Rolling Stone
Busca
Facebook Rolling StoneTwitter Rolling StoneInstagram Rolling StoneSpotify Rolling StoneYoutube Rolling StoneTiktok Rolling Stone

Veneza, filme de Miguel Falabella, relembra vida cheia de sonhos, viagem e amor de dias mais felizes [ENTREVISTA]

Com Carmen Maura, Dira Paes e Eduardo Moscovis, Veneza mescla fantasia e poesia com pautas necessárias

Vitória Campos (sob supervisão de Yolanda Reis) Publicado em 26/06/2021, às 15h00

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Veneza, de Miguel Falabella (Foto: Divulgação)
Veneza, de Miguel Falabella (Foto: Divulgação)

Seja como fuga da realidade ou uma espera por momentos melhores, sonhar nunca se fez tão necessário quanto nos últimos tempos. Com sensibilidade e magia, Miguel Falabella consegue trazer um clima lúdico e poético ao novo filme, Veneza (2021), o qual dirigiu e roteirizou.

Estrelado por Carmen Maura, musa conhecida dos filmes de Pedro Almodóvar, Dira Paes, Eduardo Moscovis, Carol Castro e Danielle Winits, Veneza conta a história de Gringa, dona de um bordel, mulher cega e muito doente, mas com o sonho de viajar à Itália em busca de um antigo amor. 

+++ LEIA MAIS: Depois a Louca Sou Eu: Débora Falabella mostra a importância de retratar a ansiedade no cinema [ENTREVISTA]

“O filme transportará o público para outro lugar e devolverá a magia, o lúdico e o sonhar que anda tão apagado e esmagado,” disse Carol Castro ao descrever Veneza. Em entrevista à Rolling Stone Brasil, ela, Dira Paes, Eduardo Moscovis e Danielle Winits comentaram as experiências de filmar e como o longa apresentou temas delicados, como prostituição e transfobia.


Sonhar é preciso 

Pôster de Veneza (Foto: Divulgação)


Impossível não notar a emoção dos atores ao falarem de Veneza. O filme, como muitos outros agora, atrasou devido à pandemia de Covid-19. O sentimento no ar era de luta, dificuldade -  mas era claro como o ato de sonhar continuou firme em cada um. 

+++ LEIA MAIS: Como a Disney reinventou Cruella com estética rebelde e punk rock em novo filme estrelado por Emma Stone [ENTREVISTA]

A grande sonhadora do filme é Gringa, quem conta com o desejo de viajar à “cidade flutuante” mesmo sem possuir as condições financeiras e físicas. No entanto, é visível como os personagens também nutrem a esperança ao lado dela, mesmo com a realidade dura impedindo de se entregarem totalmente à fantasia. 

Quanto mais o filme passa, mais o telespectador é convidado a viver a fantasia dos personagens. Chegando ao ápice, quando flutuamos nas águas de Veneza - e concretizamos um sonho de uma vida.

+++ LEIA MAIS: Sem Remorso revive legado de Tom Clancy, mas foca na diversidade e no amor não-romântico [ENTREVISTA]

Para Winits, Veneza devolve às pessoas a ideia de lutar pelos sonhos. Independente das circunstâncias, para ela e Castro, o longa foi lançado na melhor época possível, um momento no qual a esperança perdeu espaço para o medo e tristeza. 

Moscovis destaca como a grande virtude do filme é como o diretor Falabella “consegue trazer assuntos importantes à tona sem carregar bandeiras.” Como se cada indivíduo pegasse para si a parte mais tocante, mas sem deixar de englobar um universo de temas. 

+++ LEIA MAIS: Claire Holt e Luke Baines estrelam Untitled Horror Movie, filme de terror cômico totalmente original: '90 minutos de escapismo' [ENTREVISTA]

“É muito difícil viver sem um sonho,” completou Paes. Na visão dela, o filme mescla a narrativa poética com pautas atuais, como o machismo, intolerância, discriminação, empoderamento feminino e até mesmo transfobia, um dos temas abordados de maneira mais crua e chocante.


A realidade não é tão mágica

Veneza é baseado em uma peça homônima do argentino Jorge Accame, e teve quase todos os personagens inspirados na obra original, menos dois: Madalena (Carol Castro) e Júlio (Caio Manhente). 

+++ LEIA MAIS: Como Max Richter fez milhares de pessoas dormirem nos shows dele - mas adorou cada minuto disso [ENTREVISTA]

Caio Manhente e Carol Castro em Veneza (Foto: Mariana Vianna / Divulgação)

Com tanta fantasia na produção, seria fácil para o diretor perder a realidade, mas não aconteceu. A magia de pano de fundo não camufla pautas importantes e necessárias, que possuem o próprio espaço para uma séria discussão. 

Madalena e Júlio foram criados por Falabella, e são responsáveis pelo arco mais pesado do filme, com questão atual e urgente: a transfobia. 

+++ LEIA MAIS: Relembre a trajetória de Amácio Mazzaropi, o eterno Jeca Tatu

“A transfobia [no filme] é um tapa de realidade, é uma questão que precisa ser levantada," comentou Castro. Na opinião da atriz, as cenas de preconceitos são o ponto alto do longa, e exalam poesia e amor, mesmo com muita dor.


Participação ilustre

Dira Paes e Carmen Maura em Veneza (Foto: Divulgação)

Cada ator traz originalidade aos personagens, e todos acrescentam à sua maneira. No entanto, não há como não destacar a presença ilustre da atriz espanhola Carmen Maura

+++ LEIA MAIS: 5 livros que você precisa conhecer no Dia do Cinema Brasileiro

A artista foi musa dos filmes do diretor Pedro Almodóvar, e estrelou longas como Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988), Que Fiz Eu Para Merecer Isto? (1984) e Volver (2006). Agora, brilha com a direção de Falabella, que fez questão de ter a participação da atriz. 

Maura não conseguiu vir ao Brasil para gravar devido a problemas com a vacina de febre amarela. Mas não abriram mão dela - ao contrário - mudaram as filmagens para Montevidéu, no Uruguai, para incluir a estrela.

+++ LEIA MAIS: Os 5 melhores filmes de Matheus Nachtergaele

Paes adorou contracenar com Maura, por quem sentiu muito carinho: “A presença dela em cena e no set, mesmo calada, tinha uma potência de energia de quem pertence a esse universo há muito tempo, ela é uma diva,” elogiou.


Distribuído pela Imagem Filmes e produzido pela Ananã Produções, Veneza estreou em 17 de junho nos cinemas do Brasil.

+++ LEIA MAIS: Coronavírus, humor e audiovisual: como a comédia nos ajuda a lidar com o presente?


+++ OS 5 DISCOS ESSENCIAIS DE BOB DYLAN | ROLLING STONE BRASIL