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Michael Emerson, o Ben de Lost, desvenda nove enigmas da série

Redação Publicado em 21/11/2013, às 20h48 - Atualizado às 20h48

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Galeria - Nove enígmas de Lost - Abre - Reprodução
Galeria - Nove enígmas de Lost - Abre - Reprodução

Primeira cena

“Eu não entrei em Lost até o meio da segunda temporada, então pode ser que minha chegada coincida com os roteiristas tentando mostrar uma expansão no tema – que seria mais metafísico, mais misterioso, um quebra-cabeça maior do que à primeira vista. A discussão que tive com os atores da primeira temporada é de que eles não sabiam para aonde aquilo iria caminhar – acho que ninguém sabia. Mesmo quando eu entrei, eu nunca sabia das reviravoltas ou das mudanças e aonde os roteiristas queriam nos levar. Isso sempre foi uma especulação de todo o elenco. Nós costumávamos nos sentar e tentar desvendar, também, mas sem o sucesso das pessoas em casa.”


Introdução de Desmond

“Desmond, Ben e Locke têm as histórias mais convincentes. Esses três personagens eram próximos da – como se diz? – porção mitológica da série. E seus problemas abordavam temas simples: fé e redenção. Todos os atores entraram nessa, mas esses três personagens eram os mais próximos ao coração da ilha. Ben, eu acho, exemplifica a jornada do homem ambicioso que toma algumas más decisões. Ele vê seus erros e procura várias maneiras para consertá-los. Desmond é o mais próximo da experiência paralela dos fãs com a série. Ele era um cético confuso pelos acontecimentos em volta dele que ele não conseguia explicar; ele tentava negar as coisas e eventualmente dava um voto de confiança.”


Ben exila Widmore

“Coexistência pacífica é, em particular e no geral, impossível em todos os lugares e ao mesmo tempo. Se fosse você e a pessoa que você ama naquela ilha, as coisas eventualmente dariam errado.”


Primeira cena de Jacob

“Há dois grandes temas em Lost. Um é redenção, ou que nunca é tarde demais para dar um significado maior à sua vida. O outro é a surpresa e a aventura ao perceber que as coisas não são sempre o que parecem ser – existem camadas escondidas da realidade e camadas de significados. Soa um pouco esotérico, mas para mim é um dos prazeres centrais da série.”


Criação do monstro de fumaça

“No começo, eu achei o monstro de fumaça meio incongruente. Eu achei que a ilha fosse ser diferente de A Tempestade – que fosse cheia de ilusões, mas nada tangível. Mas eventualmente eu achei que fosse uma ferramenta ou uma representação do que estava controlando a ilha. E meio que acabou sendo. Mas, preciso dizer, todos nós entramos nessa onda. Claro, J. J. [Abrams] foi quem deu início a tudo, mas Damon [Lindelof] e Carlton [Cuse] estavam no comando de quase tudo. E nós depositamos tanta confiança neles, porque chegava script atrás de script e ficávamos boquiabertos e inspirados. Então pensamos: 'Se eles vão embarcar nessa, nós vamos também, e vai ser demais'.”


Quem ficará no lugar de Jacob?

“Isso foi discutido no set, mas eu não conseguia achar uma resposta. Eu ouvi a decisão e pensei: ‘Sim! Sim, é claro! Hurley é uma força tão benigna, uma força bondosa – é disso que precisamos aqui’. Mas não poderia ter previsto aquilo.”


A identidade de Ben

“Se Ben não tivesse deixado Alex Rousseau morrer, se ele a tivesse salvado – se ele tivesse ido de acordo e interferido – ele estaria... bem, ele provavelmente ainda estaria no mau caminho. A visão de mundo e a ambição dele não o teriam mudado. É engraçado. Eu sempre soube que a morte da filha dele seria um momento de mudança, mas eu não pensava naquilo como um momento em que a vida força mudanças. Essas são as coisas sobre as quais você não pensa quando está filmando – você está se virando para decorar suas falas. E não sei se quem estava dirigindo, ou se quem estava escrevendo, sabia o que estava acrescentando ao que aquilo eventualmente significaria.”


A cena final de Ben

“’Ainda tenho algumas coisas para resolver.’ O que é, o que eu acho que é e o motivo de eu amar tanto essa fala, é que é um eufemismo irônico de algo bem maior. Não é, tipo, papelada – é o seu relacionamento com o criador e com o universo que ainda não está de acordo. A razão pela qual ele não pode entrar naquele lugar sagrado com todos os outros é porque ele está no purgatório. Ele ainda não está puro. Ele ainda não se redimiu. Então ele deve esperar como um mendigo nas portas do paraíso para conseguir aquilo que for necessário para entrar. O que ele precisa – que todos os outros têm e ele não – é um espelho redentor, sabe? Outra pessoa que dê sentido à existência dele. Talvez ele tenha que ir mais algumas vezes à ilha para purificar a alma dele.”


O Final

Lost tem esse desfecho intenso, religioso. É uma série que vai contra todas as probabilidades. Fazer sucesso com algo tão complicado, misterioso e humilde como o que a série lidava – não é pouca coisa. Mas seu legado técnico e imediato é a maior abertura para brincar com o tempo e espaço na narrativa televisiva. Tem muitas séries que não seriam as mesmas se Lost não tivesse vindo antes e brincado com a noção de tempo, com as realidades e dimensões idealizadas, possíveis e alternativas. Foi ousado. Esse é o legado de Lost.”