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Netflix deverá investir em conteúdo original no Brasil na área de stand-up

Jonathan Friedland, executivo chefe de comunicação do serviço, contou que o site também adicionará lutas do UFC para os brasileiros

Stella Rodrigues Publicado em 20/02/2012, às 10h32

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Netflix - Foto: Reprodução
Netflix - Foto: Reprodução

A chegada do Netflix ao Brasil está prestes a completar seis meses. O serviço de vídeos on demand faz esse meio aniversário com um saldo de crescimento bastante satisfatório. De acordo com o que contou à Rolling Stone Brasil Jonathan Friedland, executivo chefe de comunicação da Netflix, a ampliação do site no país se deu em três frentes.

“Dobramos a quantidade de conteúdo no site. Tem 100% a mais de filmes e programas de TV desde que começamos”, conta. Porém, ele não especifica qual era esse número inicial e qual é o atual. Faz parte da política da empresa não divulgar tais dados, já que a quantidade de vídeos do site flutua muito. Friedland revela ainda que o ritmo de crescimento deve desacelerar nos próximos seis meses.

“Também colocamos legendas em muita coisa. Agora, 90% do conteúdo (tirando os programas e filmes para crianças) tem opção de legenda e dublagem. Quando começamos, tinha muito mais dublagem, mas ouvimos bastante dos 'early adopters' [termo que designa as pessoas que aderem ao novo serviço logo que ele é lançado] que eles preferiam legenda. Então, corremos para arrumar isso.” A estratégia vai contra o que observamos nas TVs a cabo nos últimos tempos. As emissoras passaram a privilegiar a dublagem, eliminando a legenda, que antigamente parecia ser a preferência do brasileiro que pagava assinatura. Hoje, de acordo com a matéria “Em Bom Português”, publicada na edição de fevereiro/2012 da Rolling Stone Brasil (leia um trecho aqui), o lucro está nas dublagens. “Quando fizemos a pesquisa antes de vir para cá, nos disseram que vocês gostavam de dublagem. E quando chegamos todo mundo reclamou que não tinha legenda, o que estranhamos. Acredito que dependa do nível de educação e renda. Por ora, só operamos com cartão de crédito e as pessoas precisam de acesso à internet, essas são coisas que limitam o público a uma certa faixa financeira.”

O terceiro indicativo de crescimento diz respeito à tecnologia. Agora, há muito mais formas de acessar o site. “Colocamos o Netflix para funcionar em muitos novos dispositivos. Agora dá para acessar pelo PlayStation 3, Xbox 360, Wii PC, Mac, em quase todas as smart TVs vendidas no país, aparelhos de Blu-ray, em qualquer Android e qualquer coisa da Apple.”

A expansão no Brasil reflete o que acontece com a empresa internacionalmente: a crise está revertida. No meio do ano passado, quando o Netflix separou o serviço de entrega de DVD do de streaming, os usuários se revoltaram e muitos cancelaram a assinatura. “Perdemos 800 mil usuários, ficamos com 20 ou 22 milhões. Desde então, recuperamos esse número e aumentamos, já estamos com mais de 23 milhões."

Nesse período de meio ano no Brasil, já deu para sentir tendências bem claras no comportamento do usuário local. Com um forte esquema de pesquisa e análise de dados, a empresa não perde tempo em investir naquilo que dá clique, e deixa de lado tipos de vídeos que não são exatamente um sucesso. "O gosto por séries e filmes de Hollywood é muito nítido. Há menos interesse em telenovelas e outros conteúdos de outras partes da América Latina. Há um interesse tremendo em comédia", explica Friedland. "Acabamos de colocar os stand-ups do Bruno Motta e do Fábio Lins. Vão entrar também mais filmes nacionais. Nos próximos dias, vamos adicionar 2 Filhos De Francisco e Cazuza - O Tempo Não Pára. Mais para frente, teremos O Menino da Porteira", revela, em primeira mão, o empresário.

Nos exemplos citados acima ficam evidenciadas duas tendências: filmes com temática musical e stand-up. Embora o serviço continue sem interesse específico em investir em shows, por exemplo, está de ouvidos abertos para notar títulos ligados à música, tema que sempre agrada. “Tem muita coisa relacionada à ela nos Estados Unidos e a ideia é aumentarmos isso no Brasil também – com documentário e ficção.”

A outra tendência reflete um gosto que o brasileiro adquiriu há alguns anos e que de forma incontestável chegou e ficou. Friedland sugere que, mais para frente, o Netflix quer levar adiante o projeto de produzir conteúdo próprio no Brasil (e em outros países) e, por aqui, o stand-up é o caminho. Mas a ideia não é para já. Atualmente, estão com as mãos cheias investindo em séries próprias internacionais. Conforme explicamos aqui, além de retomar Arrested Development, que chegará à internet no início de 2013, o Netflix está investindo em mais duas séries originais para o ano que vem. Em 2012, Lilyhammer e House of Cards chegam ao serviço, ambas já anunciadas e detalhadas aqui e aqui. A primeira já estreou. Estrelada por Steve Van Zandt, da E Street Band (que toca com Bruce Springsteen), tem uma energia bastante relacionável a Família Soprano (na qual Zandt atuou). A segunda, com temas políticos, está sendo coordenada por ninguém menos que David Fincher (Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres).

Se o stand-up é um febre que não passa, a tendência aponta o mesmo caminho para o UFC. Os vídeos das lutas do esporte cada vez mais popular por aqui também estão nos planos do site.