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As crônicas de Kate Nash

Antes de vir pela primeira vez ao Brasil, em fevereiro, cantora fala sobre o papel da mulher na música, como começou a compor e dos planos para seu terceiro disco

Por Stella Rodrigues Publicado em 26/12/2010, às 10h50

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Kate apresentará o repertório de seus dois discos, <i>Made of Bricks</i> e <i>My Best Friend Is You</i> - Divulgação
Kate apresentará o repertório de seus dois discos, <i>Made of Bricks</i> e <i>My Best Friend Is You</i> - Divulgação

Kate Nash, cantora nascida na Irlanda que combina uma voz doce e melodias que tendem, majoritariamente, ao pop, com letras sarcásticas e ácidas, trará seu repertório ao Brasil pela primeira vez. Kate é uma das atrações internacionais já confirmadas para o início de 2011, tendo datas marcadas no Circo Voador, no Rio de Janeiro (24 de fevereiro) e no HSBC Brasil, em São Paulo (25 de fevereiro). Ela está ansiosa para entrar em contato com os fãs brasileiros. "Eu já ouvi falar muito do público daí, que ele é muito vigoroso. Gostaria de conhecer alguns desses fãs", comentou Kate em entrevista ao site da Rolling Stone Brasil em novembro, pouco depois de suas apresentações por aqui terem sido confirmadas. Simpática, mas um pouco incomodada com a má qualidade da ligação, a artista mostrou-se, a cada resposta, uma apaixonada pelo que faz.

Aos 23 anos, a jovem mostra intimidade com guitarra, bateria, teclado e baixo além de, claro, cantar. Aparentou ficar particularmente empolgada quando o assunto envolvia indústria musical e os rumos da cena artística. Ao lado de Iron Maiden, Radiohead e outros, é integrante da Featured Artists Coalition (algo como Coalizão de Renomados Artistas), que ela define como uma "uma organização sem fins lucrativos que foi montada por artistas para representá-los na indústria musical e na política, para facilitar a comunicação com governos e políticos e proteger nossos direitos". Kate é engajada e preocupada quando se trata da carreira que ama, especialmente ao chegar a um assunto que lhe parece ser muito caro: o lugar da mulher na música.

"A coisa, obviamente, evoluiu muito dos anos 60 para cá. Mas, de alguma forma, eu acho que a cena musical de hoje é um espelho daquela década. Fala-se muito a respeito de artistas mulheres, quando, na verdade, deveria ser mais natural", acredita a cantora. "Todo mundo comenta de haver um boom de cantoras femininas, mas não são tantas assim. Se você for olhar o line-up dos festivais, verá que eles ainda são dominados por homens. E, se você for ver, muitas dessas mulheres que estão por aí só cantam, fazem a performance, porém, não escrevem. Estatisticamente, ainda existem bem menos compositoras mulheres." Contudo, Kate não deixa de reconhecer que a variedade de exemplos femininos na música só tem a acrescentar. "Quando eu era muito pequena, conhecia as Spice Girls e era enlouquecida por elas. Aí, quando tinha 16, descobri os grupos genuinamente 'girl power', como o Bikini Kill, que até então eu nem sabia que existia."

Entusiasta das notas e partituras desde sempre, Kate Nash entrou nesse ramo para valer de forma inusitada, por conta de um período "deprê", em 2006, que envolveu uma perna quebrada e um tempão de molho: "Quando eu escrevi meu primeiro disco, eu tinha sido rejeitada em todas as faculdades em que queria entrar. Foi um período em que estava muito para baixo, não tinha muito o que fazer e estava tentando descobrir como seriam as coisas no ano seguinte - e também pelo resto da minha vida. Minha mãe me deu uma guitarra para me animar. Acabei ficando muito tempo em casa, escrevendo músicas, e decidi que era isso que faria, levaria aquilo mais a sério. Determinei que, assim que minha perna melhorasse, faria meu primeiro show. E quando fiz esse show, tive certeza que era aquilo que queria fazer."

Valendo-se de experiências próprias e alheias, ela segue fazendo suas crônicas sobre a vida e, em especial, relacionamentos, sendo que este último tema figura como o "feijão com arroz" de seu trabalho. "É interessante como duas pessoas, dois indivíduos completamente diferentes, ficam juntos. É ótimo, muito bonito e também muito desordenado e esquisito. Duas pessoas se encontrando dessa forma faz com que elas se sintam ótimas. Acho isso muito inspirador para uma música."

Frequente vítima de comparações com outras cantoras, como a inglesa desbocada Lily Allen, Kate Nash não parece muito preocupada em ser igual ou diferente de ninguém, entendendo isso como uma forma de buscar referências anteriores para compreender aquele trabalho. "Quando alguém novo lança um disco novo, são feitas muitas comparações. Fazer um segundo discoé muito importante por isso, para ajudar a se definir como artista. E foi o que fiz com meu segundo álbum. Acredito que as cantoras tendem a sofrer muitas comparações só por serem mulheres, é fácil equipará-las."

E esse segundo álbum, My Best Friend Is You, de fato mostra uma Kate Nash diferente. Com referências aos seus tão queridos grupos de meninas (Shirelles, The Chiffons, The Ronettes) como em "Kiss That Grrrl" e "Do-Wah-Doo", o trabalho foi produzido pelo ex-Suede Bernard Butler, um dos responsáveis por ajudar a moça a ousar mais. "Eu acho que a diferença, na verdade, vem do fato de que escrevi meu primeiro disco [Made of Bricks] quando era adolescente. No segundo, já tinha viajado pelo mundo por uns três anos e ganhei muito mais experiência ao vivo. E acho que quando você toca tanto ao vivo, você escuta música de uma forma diferente. Passei a pensar separadamente nas partes da música, no violino, nos instrumentos de cordas. O Bernard é muito legal, engraçado e inteligente, tenho muito respeito por ele. Ele é um grande conhecedor de vários sons e é bom em tomar decisões, não pensa demais nas coisas, como eu faço às vezes, o que me ajudou bastante."

Enquanto excursiona pelo mundo, o disco número três é um plano distante e bem pouco definido. "Eu tinha duas ideias muito diferentes para álbuns e não sabia o que fazer. Então, pensei em lançar dois discos da forma como a Beyoncé fez em I Am... Sasha Fierce. Mas a verdade é que ainda não sei que direção quero tomar com o terceiro trabalho, tenho duas ideias principais bem diferentes e não sei que caminho seguir, nem comecei a escrever ainda. Ele não deve sair em 2011."

Veja, abaixo, um vídeo de Kate Nash convidando o público para seus shows:

Kate Nash no Brasil

Rio de Janeiro

24 de fevereiro, às 21h

Circo Voador - Rua dos Arcos, S/N - Lapa

R$ 80 (promocional) ou R$ 160 (inteira)

Vendas online: www.ingresso.com.br

Informações: (021) 2533-0354

São Paulo

25 de fevereiro, às 22h

HSBC Brasil - Rua Bragança Paulista, 1281 - Chácara Santo Antônio

R$ 160 (pista, lote 1), R$ 180 (cadeira alta), R$ 200 (frisas), R$ 220 (pista, lote 2) e R$ 300 (camarote e pista VIP)

Vendas online:www.ingressorapido.com.br/

Informações: (11) 2163-2100