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Karl Urban e Nathan Mitchell criam os personagens mais viscerais e emocionantes de The Boys [ENTREVISTA]

Enquanto Urban interpreta o inquietante Butcher, Mitchell traz para as telas uma versão ainda mais misteriosa de Black Noir

Malu Rodrigues I @amalu.rodrigues Publicado em 20/10/2020, às 07h00

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Billy Butcher e Black Noir (Fotos: Reprodução/Amazon Prime Video)
Billy Butcher e Black Noir (Fotos: Reprodução/Amazon Prime Video)

[Atenção: contém spoilers das duas temporadas de The Boys]

De um lado Billy Butcher, uma espécie de justiceiro, pronto para derrotar super-heróis não tão perfeitos, e sempre atento para causar incômodo. Do outro Black Noir, um Supe silencioso, preparado para atacar qualquer pessoa e cumprir tarefas designadas à risca a ele. Os dois gigantes, de lados opostos, se enfrentam cara a cara na segunda temporada de The Boys, que estreou na Amazon Prime Video em 4 de setembro.

A cena do confronto entre os dois personagens é tensa. Por vezes engraçada, como a produção inteira é, mas definitivamente estressante. A explosão de personalidades e forças acontece ali. Um dos grandes brilhos da sequência é entender a complexidade dos protagonistas, que sentem muito mais do que demonstram.

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Karl Urban e Nathan Mitchell, intérpretes de Butcher e Noir, respectivamente, percebem essa ambiguidade dos personagens. Em entrevista à Rolling Stone Brasil, os atores revelaram sobre as profundas marcas emocionais das figuras fictícias, mas bem reais.

“Acho que o mais interessante para mim sobre Noir é sua dualidade, o fato de que ele é apenas uma figura ameaçadora e brutal quando ele luta, mas ele tem um ponto fraco por dentro. Penso na noção de que ele está completamente armado fisicamente, mas ele tem um coração vulnerável que podemos ver em pequenos momentos”, comentou Mitchell.

De fato Noir é um personagem instigante, que usa roupas intimidadoras e está sempre atrás de uma máscara. Mesmo assim, ele chora ao descobrir a verdade da origem dos poderes dos Supes, toca piano isolado em uma festa e até saúda a baleia Lucy quando ela morre.

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Mitchell também enfatiza: “Ele é quase invencível no campo de batalha, mas não consegue interagir de verdade com a sociedade como todo mundo e, percebendo que, embora você possa ser esse assassino ninja implacável, você ainda pode ter um coração. Você ainda pode sentir coisas. E assim, explorar o ruído, a empatia, sua sensibilidade e seus sentimentos é uma das partes mais divertidas do personagem”.

Karl Urban também explora a complexidade de Billy Butcher: “No final das contas, eu vejo como se ele fosse um cara bom e que faz coisas ruins, se eu fosse simplificar demais. Eu sinto que há um monstro que vive dentro dele”. Em The Boys, o personagem poderia até se encaixar no arquétipo de ‘herói’ por ele ser contra a Vought e as tiranias dos Supes, mas a série subverte esses estereótipos e cria uma personalidade igualmente violenta para o 'mocinho'.

Na segunda temporada, o público descobre mais sobre o passado de Butcher e os traumas dele com a própria família. O comportamento do pai, por exemplo, impactou a visão do protagonista sobre como lidar com as emoções e suprimir os sentimentos. No decorrer dos episódios, Billy cria uma armadura sob si mesmo, e ela só desmonta em situações especiais que despertam gatilhos emocionais nele, como as ameaças sob Becca, Hughie e os amigos.

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Para se adaptar nas mais variadas situações arriscadas, Butcher molda personalidades que o convém. “Ele pode ser charmoso e isso pode ser perigoso e manipulador. E ele é o tipo de personagem que você sempre espera que tome a decisão certa, mas nove entre dez vezes inevitavelmente tomará a decisão errada”, enfatizou Urban.


Os heróis imperfeitos

Curiosamente, o termo 'heróis imperfeitos' pode ser usado tanto para os Supes como para os Garotos. Afinal, nenhum personagem é 100% idealizado. Pelo contrário, todos são desfuncionais e incorretos em algum nível. Eles, na verdade, são reais até demais.

"Acho que construímos esses heróis dessa maneira realmente profunda e bela, onde damos a eles essas falhas que são moralmente repugnantes em algumas formas", compartilhou Mitchell. Ele relembra como A-Train teve problemas com drogas, Deep revelou um comportamento abusivo e Homelander, o líder dos Sete, é um sociopata.

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Ainda, para o ator do Black Noir, o que torna os Supes tão instigantes é como eles não são idealizados, mas sim "versões defeituosas e confusas" da noção de heróis que conhecemos através de outras editoras. O ator explica: "Vemos essa nova dimensão, esse novo tipo de herói chega. E isso é muito divertido de explorar porque é um novo território".

Como Karl Urban apontou, Butcher tem uma dualidade no comportamento: leal, mas violento e movido à vingança. Mesmo assim, o ator comenta sobre o desenvolvimento e evolução do personagem na segunda temporada: "Butcher tem uma humanidade. E [a trama dos novos episódios] foi realmente sobre humanizá-lo quando passamos a ver seu amor por Becca, e nós meio que entendemos a profundidade desse amor e o que ela significa para ele".

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O protagonista não é perfeito, mas, diferente de Supes como o Homelander, "ele não vai cruzar [certas] linhas morais", como trair os amigos. Urban complementa: "Butcher está lutando pelo direito de estar moralmente do lado certo da história, enquanto os Supes, na maioria das vezes, a maioria deles é bem imoral. E eu acho que essa é a principal diferença entre os dois grupos".


Liberdades criativas e certeiras de The Boys

A série de Eric Kripke toma variadas liberdades criativas quando comparada aos quadrinhos. Desde a personalidade de personagens até o destino de algumas figuras, The Boys consegue ter uma autonomia de destaque nas telinhas sem perder a essência viciante e angustiante das páginas gráficas.

"O Billy Butcher dos quadrinhos é injetado com Composto V, assim como o resto dos Garotos, o que lhes permite ir um pouco mais cara a cara com os Supes. E obviamente em nosso seriado não temos essa força e temos que utilizar nossos cérebros e ser mais espertos que eles. E é assim que os derrotamos. Nós apenas temos que lutar com mais inteligência, não com mais força. Então esse é um grande desafio", refletiu Karl Urban.

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Embora esses detalhes deem outro caminho para as histórias dos personagens, o ator não deixa de apontar como, em ambas as mídias, o protagonista é "perigoso e manipulador".

Sem nenhuma fala na série, Nathan Mitchell relembra como os movimentos e a postura determinam uma grande parte de Black Noir. "Eu sou muito cuidadoso em particular com isso. Há muitas decisões deliberadas na medida em que me mantenho na cena."

O ator continuou "Isso afeta como meus ombros caem nas minhas costas, sobem; outras vezes me concentro apenas na respiração dele, então há vezes em que ele é como uma pantera ou um tigre esperando para atacar".


As cenas de ação viscerais

A segunda temporada do seriado é mais ambiciosa e ousada nas cenas de ação em comparação com a primeira parte.  No episódio três, por exemplo, os protagonistas andam em uma lancha enquanto são perseguidos por Deep. Para escaparem, eles posicionam o veículo em direção a uma baleia (apelidada de Lucy), e a matam.

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Ao recordar da cena, Urban brinca: "Não há CGI, obviamente não era uma baleia de verdade, mas o resto não era tela verde". A sequência - literalmente - visceral e explosiva, não poupou o público do choque e do divertimento surrealista.

O ator também menciona como uma das cenas favoritas dele ocorreu no episódio seis, quando os Garotos foram a um hospital psiquiátrico e descobriram como o lugar era uma estação de experimentação da Vought.

O público pode testemunhar diversos novos poderes - assustadores - dos pacientes da clínica. Para Urban, "foi muito divertido", principalmente por poder trabalhar mais de perto com Erin Moriarty, a Starlight. "Foi ótimo interagir com a personagem do outro lado da moeda."


Para onde vamos daqui?

Na conversa, Urban enfatizou como o capítulo final seria poderoso e daria ao público "muito em que pensar". Enquanto isso, Mitchell declarou como o episódio seria "brutal e comovente".
"O Que Eu Sei", de mais de uma hora de duração, realmente refletiu as falas dos atores.

A conclusão da segunda temporada de The Boys deixou muitos ganchos para a terceira parte. As reviravoltas do último episódio deixaram o público com muitos mistérios e histórias para ainda serem desenvolvidas. 

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Butcher, por exemplo, perdeu a esposa Becca, entregou Ryan para os cuidados da CIA e tomou um caminho diferente dos colegas. Como estamos falando de The Boys, podemos esperar uma reviravolta chocante para ter Billy de volta em ação contra a Vought.

Ainda, pensando na futura direção da série, os fãs dos quadrinhos sabem como Black Noir e Homelander são conectados por uma revelação bizarra e ousada: o primeiro é um clone do segundo. Apesar de a produção ainda não ter dado indícios que seguirá os mesmos passos das HQs, os personagens têm uma relação interessante nas telinhas.

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"Vejo que até agora o que você vê é que Homelander tem um certo carinho ou afinidade com Noir e há respeito e confiança. Ele sabe que pode simplesmente enviar Noir e ele fará o trabalho, ao passo que ele está preocupado com os outros [Supes] estragando as coisas", disse Mitchell

O ator continua e aponta como os dois têm quase uma relação de irmãos. Com o final da segunda temporada, o público espera para ver como será a evolução do relacionamento dos personagens. "Estou animado para ver a dinâmica que eles terão daqui para frente", completou o artista.

Com saudações e mensagens carinhosas aos fãs do Brasil, os artistas se despedem dos personagens por enquanto. A terceira temporada de The Boys começa a ser filmada no início de 2021 e, como Eric Kripke, criador da adaptação, compartilhou nas redes, ninguém "está preparado" para o quem vem a seguir.


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