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Lollapalooza 2015: com muito virtuosismo, cantora e guitarrista St. Vincent justifica a moral que tem com a crítica

Annie Clark se apresentou no palco Axe neste sábado, 28

José Flávio Júnior Publicado em 28/03/2015, às 19h30 - Atualizado em 29/03/2015, às 14h55

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St. Vincent no Lollapalooza 2015 - Divulgação/MRossi
St. Vincent no Lollapalooza 2015 - Divulgação/MRossi

No palco Axe, às 17h15, uma reputação estava em jogo. A norte-americana Annie Clark, mais conhecida como St. Vincent, chegou ao Lollapalooza com a responsabilidade de mostrar por que foi um dos nomes mais badalados de 2014. Seu homônimo quarto álbum (sem contar o que foi compartilhado com David Byrne) foi para as cabeças da maioria das listas de melhores do ano: segundo lugar na Rolling Stone Brasil, quarto na Rolling Stone EUA, primeiro nos britânicos NME e The Guardian. Sem contar o Grammy de Melhor Álbum de Música Alternativa. Sua celebrada performance de palco e o virtuosismo à guitarra também ajudaram na construção da moral. E, em uma hora de apresentação, o público paulistano pode comprovar que a artista merece mesmo todo o confete.

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Ainda que não tenha levado uma quantidade de público tão expressiva para o seu palco, nem estimulado os presentes a permanecer pulando o tempo todo, St. Vincent entregou o que dela se esperava. Desde a abertura do set, com “Bring Me Your Loves”, mostrou bom domínio de cena, movimentando-se como uma androide em dancinhas robóticas coreografadas que também contavam com a participação da multi-instrumentista japonesa Toko Yasuda (apenas três músicos integram sua enxuta banda, com destaque para o seguro baterista Matt Johnson, que tocava com Jeff Buckley e é coautor de “Dream Brother”).

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A meia-calça puída e a sombra verde acima dos olhos chamavam atenção na composição visual da artista de 32 anos. Mas era quando cantava divinamente ou esmerilhava nas quatro guitarras usadas ao longo do show que St. Vincent comprovava ser diferente da manada que habita o pop mundial. No encerramento de “Rattlesnake”, ela mandou o primeiro solo sem palheta da tarde, justificando seus três anos como aluna da escola de música mais prestigiada de seu país, a Berklee College of Music.

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A partir da sétima canção do roteiro, a climática “Cheerleader”, que St. Vincent executou de cima de um praticável rosa, os solos de guitarra ganharam ainda mais espaço. Fãs de Gang of Four e grupos mais ousados do pós-punk certamente reconheceram na gatinha (os gritos de “linda” eram inevitáveis) uma instrumentista com criatividade bastante acima da média. O que não impediu que ela cedesse a uma presepada típica de festival já nos últimos minutos de concerto. Nos ombros de um segurança parrudo, saudou o pessoal da fila do gargarejo e cobriu o rosto com uma bandeira do Brasil. A atração mais cool do festival tinha direito a um pecadinho.

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