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“Não queria homens me validando", diz Kathleen Hanna a respeito de participações masculinas em documentário sobre ela

Frontwoman do The Julie Ruin e ex-vocalista do Bikini Kill fala sobre o documentário The Punk Singer

KATIE VAN SYCKLE Publicado em 15/12/2013, às 14h37 - Atualizado em 16/12/2013, às 13h48

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Kathleen Hanna - Reproduçã/MySpace/Andrea Preysing
Kathleen Hanna - Reproduçã/MySpace/Andrea Preysing

The Punk Singer, estrelando Kathleen Hanna, oferece um retrato biográfico íntimo da ícone feminista do punk artístico, desde seu início em Olímpia, Washington, a formação do Bikini Kill, o lançamento do movimento Riot Grrrl, Le Tigre e a última banda dela, The Julie Ruin. O filme também entra na vida dela e do marido (e Beastie Boy) Adam Horovitz, e na contínua luta contra a Doença de Lyme, que a forçou a sair do Le Tigre para se tratar.

Por meio de entrevistas com Carrie Brownstein, Joan Jett, Corin Tucker, Kim Gordon e Tavi Gevinson, da revista Rookie, a diretora Sini Anderson firma Hanna no contexto da terceira onda feminista e as bandas que ela influenciou. A Rolling Stone EUA falou com Kathleen e ela contou de como não queria homens sendo entrevistados para o documentário, o que pensa da Taylor Swift e dos planos de lançar outro álbum com The Julie Ruin no ano que vem.

Como você está se sentindo? Você está fazendo shows.

Eu estou bem. Eu ainda tenho semanas ruins e semanas boas. Na verdade, estou em tratamento no momento, então estou um pouco cansada, mas estou bem o suficiente para estar aqui, o que é ótimo.

Você se abriu tanto no passado, mas dessa vez foi em outro nível. Como é se abrir dessa maneira?

Bem, eu conheço Sini, que filmou tudo, há, tipo, 15 anos, então eu sabia que eu poderia dar a ela tudo que ela queria e se tivesse algo que eu achasse “Hm, melhor não”, eu poderia retirar o que disse. Mas se fosse alguém que eu não conheço, não sei se teria me sentido desse jeito.

É verdade que você não queria nenhum homem sendo entrevistado para o filme, inicialmente?

É. Eu mencionei especificamente Ian MacKaye, Calvin Johnson e Thurston Moore – pessoas que eu respeito muito. Mas eu queria muito Tobi [Vail], bateirista do Bikini Kill, porque ela sabe tudo de música. Ela me ensinou tudo que sei sobre música. Ela me indicou quais discos comprar. Sem ela eu jamais teria entrado em uma banda e permanecido nessas bandas. E ela pode contextualizar os anos 90 e a cena musical e contextualizar o que eu fiz. Mas ela é muito tímida.

Por que você não queria que esses caras falassem?

Eu só não queria nenhuma autoridade masculina dizendo às pessoas o que era música boa. Eu não queria homens me validando. E foi muito complicado incluir meu marido no filme, e incluir a história sobre “Smells Like Teen Spirit” no filme. Eu não quero ser vista nem um contexto de “Ela é a garota do ‘Smells Like Teen Spirit” ou 'Ela é casada com o Ad-Rock, do Beastie Boys'. Mas ao mesmo tempo, é um filme sobre mim e minha vida – eu vou deixar o lance de “Smells Like Teen Spirit” de fora? Mesmo? É loucura. E a história de amor com o meu marido é... Eu tenho muito orgulho de ser associada a ele. Ele é maravilhoso, e acho que ele está muito engraçado no filme. No começo, não achei que ele deveria participar. E daí eu assisti e senti que fomos perfeitamente retratados – o que é o nosso relacionamento. Achei muito lindo, e talvez porque seja comigo, mas eu realmente gosto da história de amor. Essas merdas me comovem.

Eu amei o anel. [Ela está usando um anel de ouro escrito Adam, e ele usa um escrito Kathleen.]

Ideia dele, não minha.

Em que era do feminismo estamos no momento?

Acho que estamos entrando na quarta era. O que vejo no underground é que tem um projeto ótimo chamado People of Color Zine Project. Várias mulheres que criticaram o movimento Riot Grrrl em termos de classe e raça - e de fato não aconteceram muitas conversas produtivas para tornar o Riot Grrrl tão inclusivo. Todas essas críticas estão levando a novos projetos.

Gloria Steinem me disse próximo ao começo do ano que ela achava que o maior desafio que as mulheres tinham que enfrentar era o útero.

Uau, isso é tão estranho.

Foi meio estranho. Qual você acha que é o desafio para as mulheres nesse momento?

Pobreza.

Por que?

Porque se você está apenas tentando colocar comida na mesa, você não faz parte do diálogo. Todo mundo está tomando decisões por você. Em termos do movimento feminista, se não ouvirmos o que tem a dizer um segmento enorme, enorme, enorme da população, e ele não está envolvido na criação do movimento feminista, o movimento feminista morre.

O que você acha da Taylor Swift?

Eu já a chamei de feminista. Eu acho que ela não se denomina uma, e tudo bem, mas ela é uma menina jovem cantando para outras meninas jovens e compondo as próprias músicas. Isso é demais. O que há de errado nisso? Eu não gosto de todas as mulheres na música pop, mas não se trata da mulher, e sim da música. E eu preciso poder dizer que eu não gosto da música da Lady Gaga, e isso não quer dizer que estou atacando a Lady Gaga. Não quer dizer que eu estou falando que a PJ Harvey é uma vadia.

Você gosta da música da Taylor Swift?

Na verdade, eu gosto de algumas músicas da Taylor. E eu gosto de Miley Cyrus. Eu gosto de "Party in the U.S.A." e "The Climb" – essas são as minhas duas favoritas. E eu gosto de Kelly Clarkson.

Eu gosto da nova Miley.

Eu não curto muito. Eu gosto da antiga Miley, tipo a Miley Hannah Montana. Eu gosto de assistir Disney em casa.

Vocês estão planejando retornar ao estúdio?

Nós temos músicas já escritas para o próximo álbum, então agora o lance é fazer vídeos por uns meses.

Quando você acha que lançará outro álbum?

Provavelmente no ano que vem, janeiro. É provavelmente o pior mês. Eu não sei qual mês é bom. Eu preciso contratar alguém para me dizer.

Você tem uma ideia de como vai ser?

Eu acho que vai ser meio depressivo. Eu estava em uma má fase quando escrevi este álbum e muitas músicas são muito felizes, e eu pensei, agora que estou em uma fase muito feliz, sei que vou escrever músicas muito tristes. Eu já compus uma que é uma faixa country muito triste.