Rolling Stone
Busca
Facebook Rolling StoneTwitter Rolling StoneInstagram Rolling StoneSpotify Rolling StoneYoutube Rolling StoneTiktok Rolling Stone

“Meus fãs brasileiros são bastante expressivos nas redes sociais”, diz Dallas Green

Músico canadense do Alexisonfire está no país com o projeto solo City and Colour

Laísa Pellegrini Publicado em 12/03/2015, às 18h52 - Atualizado às 19h05

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Dallas Green à frente do City and Colour - Owen Sweeney/AP
Dallas Green à frente do City and Colour - Owen Sweeney/AP

O City and Colour, projeto solo do músico canadense Dallas Green, do Alexisonfire, iniciou na última quarta, 11, a porção brasileira de sua atual turnê. Na apresentação realizada no Cine Joia, em São Paulo, ele foi recebido com aplausos e gritos da plateia, que encheu a casa e estava ansiosa para vê-lo.

Galeria: as 100 primeiras edições publicadas pela Rolling Stone Brasil.

Conforme conta na entrevista abaixo, o músico sabia que encontraria essa receptividade calorosa dos brasileiros, que demonstraram intensamente, nas redes sociais, o desejo de ver o projeto no país. Green retribuiu “confessando que aquele era um dia muito importante para ele”, conforme disse durante a apresentação, que incluiu faixas dos quatro álbuns do City and Colour.

Você teve que acrescentar mais duas datas em São Paulo, além de ter agendado um show no Rio de Janeiro que foi viabilizado por meio de crowdfunding. Os brasileiros são muito ativos nas redes sociais – e muito vocais a respeito da paixão deles pelos ídolos. As redes sociais foram um indicativo forte, para você, de que havia uma quantidade considerável de fãs aqui? Ou foi uma surpresa?

Você não está exagerando! Meus fãs brasileiros são bastante expressivos. Não importa o que eu publique online, terei rapidamente fãs brasileiros comentando “Venha para o Brasil!!!”, então, bom, vim para o Brasil [risos]. Estou tão animado quanto eles. Mal posso esperar para tocar para um público tão fiel.

Você já tinha tido uma experiência de casa cheia aqui, quando tocou com o Alexisonfire, em 2012. Você acha que o público que arrebanhou no Brasil com a banda, e que estava lá em 2012, vai segui-lo até esses shows do City and Colour? Em geral, você acha que os dois projetos compartilham do mesmo tipo de ouvintes?

Acho que haverá em parte. Muitos fãs descobriram o City and Colour através do Alexisonfire. Se as plateias nas outras cidades pelo mundo forem um indicador confiável, os públicos coincidem em parte, mas também haverá muitas pessoas que provavelmente nem sabem que eu era daquela “banda cheia dos berros” [risos].

Nos primeiros discos, você tocava sozinho. Como é, agora, dividir o palco com outros músicos, sendo que esse é seu projeto solo?

Dez anos atrás, quando gravei o álbum Sometimes, eu só tocava minhas canções sozinho, no violão. Se partes das músicas precisassem de outros instrumentos, eu mesmo os tocava. Com o passar dos anos, adicionei e troquei membros da banda que sobe ao palco comigo. Os caras com quem eu toco atualmente são todos realmente ótimos músicos e, o mais importante, grandes amigos. Poder dividir o palco com meus amigos, que são também músicos muito talentosos, que são muito cuidadosos com as minhas músicas, é como realizar um sonho.

Você compõe sozinho, a maior parte do tempo. Como foi compartilhar essa experiência com a Pink no projeto You+Me?

O You+Me foi algo divertido. Nós nos encontramos sem saber o que poderia sair do tempo que passamos no estúdio. Nós poderíamos ter terminado com apenas uma música, ou nenhuma que gostássemos. Com sorte conseguimos um álbum inteiro que tanto eu quanto Alecia ficamos muito empolgados em compartilhar com todos. Compor com ela foi muito fácil.

Colaborações sempre tendem a acrescentar algo no som individual dos envolvidos, especialmente no caso de artistas que estão sempre em busca de algo novo, como você. Quais foram os elementos novos que você absorveu depois da parceria com a Pink?

Bom, no passado eu cheguei a descrever o processo de compor uma música como algo infernal. Eu não saberia o que fazer se não estivesse fazendo isso, mas eu realmente passo por momentos infernais quando vou escrever. Sempre me questiono, em cada passo do processo. Trabalhar com a Alecia no estúdio me ensinou muito a deixar de lado um pouco da pressão que eu colocava em mim mesmo. Nós rimos do quão maravilhado eu estava com a habilidade dela em apenas colocar a música no papel. Que conceito esquisito!

Ainda a respeito do fato de você sempre estar em busca de coisas novas, e isso te fazendo crescer como artista, qual dos seus discos você diria que te ajudou a dar o maior salto? Muitos dizem que The Hurry And The Harm (2013) é o ponto mais alto da sua carreira, até agora, você concorda?

Não acho que algum dos álbuns tenha sido responsável por um crescimento maior quando comparado a outro. Cada álbum tem algo tem algo diferente musical ou tecnicamente. Gravei 100% do Little Hell (2011) na fita e depois mixamos essa gravação em fita. Não teve muito espaço para erros. Essa gravação me ensinou muito sobre ter paciência. Tive a sorte de ter Alex Newport de volta na produção de The Hurry and The Harm, depois disso [risos]. Basicamente, em cada álbum eu tento fazer algo diferente ou escrever algo melhor do que da última vez – melhor para mim mesmo. Caso contrário, qual o propósito?

Você mencionou anteriormente, em entrevistas, que acharia estranho ver seu rosto estampando uma capa de disco, especialmente porque quer manter o foco na sua música. Por outro lado, descreveu as letras como uma espécie de diário. Isso quer dizer que, de uma maneira ou de outra, o foco sempre estará na sua vida pessoal, certo? Ter seu rosto ali realmente seria uma questão?

O conceito é semelhante a não se referir a mim como Dallas Green, e sim como City and Colour. Eu sempre quis que o foco fosse nas canções, não em mim. Faz sentido? Não é surpresa para ninguém que ouve minhas músicas que tenho um pouco de complexo de inferioridade. Senti uma estranheza com a ideia de colocar meu rosto em uma capa – com The Hurry and The Harm foi a primeira vez em que me senti bem com isso. Mas não me senti totalmente seguro, tanto que coloquei círculos por cima da minha foto – um passo de cada vez.

Em Sometimes (2005), você parece falar muito de sentimentos não correspondidos, mas isso foi diminuindo nos trabalhos seguintes. Isso também faz parte do seu “diário”? São recordações ou apenas composição criativa a respeito de sentimentos em geral?

Bom, escrevi esse álbum quando tinha 16 anos, corações partidos são algo sério quando se é um adolescente. Não sou mais a mesma pessoa que eu era naquela época. Escrevo sobre o que está acontecendo na minha vida no momento presente, então conforme os discos e anos vão passando, as coisas nas quais estou pensando são muito diferentes. Percebi que muitas das minhas canções atuais estão relacionadas a “uma busca por algo” ou “o que está por vir”. Como compositor, não consigo deixar de pensar sobre o que aconteceria se tudo isso acabasse amanhã, daqui um ano, daqui cinco anos. Todos nesse ramo chegam a um ponto no qual as pessoas apenas param de ouvi-los e eles começam a fazer outra coisa. Agora, em vez de uma garota que partiu meu coração, eu penso em coisas como essas.

No começo do ano passado, você mencionou que já tinha algumas faixas prontas. A essa altura, elas já estão prestes a integrar um álbum? Existe alguma previsão de lançamento de material novo?

Minha boca é um túmulo. Isso só eu sei e vocês vão ter que descobrir. Rá!