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Letrux volta a Portugal com show completo, livro de poesias e planos de novo disco

Com o sucesso ‘Letrux em Noite de Climão’, Letícia Novaes reflete sobre seus caminhos na música e na poesia

Nicolle Cabral Publicado em 27/03/2019, às 10h00 - Atualizado às 10h04

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Letrux em seu show ˜Em Noite de Climão" (Foto: Sillas Henrique)
Letrux em seu show ˜Em Noite de Climão" (Foto: Sillas Henrique)

Desde de 2017, em algum momento, você pode ter ouvido (ou lido) algo na internet a respeito de um “climão” no ar. Conceitualmente usado para caracterizar momentos de tensão, sejam eles bons ou ruins, o termo aqui é elevado à forma musical e, coeso e sincero, celebra o feminino, o sexual, o desejo e o fim. Tudo isso está contido em Letrux em Noite de Climão, primeiro disco de Letícia Novaes depois de encerrar seu projeto anterior, o Letuce.

Criadora desse climão, a cantora e compositora de 37 anos, ainda redescobre as facetas dentro das suas músicas, poesias e performances. Com o Letuce, foram três discos lançados. Depois disso, a artista se debruçou na fase “Letrux”, elogiado por fãs e crítica, tanto no formato de disco quanto nos palcos, com apresentações intensas, revolucionárias e explosivas.

À Rolling Stone Brasil, Letícia se mostra satisfeita. Enfim, se apropriou da própria arte.

“Passei anos da minha vida com alguém me elogiando e eu ficava naquela de dizer o preço da minha roupa: ‘ah, foi 19,90’”, ri a cantora. “Estou fazendo arte há muito tempo, então, acho que a minha mente chegou em um lugar no qual consegui criar uma coisa que conversa e emociona muitos. Acho que tudo tem a ver com emoção e intimidade. Tem um barato nessa coisa da sensação que permeia tudo e todos’’, reflete.

Letrux Em noite de Climão, lançado em julho de 2017, foi fruto de um financiamento coletivo. O disco chegou aos ouvidos sendo ambientado por um clima de dramaturgia causado por rompimentos amorosos, mas com um deleite sobre essa tristeza que somado às performances ao vivo extrapolou o registro de estúdio. Tornou-se algo a mais.

Hoje, depois de conhecer o Brasil e levar para casa prêmios como Melhor Disco pelo Prêmio Multishow de Música Brasileira (2017) e Melhor Produção de Disco pelo Women’s Music Event (2017), o “Climão” chega em Portugal, com a banda completa formada por Arthur Braganti (teclados), Natália Carrera (guitarra), Lourenço Vasconcelos (bateria), Martha V (guitarra e mpc) e Thiago Rebello (baixo).

“Dessa vez é diferente. A primeira vez que eu vim foi com o Letuce, em 2013, a segunda foi no ano passado [2018], só eu e o Arthur, então era uma coisa meio ‘Letrux Pocket’. Na verdade eu tinha ido passar as férias, mas como nós estávamos lá, pensamos: ‘ah, por que não?’, e vimos que tinha muita gente interessada no nosso trabalho, foi impressionante. A gente até falou ‘temos que voltar’”, relembra.

Com os ingressos esgotados, Letrux se apresenta nesta quarta, 27, no International Music Network em Lisboa ao lado de mais dez brasileiros presentes no line-up do festival. O repertório da artista contempla as 11 faixas do disco como “Ninguém Perguntou Por Você”, “Flerte Revival”, “Coisa Banho de Mar” e “Noite Estranha, Geral Sentiu”, além de algumas músicas pensadas especialmente para o público português.

Nessa viagem, Letícia pôde levar as suas personas - a Letrux, enfervecida pela música, pelo palco e pela dança, e a sua outra parte mergulhada na poesia da forma mais íntima. Com isso, aproveitou a ida ao país para lançar o seu livro “Zaralha - Abri minha Pasta” no último final de semana, 23, no Le Baron Lisboa.

“Eu lancei o meu livro aqui com muita audácia’’, conta rindo. “Eu lembro da primeira vez que li Fernando Pessoa e fui arrebatada. Pela Sofia de Mello Breyner também, e por alguns autores contemporâneos, como a Matilde Campilho, poetisa portuguesa muito mágica. Ando por aqui [em Portugal] e o jeito que o motorista ou a pessoa da loja fala, eu já quero escrever uma poesia.’’ revela a artista.

"Eu fico chocada com o jeito que as coisas se anunciam aqui. É muito interessante, é uma nova abordagem da língua portuguesa, que é a minha língua materna, mas que tem outra percepção. É um encantamento sonoro, linguístico e fonético. É uma mistura muito interessante e eu fico apaixonada e hipnotizada’’.

Além do concerto do seu disco e suas confissões em Zaralha, a artista tem se dedicado ao Letrux Línguas & Poesias, que incorpora uma experiência mais intimista em cima dos palcos.

“O Línguas & Poesias é muito esse meu lado de querer ser poeta e brincar com a poesia. Letrux em Noite de Climão até tem um espaço ou outro para essa coisa mais poética, mas é um show mais porrada, mais rock, mais dançante. E eu estava com vontade de brincar um pouco de intérprete. Eu sempre fui mais compositora do que cantora, e aí eu escolhi um apanhado de músicas da minha vida, músicas que eu amo desde a infância com algumas poesias também e montei esse show’’.

“É um projeto mais intimista, mas que eu também amo fazer. Eu amo shows, loucura, sangue, suor e lágrimas. Mas eu também amo um show mais silencioso. Eu sou meio tragicômica, me divirto nas duas circunstâncias.’’

Após um apanhado de shows e produções dos clipes, cinco das 11 faixas do disco já foram lançados, a cantora e compositora revelou como se sente ao olhar para a Letícia antes e depois do “Climão”:

“Percebi que a minha sensibilidade, de alguma maneira, tocou as pessoas, e isso é muito bonito. Esse trabalho é altamente sensível, tem a ver com emoção, um certo ‘voyerismo’ das relações pessoais. E as pessoas compraram essa loucurinha, então eu fico feliz com a trajetória. Essa montanha que a gente tá subindo é muito prazerosa.”

A artista também faz questão de enfatizar que jamais esquecerá que o disco nasceu por meio de financiamento coletivo. “Isso é muito forte. As pessoas não tinham ouvido o trabalho e deram dinheiro. Pensaram: ‘ah, a Letícia vai lançar o disco solo, eu confio, vou botar esse dinheiro aqui no breu’. Então eu sou muito grata. É impressionante um trabalho independente ter essa força e conseguir furar alguns trajetos. Devo isso tudo a sorte, ao talento da banda, da produção, e a mim também”.

“Não passei em editais, e acho que os curadores devem ser arrepender um ‘bocadinho’, como dizem aqui em Portugal”, comenta Letícia rindo.

Para os próximos passos, Letrux comenta sobre o lançamento de um novo disco em 2020. ‘’Tá rolando uma gestação lenta, como as coisas tem que ser. Esse ano vamos compor e gravar o segundo disco, mas ele só vai sair no ano que vem. Ainda quero cada vez mais espalhar a palavra do climão pelo Brasil e agradecer todo esse carinho que as pessoas têm comigo.”

No dia 07 de abril, Letrux se apresenta no Lollapalooza 2019 no Autódromo de Interlagos. 

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