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O poder do k-pop: fandoms se unem para ‘quebrar’ hashtag #WhiteLivesMatter no Twitter

O esforço conjunto efetivamente abafou as mensagens de supremacia branca que os organizadores da hashtag provavelmente esperavam espalhar

Tim Chan, Rolling Stone EUA Publicado em 04/06/2020, às 08h08

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Fãs do BTS em evento (Foto:  Drew Angerer / Equipe / Getty Images)
Fãs do BTS em evento (Foto: Drew Angerer / Equipe / Getty Images)

A hashtag #WhiteLivesMatter pode ter causado alguma confusão no Twitter na última quarta, 3, depois que os fãs do K-pop assumiram o topo dos assuntos mais comentados, e enviaram vários spam com fancams - vídeos dos artistas favoritos, gravados em shows, uma espécie de câmeras de fãs - e memes dos ídolos.

O esforço conjunto efetivamente abafou as mensagens de supremacia branca que os organizadores da hashtag provavelmente esperavam espalhar, com os fãs de K-pop usando a hashtag para promover os grupos favoritos, ao mesmo tempo em que também se vinculavam a organizações e mensagens anti-racistas.

"Quando eu vejo #WhiteLivesMatter"

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A ideia para dominar os trending topics, assuntos mais comentados, da última quarta surgiu de uma ação semelhante no fim de semana, quando os fãs de K-pop enviaram spam para o aplicativo iWatch Dallas, do Departamento de Polícia de Dallas, com câmeras e fotos dos fãs.

O Departamento de Polícia de Dallas alegou que estava usando o aplicativo para monitorar "atividades ilegais dos protestos", mas muitos moradores reclamaram que o departamento realmente usava o aplicativo para "denunciar" os manifestantes. Os fãs de K-pop responderam à chamada dos policiais e enviaram clipes caseiros dos artistas coreanos favoritos no palco.

"A ideia de enviar spam para esses tipos de hashtags supremacistas brancas veio da ideia de enviar spam para o aplicativo do Departamento de Polícia de Dallas", explica a usuária do Twitter Lovely Doya, fã de BTS e ONEUS, de 17 anos, da Califórnia. "Fizemos isso para proteger as pessoas no protesto, porque os fãs de K-pop concordam que eles não merecem ser presos por se reunir para lutar por justiça. Como esse plano foi bem-sucedido, percebemos que funcionaria com outras coisas, como enterrar tweets de supremacia branca odiosos em suas próprias hashtags".

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De acordo com a Rolling Stone EUA, para Sarah Jimenez, de 20 anos, fã do BTS e do Monsta X, a aquisição da mídia social foi uma maneira da comunidade K-pop se unir para algo positivo, além de refutar estereótipos comuns sobre o fandom.

"As pessoas pensam que, às vezes, começamos essas tendências idiotas de festas porque os K-poppers querem visualizações para as câmeras de fãs ou que nem sabemos do que se trata a tag [e] queremos apenas as visualizações, mas é um equívoco", disse Jimenez. "Em algumas ocasiões, quando não gostamos da tendência de uma tag, unimos e propositadamente enviamos spam para ultrapassá-la, como foi o caso dessa tag", explica ela.

Embora os fãs de K-pop soubessem defender apaixonadamente os grupos favoritos, eles se uniram sobre o modo como estão usando a voz deles atualmente, e oferecem um exemplo mais empático da "cultura stan" online.

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"Algumas contas grandes deixaram de postar sobre os ídolos e começaram a postar sobre o movimento Black Lives Matter", explica Jimenez. "As contas estão aproveitando as plataformas já grandes para deixar links para artigos explicando onde podemos doar fundos e criaram tópicos sobre o que podemos fazer para ajudar os manifestantes".

"A comunidade K-pop também começou a censurar os nomes dos ídolos [nos tweets] para que não os colocássemos, acidentalmente, nos assuntos do momento como costumamos fazer", diz Jimenez. "Queremos que a etiqueta Black Lives Matter continue em primeiro lugar [em vez dos artistas]".

"Uma thread de hashtags usadas pelos policiais para reconhecer manifestantes e compartilhar informações entre si (m@ga/bluelivesmatter, etc.) que precisamos enviar com spam/fancams/edições especialmente no Twitter e no Instagram".

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Para Lovely Doya, que se recusou a dizer o nome, mas se identifica como mexicano-americana, a participação dela no domínio dos trending topics, na última quarta, para tirar #WhiteLivesMatter (que rapidamente se fundiu para enviar spam para #WhiteOutWednesday) de evidência veio naturalmente a ela e aos milhares de outros que ajudaram a enterrar mensagens racistas e a intenção original da hashtag.

"Embora os fãs de K-pop estejam usando uma abordagem muito única e interessante, mostramos nosso apoio dessa maneira porque rede social é o nosso forte e sabemos que temos a capacidade de fazer as coisas facilmente", disse Doya.

"É importante mostrar apoio, porque o movimento Black Lives Matter é sobre levar justiça a todas as vidas inocentes perdidas nas mãos de policiais racistas. É algo em que eu e muitos outros fãs de K-pop acreditamos, porque muitos de nós, inclusive eu, somos POC ("people of color", "pessoas de cor" na tradução livre). No final do dia, somos humanos antes de sermos fãs do K-pop".


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