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Lóki?: faixa-a-faixa sentimental do mais importante disco da psicodelia brasileira

Ex-Cachorro Grande e diretor do show em homenagem ao trabalho, Rodolfo Krieger destrincha o primeiro álbum de Arnaldo Baptista sem Os Mutantes, de 1974

Pedro Antunes Publicado em 07/03/2019, às 17h57

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Capa do disco Lóki?, do Arnaldo Baptista (Foto: Philips Records)
Capa do disco Lóki?, do Arnaldo Baptista (Foto: Philips Records)

Lóki? é um dos maiores discos brasileiro dos anos 1970. E, veja bem, é difícil estar lado a lado de álbuns como Acabou Chorare (dos Novos Baianos), Transa (de Caetano Veloso), Alucinação (de Belchior) ou Clube da Esquina.

O trabalho de Arnaldo Baptista, o primeiro solo sem Os Mutantes, ajudou a fundar o que conheceríamos por psicodelia brasileira. Arnaldo é insanamente entregue no disco. Rasga seu coração e sua pele, enquanto frita o nosso cérebro com essas canções.

Idolatrado por gerações, Lóki? tem seus 45 anos celebrados no show dirigido por Rodolfo Krieger (em foto abaixo de Christiane Disconsi), ex-baixista do Cachorro Grande, com as participações de Helio Flanders, Thunderbird, Cinnamon Tapes e Tatá Aeroplano, no Centro Cultural São Paulo (CCSP, na Rua Vergueiro, 1000), neste sábado, 9, às 19h, com ingressos a R$ 25 (mais informações no final do texto). 

A banda-base será formada por Krieger, os convidados e Eduardo Barretto (baixo, que toca com Marcelo Gross, Les Boomerangs e Edouard et L'Amour Fou ), Pedro Leo (bateria, Simi Brothers) e Rafael Stanguini (piano).

O projeto teve início ainda em 2018, em maio, quando foram realizadas apresentações com base nos outros discos do "Lóki", com faixas como "I Fell in Love One Day" e "Sunshine". Agora, mergulham em Lóki?, o disco. 

A pedido da Rolling Stone Brasil, Rodolfo Krieger se colocou a mergulhar novamente pelas profundezas coloridas de Lóki? e escreveu um faixa-a-faixa especial sobre o disco, com suas análises e impressões bastante pessoais sobre a obra de Arnaldo Baptista.

Confira abaixo:

'Será Que Eu Vou Virar Bolor?'

"O Lóki? foi o primeiro disco que comprei quando cheguei em São Paulo. Eu tinha entrado recentemente na Cachorro Grande e meu sonho era conhecer a Galeria do Rock. Encontrei o disco em vinil na Baratos Afins. Foi muito foda colocar a agulha em atrito com o disco e ouvir 'Será Que Eu Vou Virar Bolor?'. Apesar de já conhecer o álbum, me abriu um clarão imenso. Mergulhei em um universo que até hoje toma conta dos meus pensamentos.


'Uma Pessoa Só'

"Essa é demais. Gosto muito da versão d’Os Mutantes também. No show, aliás, pretendo fazer uma fusão das duas, complementando com alguns improvisos. Convoquei o Helio Flanders para dividir os vocais comigo e tocar trompete. 'Uma pessoa só' fala sobre uma coisa que acontece quando se está tocando com um conjunto, que é aquele lance dos artistas estarem entrosados e não precisarem falar. Um olhar basta. Como se todos fossem uma pessoa só. Pretendo fazer isso no CCSP, incluindo o público, transformar o local onde todos respiramos a mesma música como se fossemos uma pessoa só."


'Não Estou Nem Aí'

"Essa música é resume o que eu penso da vida. Tenho uma identificação muito grande com ela. Não por acaso, algumas letras minhas têm similaridades com ela, como é o caso de “Deixa Fudê”. Viver mais e pensar menos."


'Vou Me Afundar na Lingerie'

"Um dos carros chefe do disco, hino das festas MOD de Porto Alegre na época em que eu tocava na banda Os Efervescentes. Vai ser como realizar um sonho de infância tocar essa música no show. Já tentei inseri-la em repertórios de várias bandas que passei, e, agora, pela primeira vez, vou executá-la ao vivo!"


'Honky Tonky'

"Não existe explicação para essa faixa instrumental, o Arnaldo consegue misturar tudo em uma só canção: música erudita com blues, rock progressivo, samba e tudo o que passou naquela cabecinha. Não existe uma pessoa que escute essa faixa e não diga: 'UAU o cara é foda!'"


'Cê Tá Pensando Que Eu Sou Loki?'

"Os momentos que passei com o Arnaldo Baptista foram incríveis. Batemos papos intermináveis fazendo trocadilhos e brincando com gírias, ele é bom demais nisso. Nessa faixa ele mostra mais ou menos como é o seu jeito de falar e brincar com as palavras. Um barato total!"


'Desculpe'

"Eu chapo nesse casamento de baixo, bateria e órgão hammond. Além disso, a letra tem uma delicadeza incrível. Ele pede desculpa para namorada por ficar estudando música até tarde e não poder tomar café com ela. Quem nunca?"


'Navegar de novo'

"A mensagem do Arnaldo nessa canção talvez seja uma das mais atemporais de todo o álbum. Agora nesses últimos dias em que estou imerso em Lóki?, estamos em um relacionamento sério."


'Te Amo Podes Crer'

"Arnaldo sendo Arnaldo. Essa música define muito o meu conceito sobre Arnaldo Baptista. Tem uma técnica de piano incrível, e talvez seja uma das mais poéticas do disco. Não tem como não se emocionar.


'É Fácil'

"Depois dessa enxurrada de piano, Arnaldo surge com esse violão completamente maluco. O disco não tem nenhuma guitarra e, no dia da gravação, ele não tinha o instrumento por perto também. Então, pegou um violão e fez essa pra mostrar que sabe fazer, e, na minha opinião, faz muito bem. Ele nunca tocou essa música ao vivo. Vai ser um desafio, vamos fazer uma versão puxada para o Led Zeppelin com guitarras e baixo Gibson plugadas em amplificadores valvulados."

SERVIÇO
Loki 4.5 no Centro Cultural São Paulo - sala Adoniran Barbosa
Local: Rua Vergueiro, 1000
Data / Horário: 09/03, às 19h
Ingresso: R$25 no Ingresso Rápido ou nas bilheterias do CCSP