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Rap fast-food

50 Cent acertou na variação animada entre hits e músicas menos conhecidas, mas focou em quantidade em vez de qualidade no show que aconteceu nesta quinta-feira, 15, em São Paulo

Por Fernanda Catania Publicado em 16/07/2010, às 11h51

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50 Cent apresentou a turnê <i>The Invitation</i> em São Paulo nesta quinta-feira, 15 - Stephan Solon/Divulgação/Via Funchal
50 Cent apresentou a turnê <i>The Invitation</i> em São Paulo nesta quinta-feira, 15 - Stephan Solon/Divulgação/Via Funchal

Minutos antes de 50 Cent se apresentar em São Paulo, nesta quinta-feira, 15, já era possível perceber que aquele seria mais um show pop do que de rap propriamente dito. Bastava reparar no público variado que enchia, aos poucos, a casa de shows Via Funchal - de skatistas a aspirantes a Justin Bieber, de paniquete a Mano Brown. Além disso, os shows de abertura, DuGhett e DJ Negralha, animaram com hits igualmente ecléticos, como de Marcelo D2, Guns N' Roses, Black Eyed Peas e funk carioca. Não que seja algo negativo, afinal, 50 Cent, que carrega um histórico violento e conflituoso de vida, alcançou seu sucesso dentro deste cenário. Desta vez, o rapper trouxe ao Brasil a turnê The Invitation.

Confira, em vídeo, entrevista exclusiva com 50 Cent.

Às 23h, um telão de lona com imagens de um helicóptero, da lua e dinheiro pegando fogo, antecipava o show do rapper. Com um boné branco de aba reta, jaqueta preta, corrente de prata com um pingente de cruz e um sorrisão estampado no rosto - que permaneceu durante toda noite -, 50 Cent apareceu atrás da lona junto a um DJ para cantar "Rider Pt.2". Logo em seguida, tirou a jaqueta e jogou para o público, momento que se repetiu algumas vezes ao longo do show, como em "P.I.M.P", quando atirou o boné que usava. Então, entraram Tony Yayo e Lloyd Banks, do G-Unit (grupo fundado por 50 Cent), que também jogaram seus casacos para a multidão, que respondeu lançando bonés e outros objetos ao palco.

Grande parte da animação do show certamente está ligada ao vasto repertório do rapper, que intercalou, com sucesso, músicas menos conhecidas pelo grande público com hits que tocam nas rádios. Para começar, apresentou "I Get Money", "What Up Gangsta?", "Crime Wave" e "Baby By Me", cantadas em coro pela multidão, que dançou durante todo o show. Em "Think About Me", Yayo e Banks saíram para dar lugar a outro rapper, que chegou fazendo graça com 50 Cent, cheio de caras e bocas para a plateia. Neste momento, o astro da noite se mostrou mais descontraído e chegou a apontar e fazer um coração com as mãos para uma garota que estava no gargarejo, além de dar a mão para aqueles que se espremiam ali na frente.

Muitas vezes, quem acabou roubando a cena foram os acompanhantes de 50 Cent. A verdade é que parecia que eles estavam ali para suprir o vocal do cantor, que, acredite, foi o que menos cantou, com exceção da faixa "Back Down", que apresentou à capela. Durante quase toda noite, os rappers do G-Unit interagiram com o público, principalmente quando 50 Cent saia de repente do palco (provavelmente para recuperar o fôlego e trocar de camiseta). Em um desses momentos, antes da faixa "Smoke Break", um deles perguntou: "Quem aí fuma maconha?", enquanto passavam imagens da planta no telão. Em seguida, começou "Is This Love", do Bob Marley.

A não ser aqueles que estavam na frente do palco, sem descansar os braços um minuto, fazendo movimentos para cima e para baixo em reverência ao rap, a sensação era de que a maioria presente não era fã do cantor, mas estava ali mais para "curtir a festa" de 50 Cent. As faixas que mais empolgaram, por exemplo, foram as famosas: "Baby By Me", "Ayo Technology" - que conta com Justin Timberlake e Timbaland na versão original -, "P.I.M.P.", "21 Questions", "A Lil Bit", "Candy Shop" e "In Da Club".

Já quem é fã de 50 Cent e que estava lá para aproveitar todas as músicas, não deve ter saído muito feliz. Para se ter uma ideia, foram apresentadas cerca de 36 faixas em um show com apenas uma hora de duração, ou seja, as músicas foram executadas de maneira, digamos, frenética. As faixas eram tão curtas e emendadas uma na outra que muitas vezes não dava para perceber que a canção havia mudado, até começar o refrão. No entanto, a maioria das pessoas pareceu sair satisfeita de lá, o que comprova que esta fórmula de "consumo rápido" dá certo, ainda mais se aliada ao carisma de 50 Cent, que sabe muito bem comandar um show (pop) de rap.

A The Invitation Tour já passou por Salvador (9/7, Wet'n Wild) e Goiânia (10, Faculdade Fasam), e agora segue para Belo Horizonte (16, Estádio do Mineirinho), Rio de janeiro (17, Marina da Glória) e Florianópolis (18, Passarela Nego Querido).