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No centenário de Frank Sinatra, homenagens relembram o talento do artista

Neste mês, Frank Sinatra completaria 100 anos. O cantor viveu intensamente – e, como costumava cantar, sempre do jeito que quis

Paulo Cavalcanti Publicado em 12/12/2015, às 08h02

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O cantor no estúdio da Capitol Records em Los Angeles, em meados dos anos 1950 - FRANK SINATRA ENTERPRISES, COURTESY OF CAPITOL PHOTO ARCHIVES AND THE VAN HEUSEN PHOTO ARCHIVES
O cantor no estúdio da Capitol Records em Los Angeles, em meados dos anos 1950 - FRANK SINATRA ENTERPRISES, COURTESY OF CAPITOL PHOTO ARCHIVES AND THE VAN HEUSEN PHOTO ARCHIVES

No dia 12 de dezembro de 1915, nascia em Hoboken, Nova Jersey, Francis Albert Sinatra. É difícil imaginar que, se estivesse vivo, Frank Sinatra completaria 100 anos: centenário é algo relacionado a coisas arcaicas, mas a arte do cantor e seu estilo de vida não se apagam.

Sinatra foi produto de uma época em que os Estados Unidos mudavam rapidamente, quando filhos de imigrantes como ele (seus pais nasceram na Itália) eram moldados por um panorama no qual figuravam a Lei Seca e a Grande Depressão. O jovem crooner despontou na era das big bands, cantando com as orquestras de Harry James e Tommy Dorsey. Quando se lançou solo, em 1942, no momento em que os Estados Unidos se empenhavam na Segunda Guerra Mundial, Sinatra causou histeria nas mulheres solitárias, saudosas dos maridos e namorados que lutavam na Europa e no Oriente.

The Voice, como passou a ser chamado, se tornou um grande astro na música e no cinema. Mas, com o fim da guerra, a carreira dele declinou. Depois de um período terrível, em que se digladiava com a imprensa e vivia um relacionamento tóxico com a atriz Ava Gardner, Sinatra deu a volta por cima. Em 1954, ele ganhou um Oscar pela brilhante atuação em A Um Passo da Eternidade e assinou com a Capitol Records, pela qual gravou obras-primas como In the Wee Small Hours (1955), Songs for Swingin’ Lovers! (1956), A Swingin’ Affair! (1957) e Frank Sinatra Sings for Only the Lonely (1958). Era, nesse tempo, um homem poderoso e de enorme fortuna, o chefão de Las Vegas e Hollywood que conquistava as mulheres mais bonitas do mundo. Essa busca constante pelo poder fez com que ele, inclusive, estabelecesse alianças questionáveis no submundo e dentro da Casa Branca.

O surgimento de Elvis presley e do rock and roll a princípio não abalou Sinatra. Quando os Beatles explodiram, o cantor ainda estava de pé e lutando; em 1966, chegou ao primeiro lugar das paradas com “Strangers in the Night”. Ele desdenhava do hit “My Way”, que lançou em 1968: “Uma musiquinha do Paul Anka que virou um hino nacional”, costumava dizer. Mas a mensagem de “My Way”, um misto de provocação, orgulho e arrogância, no qual o narrador se gaba de “fazer as coisas do meu jeito”, definiu a essência do Sinatra de meia idade. As mais novas gerações hoje se lembram dessa fase do cantor como um monólito da cultura norte-americana: um senhor grisalho trajando smoking e entoando de forma triunfante “Theme from New York, New York”.

Enquanto vivo, Sinatra, a celebridade, preencheu várias páginas de tabloides com suas brigas, um suposto envolvimento com a Máfia e inúmeros casos amorosos. Em seus últimos anos, no entanto, o lado provocador já estava esmorecido. O astro morreu no dia 14 de maio de 1998, após um ataque cardíaco, mas a música ficou. Ao longo da vida, ele aprendeu muito sobre solidão, sofrimento e decepções. As interpretações definitivas que fez para os grandes clássicos do cancioneiro norte-americano ainda ressoam com beleza e sabedoria. Enquanto existirem pessoas solitárias sofrendo por amor, enchendo a cara, envoltas em fumaça e enfrentando as horas arrastadas da madrugada, a voz de Frank Sinatra continuará servindo como fonte de conforto.