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A noite do jazz e da música contemporânea na MIMO

Programação trouxe o jazz de Chucho Valdés e a música inclassificável de Maria João e Mário Laginha

Antônio do Amaral Rocha, de Olinda Publicado em 09/09/2012, às 20h09 - Atualizado em 10/09/2012, às 18h49

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Maria João - Divulgação
Maria João - Divulgação

O show das 19 horas deste sábado, 8, na Igreja do Seminário reservou uma agradável surpresa para quem se dispôs a encarar e vencer mais uma ladeira. Com a nave da igreja totalmente lotada, o “palco” recebeu dois representantes da cena musical portuguesa contemporânea, o pianista Mário Laginha e a cantora Maria João (foto). Poucos podiam saber o que iriam ouvir - e o que ouviram foi uma grata surpresa. O piano de Laginha proporcionou uma perfeita cama para a impressionante voz de Maria João, cantando o repertório do álbum Chocalate, que inclui temas do cancioneiro brasileiro, como “Beatriz”, de Edu Lobo e Chico Buarque, e repertório próprio.

A presença eletrizante de Maria João no palco manteve a plateia atenta o tempo todo. O registro vocal dela, desde o mais grave até o mais agudo, e sua capacidade de improvisar sobre os temas fizeram grande diferença. A sua recriação de “Beatriz” foi o ponto alto e acrescentou algo mais à já definitiva gravação de Milton Nascimento. Maria João declarou que O Circo Místico, no qual está esta canção, é um dis discos da música brasileira de que mais gosta. Em um momento de improviso, Maria João fez a sua voz simular uma cantora de sonoridade oriental; em outros momentos, um preto velho do candomblé, e até ecos de uma cantoria árabe. Tudo isso alternadamente, em uma performance de, literalmente, tirar o fôlego.

E a festa continuou. Como se fosse uma procissão profana, o público desceu a ladeira para alcançar a Igreja da Sé e acompanhar mais um imperdível espetáculo da programação, que se iniciou às 20h30. Ali o palco foi armado para receber uma lenda do jazz cubano, o pianista Chucho Valdés, acompanhado de um quarteto composto de bateria, baixo, percussão e vocal. No programa, o repertório do álbum Chucho Steps, com forte domínio da marcação percussiva, especialmente pela forma com que Chucho usa a mão direita no teclado, quase que martelado. A música de Chucho tem elementos de funk, da música cubana tradicional, e especialmente do jazz, e deixa transparecer uma forte presença rítmica da música negra, tal como se dá na música brasileira, que Chucho admira e conhece muito bem. Depois do set list programado de nove temas, o público não “permitiu” que a banda saísse do palco e Chucho proporcionou um bis duplo, em um show que pode ser classificado como cerebral.

A atrações da Mimo se encerram neste domingo, dia 9, com os shows do duo Ivan Vilela (viola caipira) e Andréa Luísa Teixeira (flauta e piano) no Convento de São Francisco; do violonista Arismar do Espírito Santo na Igeja do Seminário de Olinda, e a Orkestra Rumpilezz de Letieres Leite na Praça do Carmo.