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Maria Rita se emociona durante show em São Paulo

Em evento gratuito para 60 mil pessoas neste sábado, 5, cantora mostrou músicas do repertório da mãe, Elis Regina

Guilherme Bryan Publicado em 05/05/2012, às 21h11 - Atualizado em 14/06/2012, às 13h04

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Em São Paulo, Maria Rita fez show competente em homenagem a Elis Regina - Leonardo Rodrigues/Divulgação
Em São Paulo, Maria Rita fez show competente em homenagem a Elis Regina - Leonardo Rodrigues/Divulgação

Bastante emocionada e ensaiada, Maria Rita relembrou os grandes sucessos da carreira da mãe, Elis Regina, em um show de mais de duas horas neste sábado, 5, no Parque da Juventude, em São Paulo. E logo declarou, sorrindo, se sentir aliviada por dividir esse momento com o público paulistano (estimado em 60 mil pessoas), e também por oferecer algo que lhe era pedido há tantos anos. Também agradeceu ao irmão João Marcelo Bôscoli e se desculpou pelo fato de a apresentação, que já havia sido realizada em Porto Alegre, Recife e Belo Horizonte, ter sido adiada algumas vezes em sua terra-natal. O próximo e último show da série feita em homenagem a Elis será no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, em 13 de maio.

Com a carreira consolidada e segura das convicções, Maria Rita diz superar comparações com Elis Regina: “Ninguém vai mexer com a minha mãe!”

O evento começou com as canções “Imagem” e “Arrastão”, de Vinicius de Moraes e Edu Lobo, com a qual Elis Regina venceu o Festival da TV Excelsior, em 1965. Foi lá que ela também ficou conhecida em função dos movimentos abertos dos braços, como uma espécie de hélice, repetidos quase cinquenta anos depois pela filha. Foi muito apropriado que a apresentação continuasse com “Como Nossos Pais”, de Belchior.

Houve também muitas homenagens. As primeiras foram para os ídolos de Elis Regina – Ângela Maria (com “Vida de Bailarina”), Cauby Peixoto (“Bolero de Satã”) e Tom Jobim (“Águas de Março”). Outro homenageado foi Milton Nascimento, que, segundo Maria Rita, foi a amizade mais bonita que herdou da mãe, que dizia que, se Deus tivesse uma voz, essa seria a do cantor mineiro. Dele foram cantadas “Morro Velho”, “O Que Foi Feito Devera” e “Maria, Maria”.

Após “O Bêbado e a Equilibrista”, de Aldir Blanc e João Bosco, Maria Rita foi ovacionada e não escondeu as lágrimas. Em seguida, agradeceu a João Marcelo Bôscoli e fez questão de destacar o fato de Elis Regina ter sido uma mulher politizada e envolvida socialmente, com noção de cidadania e senso de justiça aguçados. Foi uma introdução para interpretar “Menino” e “Onze Fitas”. Após relembrar que tinha apenas 4 anos quando a mãe morreu, e não ter lembranças da vida com ela, mas ter herdado as canções, a cantora interpretou “Essa Mulher” e “Se Eu Quiser Falar Com Deus”, de Gilberto Gil, as quais ela considera representativas de onde os universos das duas se encontram.

Muitos compositores imortalizados e revelados por Elis Regina não ficaram de fora do repertório, caso de Guilherme Arantes (“Aprendendo a Jogar”), Rita Lee (“Alô, Alô Marciano”), Adoniran Barbosa (“Saudosa Maloca”), Chico Buarque (“Tatuagem”) e Ivan Lins (“Madalena”). Esta foi uma das canções do bis, que contou também com “Fascinação”, “Romaria” (que não fazia parte do set list original) e “Redescobrir”, de Gonzaguinha, outro cantor com várias músicas gravadas pela “pimentinha”.

Com o palco tendo vários tecidos suspensos do teto e, no fundo, uma cortina azul, Maria Rita mostrou-se extremamente elegante com um vestido branco decotado e uma capa branca esvoaçante. É verdade que ela não alcança alguns timbres da mãe, o que se percebe em músicas refinadas como “Me Deixas Louca”, mas não dá para se exigir algo desse tipo de ninguém, quando se trata de uma das mais espetaculares cantoras que já existiram. Depois, essa possível deficiência foi totalmente compensada pela competência e vibração da cantora e do público.