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Musical Grease: Nos Tempos da Brilhantina completa 40 anos

O ator Lorenzo Lamas conta como foi trabalhar na produção

Paulo Gustavo Publicado em 13/06/2018, às 15h02 - Atualizado às 16h32

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Cena de <i>Grease: Nos Tempos da Brilhantina</i> - Reprodução
Cena de <i>Grease: Nos Tempos da Brilhantina</i> - Reprodução

No dia 13 de junho de 1978 estreava Grease: Nos Tempos da Brilhantina, musical campeão de bilheteria que marcou a década de 1970. Na época, John Travolta era o maior astro das telas, depois de ter se consagrado no ano anterior com Os Embalos de Sábado à Noite. Este longa nostálgico, dirigido por Randal Kleiser, se passa na década de 1950. No filme, Travolta vive o durão Danny Zuko, líder de uma gangue chamada T-Birds que se apaixona pela inocente Sandy (a cantora Olivia Newton-John), que havia acabado de chegar à escola Rydell High. Um dos destaques do filme foi a trilha sonora, incluindo canções de sucesso como “Grease” (com Frankie Valli), “You’re The One That I Want” (com Travolta e Olivia) e “Summer Nights” (com Travolta, Olivia e o resto do elenco).

Depois de ter feito sucesso na tela grande, Grease seguiu sendo reprisado na televisão, conquistando novos fãs. Nos Estados Unidos, ele ainda é exibido nos cinemas em ocasiões especiais, com os fãs comparecendo caracterizados como os personagens. Agora, a distribuidora Paramount está celebrando os 40 anos de Grease: Nos Tempos da Brilhantina com o lançamento de uma edição especial em Blu-ray. O pacote de luxo tem um digibook, um livreto e fone de ouvido personalizado, além do DVD e Blu-ray. Todo o processo de remasterizado foi supervisionado pelo diretor.

Um dos personagens mais lembrados do filme é o do atleta Tom Chisum, que é o namorado de Sandy até que Danny Zuko rouba o coração dela. Chisum foi interpretado por Lorenzo Lamas, mais conhecido pelas atuações em tramas de ação e aventura, como o seriado Renegado (exibido na Warner Channel e no SBT), e filho de Fernando Lamas, ator argentino que fez carreira em Hollywood nos anos dourados da MGM. Esses dois fatos sobre a vida de Lorenzo, claro, sempre aparecem quando ele fala da própria carreira, do apoio dos pais e do primeiro passo que deu rumo ao sucesso.

Depois que vi o piloto de Renegado, nos anos 1990, me falaram que você estava em Grease. Fui para casa assisti ao filme e lá estava você, loiro e tímido na frente de Olivia Newton John.

É mesmo [risos]. Eu tomava muito sol e meu cabelo ficava mais claro. Hoje, fico feliz de ainda ter cabelo...

Atuar em Grease foi um passo importante na sua carreira...

Meus pais sempre me apoiaram na escolha que fiz. Minha mãe [a atriz Arlene Dahl, do clássico Viagem ao Centro da Terra, de 1959] gostava da ideia, enquanto meu pai [o ator Fernando Lamas, de A Viúva Alegre, de 1952] me matriculou no Film Actors Workshop de Tony Barr, em Los Angeles. Quando eu era criança, trabalhei com meu pai em 100 Rifles (1969). Depois do curso, fiz algumas participações em série. Para chegar até Grease, a sorte ajudou um pouco. Após uma festa do Oscar, meu pai me apresentou para um dos produtores do filme. Foi um encontro informal e nem pensava em conseguir alguma coisa, depois que vi quem estava no filme.

Como foi trabalhar com Olivia-Newton John e John Travolta?

Eles sempre foram muito gentis e legais comigo. Mas eu era tímido e jamais imaginaria que pudesse estar junto com elenco tão profissional como aquele. O que acabou acontecendo é que fui fazer teste para o papel do Tom Chisum, mas não rolou. Alguns dias após o início da produção, recebi um telefone dizendo que estava contratado. Depois fiquei sabendo que Steve Ford, que passou no teste para ser o namorado da Olivia, acabou desistindo do papel.

O engraçado é que Tom não falava nada...

Ele era pior do que eu [risos/. Ao mesmo tempo, o personagem tinha que ter aquela pose de grande jogador de futebol. Para mim não fazia diferença se Tom falava ou não, eu estava em uma super produção, com uma equipe fantástica e gente muito interessante de se conhecer. Sabe, eu fiquei praticamente todos os dias em locação acompanhando a filmagem. Eu não queria perder nada.

Você conseguia conversar com Olivia e Travolta?

Sim, quando dava. Olivia ficava muito tempo no trailer dela, mas tinha uma energia radiante. Muita gente dizia que ela estava insegura em atuar por causa de um filme antigo que ela fez e foi um fiasco. Tanto que pediu para os produtores de Grease para fazer um teste com o John para ter certeza de ela era a escolha certa. E claro que foi.

E quanto ao John Travolta?

John gostava de mostrar que estava tudo bem, mas sabíamos que não estava. A morte de Diana Hyland [que trabalhou com ele em O Rapaz da Bolha de Plástico] o abalou muito. Algumas vezes, depois das filmagens, ele ficava com o pessoal da produção cantando e contando piadas. Acho que era o jeito dele lidar com a dor. Foi ele quem me inspirou a tirar o brevê de piloto.

Nesses quarenta anos desde o lançamento de Grease, e com tudo o que você já vez no cinema e na televisão, o que aprendeu?

Acho que fazer um trabalho de equipe e confiar nas pessoas que estão do seu lado. Logo depois de Grease, fui fazer teste para um dos personagens da série Falcon Crest (1981, inédita no Brasil). Era um papel importante e estava muito inseguro, especialmente porque uma amiga das antigas da minha família, Jane Wyman, estava no elenco. Ela me conhecia desde que eu era um bebê. Quando estávamos iniciando a produção da série ela me chamou no camarim e disse, me olhando com seriedade: "Ou você foca no seu trabalho ou nunca será um ator respeitado".

Isso intimidaria qualquer um!

Sim, mas logo em seguida ela falou que iria me dar uma mão. A partir daquele dia, ela tirava um tempo para me ajudar a passar meu texto, ensinar o melhor jeito de atuar em uma determinada cena. Eu aprendi tudo com Jane, ela foi muito mais do que uma colega de trabalho. Foi uma amiga de quem sinto falta até hoje. A série foi um sucesso, ficamos 9 temporadas no ar.

E você acabou sendo indicado ao Globo de Ouro como Ator Coadjuvante.

Sim, foi legal na época. Mas também fui indicado ao Framboesa de Ouro em 1984 por Body Rock [risos].

Você conhece o Brasil?

Sim. Estive em São Paulo há alguns anos em um evento de motociclistas que fazem ações sociais, como o grupo a que pertenço aqui em Los Angeles. Isso começou a acontecer quando estava fazendo Renegado, no qual meu personagem andava de moto pelo Estados Unidos caçando criminosos. São ações muito legais que vão desde cuidado com crianças até campanhas contra o câncer. Gostaria de conhecer mais o Brasil.

Como vai comemorar os 40 anos de Grease?

Dançando e cantando... em casa com a minha família [risos]. Falando sério, vão acontecer vários eventos promovidos pela Paramount para celebrar o filme e o lançamento dele em DVD e Blu-Ray. Grease tem tudo o que se espera de uma obra legal: uma boa história e um elenco fantástico. E tem canções que são sucesso até hoje. Acho que tem muita gente que não sabe que elas fazem parte desse filme. E quem nunca viu não sabe o que está perdendo!