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Novo filme mergulha fundo na vida, na música e nos demônios de Amy Winehouse

Amy, que tem direção de Asif Kapadia, conta com imagens inéditas da cantora

Andy Greene | Tradução: Ligia Fonseca Publicado em 23/07/2015, às 13h16 - Atualizado às 13h39

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<b>TRIUNFANTE</b><br>
Amy no auge do sucesso de Back to Black, em 2007 - Ap Photo/Matt Dunham, File
<b>TRIUNFANTE</b><br> Amy no auge do sucesso de Back to Black, em 2007 - Ap Photo/Matt Dunham, File

Há cerca de dois anos, o documentarista Asif Kapadia começou a entrevistar amigos, colaboradores e parentes de Amy Winehouse em um estúdio de Londres. A cantora havia morrido menos de dois anos antes e as emoções ainda estavam à flor da pele. Então, ele deixou a câmera de lado e usou apenas um gravador de áudio para fazer com que os entrevistados se sentissem mais à vontade. “Estavam nervosos e havia muito sentimento de culpa”, relembra Kapadia. “Virou uma espécie de terapia. Todo mundo se abriu e falou sobre coisas que não havia nunca dito a ninguém.”

Edição 63 - O vício em álcool e as grandes músicas inéditas de Amy Winehouse.

O filme de Kapadia, Amy – lançado no Festival de Cannes em maio, com resenhas elogiosas, ainda sem data para chegar aos cinemas do Brasil –, conta a história da problemática cantora com uma profundidade inédita. O diretor usou imagens de arquivo nunca vistas e mais de 100 entrevistas recém-gravadas para documentar o talento e a decadência dolorosa de Amy, que culminou em sua morte aos 27 anos por intoxicação alcoólica.

Edição 59 - Amy Winehouse 1983-2011.

Mais conhecido por Senna ,filme de 2010 sobre o brasileiro tricampeão de Fórmula 1, o cineasta britânico afirma que sabia pouco sobre a cantora quando assumiu o projeto. “Descobri o ser humano criativo, inteligente e engraçado que ela era”, conta Kapadia. “Não sabia de nada disso. Não sei se alguém sabia.”

Com a privacidade escancarada e estimulada a viver sempre nos limites, Amy Winehouse também se viciou em alimentar a própria lenda ao seu redor.

À medida que lentamente ganhava a confiança de quem era próximo dela – incluindo sua melhor amiga, o empresário e o polêmico ex-marido, Blake Fielder-Civil –, recebia das fontes fotos e vídeos raros que compõem boa parte do filme. Cenas do começo, como a de uma Amy adolescente cantando “Feliz Aniversário” na festa de 14 anos de uma amiga, revelam o talento natural da cantora, enquanto a metade final do filme documenta seus agonizantes problemas com as drogas. Menos conhecida do público é a luta que ela travou contra a bulimia, que provavelmente teve um papel considerável na morte precoce da artista, ao enfraquecer seu coração. “Ela fazia reuniões em restaurantes e comia muito, mas não tinha nada de massa corporal”, conta Kapadia.

Uma cena poderosa mostra Amy gravando os vocais para “Back to Black” com o produtor Mark Ronson. “Isso chegou até a gente puramente por acaso”, revela o diretor. “Ouvimos um boato de que alguém havia registrado a sessão e acabamos encontrando as imagens.”

O filme mostra repetidamente enxames de paparazzi agressivos perseguindo a frágil cantora aonde quer que ela fosse, mesmo quando tentava entrar na reabilitação e consertar sua vida. “É bastante visceral. Através dos tabloides, a vida dela virou uma piada, e ela era uma alma sensível. Não era confiante o suficiente para lidar com essas questões.”

Amy Winehouse: a diva e seus demônios.

O pai de Amy, Mitch Winehouse, um taxista de Londres que começou a lançar as próprias músicas depois que a carreira da filha decolou, deu amplas entrevistas a Kapadia e é visto em boa parte das imagens de arquivo – em um momento, aparecendo até em uma visita a ela durante férias no Caribe, embora Amy não tivesse ideia de que ele chegaria com uma equipe de filmagem. O retrato geral é de um pai profundamente dedicado, mas que também estava muito interessado em maximizar o potencial de lucro da filha, mesmo enquanto a saúde dela degringolava. Mitch ficou extremamente irritado com a edição final do filme. “Estão tentando me retratar do pior ângulo possível”, afirmou ao jornal The Guardian, em maio (ele se recusou a falar com a Rolling Stone para esta reportagem).

Além da música: o legado fashion de Amy Winehouse.

Mitch fez objeção a uma passagem que o mostra sugerindo que a filha não precisava de reabilitação – afirma que quis apenas dizer que ela não precisava daquilo em 2005, mas que posteriormente apoiou a ideia à medida que a condição dela piorou. Kapadia defende o retrato mostrado no filme. “Estamos contando a história no presente. Naquele momento específico, foi o que aconteceu.”

As notícias pouco (ou nada) verdadeiras que saíam sobre Amy Winehouse.

As cenas finais, em que uma Amy doente mal consegue cantar no palco, podem ser difíceis de assistir, assim como o momento em que as autoridades saem da casa dela em Londres carregando um corpo. “Parte da intenção do final é perguntar: ‘Como deixamos isso acontecer?’”, declara Kapadia. “Como deixamos esse negócio continuar e ninguém interveio e impediu isso?”

Veja o trailer de Amy abaixo