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Motörhead traz seu rock direto a São Paulo

O trio britânico não se intimidou com a Virada Cultural e lotou a Via Funchal em noite de rock e diversão

Por Bento Araújo Publicado em 17/04/2011, às 16h53

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Motörhead em São Paulo - Thais Azevedo
Motörhead em São Paulo - Thais Azevedo

Quando Ian Lemmy Kilmister sobe ao palco e profere a frase "We are Motörhead and we play rock and roll" em seu tradicional microfone inclinado, milhares de fãs vão ao delírio completo. É hora de ver Lemmy e seus comparsas em ação, desta vez comemorando os 35 anos "da pior e mais barulhenta banda de rock do mundo".

E bota barulho nisso. Durante toda a sua carreira com o Motörhead, Lemmy sempre fez questão de afirmar que a música que pratica é apenas rock - nada mais, nada menos. O coração dessa selvageria é o protótipo do estilo - com seu distorcido baixo Rickenbacker plugado em poderosos amplificadores de guitarra e sua voz tratada com muito uísque e três maços de cigarros por dia.

Musicalmente, o Motörhead - Lemmy, Phil Campbell (há 27 anos na guitarra) e Mikkey Dee (há 19 na bateria) - continua entrosado. "Iron Fist" foi a primeira, saudada pelos fãs com a devida emoção, já que é tema de abertura também do disco homônimo. "Stay Clean", outro standard do grupo, surge na mesma intensidade e prepara o terreno para "Get Back In Line", a primeira da noite pinçada do novo trabalho de estúdio do trio, o satisfatório The Wörld Is Yours.

Lemmy anuncia "Metropolis", hino carrancudo e sinistro do som pesado, para logo depois sacar da manga algo que levou a ala old school da plateia ao delírio: "Over The Top", o lado B do compacto de "Bomber", que nunca apareceu em disco de estúdio da banda. Outra ótima surpresa do set list apareceu com "I Got Mine", do injustiçado álbum Another Perfect Day, que por ser mais melódico gerou controvérsia entre os fãs em 1983. Lemmy anunciou a música dizendo: "Vamos tocar agora uma antiga canção de 1983, quando a maioria de vocês nem era nascido...". Em um primeiro instante você poderia jurar que ele estava exagerando, mas bastava olhar para o lado e avistar indefesas adolescentes acompanhadas do pai.

"Going To Brazil" é sempre muito apropriada, principalmente por aqui, é claro, e o show segue, com outras do novo álbum e clássicos como "The Chase Is Better Than The Catch" e "Killed By Death". Quando "Ace Of Spades" surgiu devastadora nos falantes, todos sabiam que infelizmente o show estava chegando ao fim. O trio deixa então o palco para voltar no bis com "Overkill", uma pancada tão violenta que, sozinha, em 1979, foi responsável por dar o pontapé inicial no traseiro de gêneros que dominaram o som pesado da década seguinte, como o thrash e o speed metal.

Missão cumprida. Todos devidamente exauridos e com a audição abalada vão deixando a pista da Via Funchal. Virada Cultural? Em nada ela afetou o sucesso da apresentação que contou com casa lotada. Inúmeras passagens pelo país e uma já confirmada escalação para o Rock In Rio, no segundo semestre deste ano, atrapalharam? Nada disso, ver Lemmy ao vivo é sempre uma experiência única - seus fãs somam e prezam shows do Motörhead no currículo como talvez nenhum outro tipo de fã.