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Noel Gallagher: "Eu tenho um estilo definido e não tenho controle sobre o que componho"

Ex-guitarrista do Oasis fala sobre seu novo projeto, o High Flying Birds, e diz que não tem interesse em se diferenciar de sua antiga banda

Por Andy Greene Publicado em 09/08/2011, às 11h31

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"Não vou tocar canções do catálogo do Oasis que você associe com Liam. Eu não posso cantar como ele canta", disse Noel Gallagher em entrevista à <i>Rolling Stone</i> - AP
"Não vou tocar canções do catálogo do Oasis que você associe com Liam. Eu não posso cantar como ele canta", disse Noel Gallagher em entrevista à <i>Rolling Stone</i> - AP

O novo projeto de Noel Gallagher, Noel Gallagher's High Flying Birds, se originou muito em parte devido ao seu tédio. "Eu estava numa banda, certo?", diz o ex-guitarrista do Oasis à Rolling Stone. "E eu a abandonei. E então escrevi umas músicas. Eu tinha um monte de canções que sobraram da banda. E então escrevi mais canções. E depois de alguns anos ficando em casa, eu tive um filho. Saí de casa. Minha esposa decidiu que era hora de eu arrumar algo pra fazer, porque eu estava a incomodando."

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O nome do grupo foi inspirado por duas bandas de rock da década de 60. "Eu estava ouvindo o Peter Green's Fleetwood Mac e pensei 'Pô, Noel Gallagher alguma coisa'", conta. "E então eu estava olhando CDs um dia e lá estava - 'High Flying Bird', do Jefferson Airplane. E eu fiquei como, 'Puta merda, eu sou um gênio. Uma porra de um gênio.'"

Gallagher recrutou muitos de seus amigos de longa data para se juntar ao High Flying Birds, incluindo o guitarrista David McDonnell e o baixista Russell Pritchard. Ele afirma que a gravação de seu disco homônimo - que chega às lojas dos Estados Unidos em 8 de novembro - foi mais satisfatória do ponto de vista criativo do que seus últimos álbuns com o Oasis. "Para estar em uma banda, você tem de aceitar que aquilo será um compromisso", ele disse. "Dessa vez eu não tinha de explicar a ninguém como ia ser. Eu estava de saco cheio de escrever letras para outras pessoas. Foi um processo muito sereno e pacífico de gravação. Tenho certeza que vai ser compensado por uma porra de caos total e destruição ao vivo."

O disco foi produzido por Dave Sardy, que produziu os últimos dois álbuns do Oasis. Gallagher diz que ele teve pouco interesse em fazer o álbum soar diferente de seu trabalho com sua ex-banda. "Eu tenho um estilo definido e não tenho controle sobre o que componho", declara. "Não sou técnico o suficiente para tentar todos os tipos de música. Eu gostaria de poder escrever uma porra de um disco como Raw Power [do Stooges] ou Wish You Were Here [Pink Floyd], ou ter a habilidade de um camaleão musical. Mas foda-se, não tenho. Eu apenas escrevo essas músicas porque elas são verdadeiras para mim e vêm de um lugar sincero. E é isso aí. Eu não dou a mínima sobre ser diferente. Eu quero ser o mesmo. E isso, essencialmente, me faz diferente."

Até o momento, só uma breve turnê por teatros na Inglaterra foi marcada para o final de outubro - mas Gallagher diz que mais shows virão, incluindo uma turnê norte-americana em novembro. "Eu toquei em estádios nos últimos dez anos. A única vez que eu pus o pé no teatro foi para ver uma porra de uma peça. Então vai ser muito menor e eu estou meio assustado a respeito. Eu tenho de ver isso."

Muitas pessoas - incluindo este repórter - tentaram, sem sucesso, convencer Gallagher de que seria uma boa mudança de ares tocar em lugares menores, nos quais ele possa ver os rostos do público. "Não, vá se foder", ele disse. "Não, eu não quero ver a cara de ninguém. Eu não quero ninguém falando comigo entre as músicas. Não quero assinar porra nenhuma pra ninguém. Eu estou acostumado a estar a uma milha de distância. Isso me conforta. É muito mais tenso tocar na frente de pessoas que estão a dois passos de distância de mim."

Essa linha de pensamento prossegue por um tempo. "Pessoas ficam dizendo: 'Ah, vai ser bom para você sair da sua zona de conforto'", ele debocha. "Tipo 'Vai se foder!'. Saia você da sua porra de zona de conforto! Levou 20 anos para eu construir uma zona de conforto. Eu não tenho intenção de pisar fora da minha. Para nenhum filho da puta. Eu estou no processo de construir outra e acredite em mim, eu não vou pisar fora desta."

O show vai focar amplamente no material novo de Gallagher, mas ele vai tocar algumas músicas do Oasis. "Eu só vou tocar músicas que eu escrevi", ele revela. "Não é como eu ser o Morrissey e tocar uma música que outra pessoa escreveu para mim. Eu escrevi todas essas canções com todas essas palavras. Elas são minhas. Não vou tocar canções do catálogo do Oasis que você associe ao Liam. Eu não posso cantar como ele canta. Eu nem vou tocar tantas músicas do Oasis assim, pra ser sincero. De uma hora e meia de show, vai ter dez minutos de Oasis. Então talvez tenha umas quatro músicas. Eu não vejo um dia em que eu não toque músicas do Oasis. Sempre pensei que a maioria das bandas deveria tocar canções do Oasis, de qualquer forma. O Foo Fighters definitivamente devia tocar algumas. Green Day poderia até fazer mais do que uma ou duas. Radiohead? Quer dizer, vamos encarar: seria uma noite bem melhor."