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Nova era dos reality shows? Como o streaming como Netflix e Amazon Prime Video mudou o jogo? [ANÁLISE]

Desde a década de 1990, o formato é um dos preferidos do público. Quais são as apostas do streaming neste tipo de programa?

Isabela Guiduci Publicado em 03/07/2020, às 07h00

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The Circle Netflix e Soltos em Floripa Amazon Prime (Fotos: Divulgação/Reprodução)
The Circle Netflix e Soltos em Floripa Amazon Prime (Fotos: Divulgação/Reprodução)

Quem já ouviu falar em Big Brother Brasil? Ou leu "#ExNaMTV" entre os assuntos mais comentados do Twitter às quinta-feiras às 22 horas? Viu um meme nas redes sociais de um participante que se enrolou em uma prova do Masterchef? E até chorou com a história de uma criança em busca do sonho de ser cantora no The Voice Kids

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Nos últimos anos, os reality shows passaram a ser ainda mais consumidos pelo público. Aqui no Brasil, o Big Brother, por exemplo, bate constantemente, recordes de audiência para a TV Globo. Na edição de 2020, de acordo com dados divulgados pela emissora, o programa alcançou 32 pontos de audiência, a maior desde a final do BBB18. 

Outro exemplo aqui no Brasil é o reality show da MTV, De Férias com o Ex, que soma a maior audiência de um canal da TV fechada. Além disso, a pluralidade de opções de programas deste formato faz com que os mais diversos públicos sejam alcançados com A Fazenda, Masterchef, The Voice, Esquadrão da Moda e outros. 

"Os reality shows são projetos com muita força popular. Em geral, são formatos que atraem bastante o público e sempre foram motivos de sucesso apesar de muitos deles sofrerem críticas. Além disso, eles geram muito engajamento e muita falação sobre eles", explicou Rico Perez, diretor e criador de conteúdo audiovisual, responsável por dirigir vários projetos como Supernanny, Me Poupe!, Esquadrão da Moda e Escola Para Maridos.

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Atualmente, além das emissoras de televisão, os serviços de streaming estão investindo nos reality shows, principalmente a Netflix. Na plataforma, já são diversas categorias de produções originais do formato, dentre elas estão o The Circle, Casamento às Cegas, Too Hot To Handle, RuPaul’s Drag Race, Dating Around, Magos da Decoração, Next in Fashion,entre outros. 

Na Amazon Prime Video, por exemplo, há produções originais como Soltos em Floripa e Famílias Frente a Frente Brasil, mas também, o streaming aposta em trazer ao catálogo programas já conhecidos e amados pelo público como o Masterchefe o De Férias com o Ex Brasil.  

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"A Amazon, por ter chegado depois ao Brasil e ter menos força do que a Netflix aqui, foi para um lado mais popular. O De Férias com o Ex é o formato que mais deu audiência para a TV paga nos últimos dois anos, então eles compram o direito de exibir no streaming. De alguma maneira, é uma tentativa de atrair o público sedento para ver esse tipo de série. O Soltos em Floripatambém flerta com esse universo mais jovem e sexual", explicou o diretor.


Popularização do Formato

O reality show surgiu na década de 1970, nos Estados Unidos, com um programa que retratava o cotidiano de uma família norte-americana, apresentando os conflitos e questões diárias - todavia, na televisão. Exibido pelo canal PBS, a série era intitulada An American Family.

Destaque na produção de reality shows, a MTV norte-americana foi a responsável por chamar a atenção do público para esse tipo de programa. Foi com The Real World, no início da década de 1990, que o gênero se consolidou. A série apresentou jovens comuns - portanto, “reais” - vivendo em uma situação extraordinária ao habitar a mesma casa com outros jovens por vários meses. 

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Não demorou muito para a televisão brasileira exportar o formato, principalmente com a MTV Brasil. Foi com a Rede Globo, porém, que o formato ganhou apreço dos brasileiros com No Limite, adaptação para a versão norte-americana Survivor, lançada pelo canal CBS

O programa contempla diversos sub-gêneros. Dentre eles estão os principais e mais bem-sucedidos com o público: Confinamento, Game Show (Disputa), Talent Show (Show de Talentos), Sobrevivência, Ajuda Profissional e Docu-Reality. 

Os nomes dos sub-gêneros já entregam didaticamente sobre como ele se constitui. Nos programas de sobrevivência, os participantes buscam alternativas para sobreviver em ambientes hostis. Já os Talent Shows apresentam pessoas com talentos em busca de um prêmio, como o The Voice Brasil

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A Disputa, ou Game Show, são aqueles programas nos quais os participantes disputam por alguma coisa - emprego, namorados, entre outros. Outro grande exemplo é o confinamento, quando pessoas que, em geral, não se conhecem, são isoladas em um determinado espaço para viverem espontaneamente as relações interpessoais.

Também existem os programas de ajuda de profissional, muito conhecidos no Brasil por conta do sucesso de Supernanny, por exemplo, no qual, uma pessoa ou uma família contam com ajuda de um especialista para resolver um determinado problema. 

Dentre os formatos mais conhecidos e consumidos pelo público, também tem o docu-reality, que tem o objetivo de mostrar a vida das pessoas nos ambientes reais - não em locais isolados ou fora da zona de conforto, como é o caso do confinamento. 

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O streaming no Brasil

Os dados da pesquisa The State of Mobile 2020 apontam que o Brasil é o terceiro país que mais consume serviço de streaming no mundo, e fica atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia, respectivamente. De acordo com os dados, os favoritos dos brasileiros são Netflix, YouTube, Amazon Prime e Globoplay

Ainda, a pesquisa mostra que globalmente houve um aumento de 50%, entre 2017 e 2019, dos consumidores que passam mais tempo em aplicativos de entretenimento nos aparelhos móveis. As opções de download, alta qualidade entre outras ferramentas facilitadoras do streaming catalisaram esse avanço. 

Para catálogos completos e que possam atrair o máximo de público possível, os streamings têm investido amplamente em conteúdos originais - e o reality show está entre eles: "O streaming tem investido, porque gera comentário e audiência, atrai mais público e fortalece a rede de assinantes que aquela plataforma tem", afirmou Rico.

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Embora o streaming esteja crescendo, Rico não acredita que o mesmo deve tirar o espaço da TV convencional por conta especificamente dos reality shows: "Quando falamos das gerações que vêm pós-milennials, falamos do público que vai rejuvenescendo a audiência. Se a TV convencional não fala com esse público, vão perder audiência a médio-longo prazo, então acredito que o “problema” que as plataformas de streaming trazem para a TV convencional não tem necessariamente a ver com os reality shows".

"Mas sim, eles [o streaming] são mais ousados, especialmente quando falam de público, porque tem menos medo de falar com o público gay ou com o público negro, por exemplo. Acredito que isso também tem a ver com um público mais jovem [que consome esse tipo de conteúdo]", o diretor completou.

Ainda, concluiu: "Penso que a TV convencional vai precisar se recriar mais, pensar e mudar mais a programação se ela quiser ter essa força desse público [jovem]. [...] Acredito que a ousadia pode atrapalhar a TV convencional - da criação da dramaturgia aos reality shows", concluiu.  

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O investimento dos streamings em Reality Show

É inegável o investimento do streaming, principalmente da Netflix, em diversos sub-gêneros de reality - desde confinamento, ajuda profissional, disputa, docu-reality e outros. 

"Acredito que o foco do streaming, para ele existir, precisa atrair público. Atrair público significa gerar curiosidade para as pessoas assinarem aquela plataforma e assistirem aquele determinado formato. Penso que eles apelam para reality shows capazes de gerar um engajamento cada vez maior. Portanto, investem em formatos nos quais você discute um determinado tema ou com um personagem muito forte, porque isso gera tanta curiosidade que mais pessoas assinarem", opinou Rico.  

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Vale lembrar que o reality show é um formato com um ótimo custo-benefício, porque é muito mais barato do que a produção de uma série, por exemplo, mas tem capacidade de gerar tanto engajamento ou até mais se comparado com um seriado original das plataformas. 

Rico, inclusive, lembrou que para você atrair o público para uma série ou filme original, é preciso trazer “pessoas que agregam força”. Portanto, certamente haverá um gasto maior - não só com cenários, mas com atores, diretores ou produtores que já tem um nome na indústria cinematográfica, e consequentemente, isso vai gerar mais despesas para o streaming. 


Nova era dos Reality Shows?

Os reality shows sempre vão se concentrar nos participantes - pessoas reais que carregam uma história capaz de comover o público, além de precisarem ter uma força carismática e um comportamento autêntico.

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Para o programa funcionar, é preciso de um casting com pessoas responsáveis por um resultado cênico. Além de combinar estes personagens com um roteiro que resgata elementos dramatúrgicos, mas com a peça central focada nas reações originais dos participantes. 

Sobre a preferência de sub-gêneros dos reality shows, Rico afirmou: "Competições inusitadas como Nailed It(Mandou Bem), que explora alguma coisa que a pessoa não conseguir fazer ou trazer olhares diferentes sobre temas bastante explorados, como é o caso do Too Hot To Handle (Brincando com Fogo), relacionamentos nos quais o sexo é proibido."

De acordo com Rico, em um primeiro momento, o streaming focou em um tipo de reality que trazia participantes de vários lugares do mundo para, teoricamente, atrair públicos de diversos países, como é o caso do The Final Tablena Netflix e do Making The Cut na Amazon Prime Video

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Atualmente, contudo, o diretor e criador de conteúdo acredita que "especialmente a Netflix, tem comprado ideias como o The Circle, ou o Brincando com Fogo, ou o Casamento às Cegas, que são reality shows bastante populares, interessantes e polêmicos. Então eles adaptam esses formatos para o mercado local, e o público vai ter o The Circle Brasil, o Brincando com Fogo Brasil e Casamento às Cegas Brasil."

Por fim, concluiu: "A Amazon Prime Video ainda não fez esse anúncio, mas acredito que esse é o caminho dos reality shows no streaming. Acredito que a tendência do streaming é, em vez de fazer séries globais, fazer produções em diferentes idiomas para aquele mesmo formato que já deu certo."


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