mostra o rosto e usam capas e máscaras sinistras, enquanto o vocalista, que adota o nome de Papa Emeritus II durante a performance, permanece como o protagonista. Ele usa maquiagem de caveira e uma a roupa que simula o Papa da religião cristã.

A sonoridade do grupo, contudo, fica perdida entre os dois discos da banda. Enquanto o álbum de estreia, Opus Eponymous (2010), fez barulho no universo do metal pela força das canções, o trabalho mais recente, Infestissumam, patina na leveza das canções. Ainda assim, o público pareceu mais receptivo ao Ghost, diferentemente da apresentação no Rock in Rio, nesta quinta, 19, quando os fãs gritavam o nome do Metallica, headliner da noite, durante a performance deles.

Em seguida veio o Slayer, velho conhecido dos brasileiro e com uma recepção muito mais calorosa por parte dos fãs da Donzela – ainda era possível encontrar camisetas da banda, aqui e acolá, no mar negro de roupas do Maiden.

Tom Araya, vocalista e baixista do grupo, pouco falou no show, mas não precisava. A velocidade e agressividade das canções, por quase uma hora de performance, foi capaz de aquecer até o fã mais fervoroso do Maiden. Foi um set conciso, mas consistente, de canções recheadas de boas melodias entre guitarras e baixo e uma bateria em pulsação rápida e impecável.

Foi memorável a homenagem da banda ao guitarrista Jeff Hanneman, antigo integrante da banda, morto em maio deste ano, em decorrência do abuso de álcool. Do meio até o fim do show, o grupo passou a exibir imagens de arquivo do músico no telão, enquanto tocavam clássicos como “Angel of Death” e “South of Heaven”. Os dois guitarristas se juntaram do lado esquerdo do palco, para deixar vago o antigo espaço ocupado pelo ex-integrante. No fundo do palco, um logo da cerveja Heineken foi alterado e trazia as palavras: “Still Reigning”.

Araya, no fim, arriscou-se em português, com um “muito obrigado”, seguido por um portunhol “adiós”. A única queixa que passou a vir do público que se aglomerava na pista comum – bastante lotada, por sinal -, era que o som estava chegando embolado lá atrás.

Quando o Maiden subiu ao palco, às 21h09, a falha ficou mais evidente. Enquanto o público da pista premium recebia a música por duas grandes colunas de caixas de som posicionadas nas laterais do palco, as pessoas do fundo tinham apenas coluna, colocada no centro do público. Em certos pontos, principalmente nos extremos esquerdo e direito do público, a voz do vocalista Dickinson chegava quase como um sussurro, enquanto as três guitarras pareciam um pequeno chiado de fundo, escondidas pela bateria.

O público do Maiden, contudo, pareceu passar pela adversidade com maestria e devoção. A cada intervalo entre as canções, era possível ouvir gritos de “aumenta, aumenta”, mas, quando a banda recomeçava a tocar, o coro acompanhava os clássicos históricos da banda – e foi um bom punhado deles.

A banda de Steve Harris, baixista conhecido como centro do grupo, está em turnê com o DVD Maiden England ‘88, seguindo um repertório bastante similar àquele do registro ao vivo. Na época, o Maiden estava em turnê com o álbum Seventh Son of a Seventh Son, lançado naquele ano de 1988.

‘Moonchild”, “Can I Play With Madness”, “The Prisioner” e “Two Minutes do Midnight” formaram um quarteto de peso que levaram os fãs à loucura logo no início da apresentação.

Animados, alguns rapazes decidiram por tentar escalar as paredes dos banheiros localizados do lado direito do palco, na pista comum, para ter uma melhor visão do que estava acontecendo no palco. A Rolling Stone Brasil flagrou que depois de dez pessoas terem se instalado no teto da construção térrea, um sujeito se atrapalhou ao subir por um cano de água e o quebrou.

A água começou a jorrar aos montes, invadindo a pista. Logo, o lado direito do público estava alagado por alguns poucos centímetros de água – nada muito alto, mas com o suficiente para encharcar os pés dos fãs azarados que estavam por ali. As pessoas começaram a fugir da água, criando uma aglomeração na pista.

Em “The Trooper”, clássico do disco Piece of Mind, o som melhorou e os fãs mais exaltados comemoraram pulando, respingando água para todos lados. O ajuste sonoro não foi o suficiente para desembolar a cozinha do Maiden – o baixo de Steve Harris e bateria de Nicko McBrain ainda sofriam para se distinguir -, mas já conseguiram ser ouvidos com alguma clareza.

“The Number of Beast”, outro clássico essencial do repertório do grupo veio na sequência, para êxtase do público, que cantou cada nota dos icônicos riffs e em companhia com a voz de Bruce Dickinson.

O palco não trazia todos os aparatos costumeiros do Maiden. Na primeira metade do show, apenas um tecido com o desenho do personagem Eddie, a caveira que acompanha o grupo, era colocado no fundo do palco. Uma versão tridimensional dele só chegou quando a performance chegava ao fim, em “Seventh Son of a Seventh Son”.

Com a clássica “Fear of The Dark” e a acelerada “Iron Maiden”, o grupo se despediu por alguns minutos, para retornar e emendar “Aces High”, “The Evil That Men Do” e “Running Free”. Nesta última, antes do adeus final, Bruce Dickinson apresentou cada integrante da banda. Não que precisasse, diante de um público tão devoto, mas faz parte do show – assim como os percalços, como os pés molhados e o baixo volume do som.

Slayer e Iron Maiden ainda passam pelo Rock in Rio, no domingo, 22, último dia de festival, e terminam a turnê brasileira em Curitiba, na terça, 24, acompanhados do Ghost.