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O Som da Quarentena do Coronavírus é do Violão

Os dados de streaming mostram que o bluegrass, country e canções clássicas cresceram durante a pandemia, mesmo quando o número de reproduções caíram

Emily Blake, Rolling Stone EUA Publicado em 19/05/2020, às 12h39 - Atualizado às 12h40

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Bob Dylan (Foto: Rolling Stone EUA / Owland Scherman / National Archive / Newsmakers / Getty Images)
Bob Dylan (Foto: Rolling Stone EUA / Owland Scherman / National Archive / Newsmakers / Getty Images)

Milhões de ouvintes estão lidando com a solidão, fadiga moral e o tédio existencial causado pela pandemia com o beat de “Savage”, de Megan Thee Stallion, que foi incluído no topo do Top 100 da Rolling Stone EUA. Mesmo assim, no geral, os norte-americanos não procuraram consolo nas batidas sintéticas, mas no violão. 

Os dados de streaming mostram que nos primeiros dois meses do distanciamento social os ouvintes se afastaram consideravelmente dos gêneros elétricos e eletrônicos, e foram em direção ao acústico - para cantores clássicos e hits do country, de Joan Baez a The Byrds e Bob Dylan.

De acordo com a Alpha Data, as demandas de streaming caíram oito por cento entre os dias 13 de março e 7 de maio comparado com os dois meses anteriores. O pop, dance e hip-hop diminuíram até duas vezes, enquanto o country, soft rock e bluegrass continuaram estáveis ou tiveram um crescimento de até dois dígitos. Essa análise é limitada aos streamings nos Estados Unidos, que é a principal métrica usada pela Rolling Stone Charts.

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O pop teve a maior queda com uma diminuição de 16%. O streaming de grandes artistas, como Billie Eilish e Ariana Grande, caíram 31% e 20%, respectivamente. E um fator que pode ter influenciado os números é a escolha de adiar discos programados para os meses de abril e maio. 

Por outro lado, os clássicos do pop se mantiveram firmes. Madonna, por exemplo, teve uma queda de apenas dois por cento, enquanto Prince cresceu 18%. Já no hip-hop caiu 15%, mas com o lançamento de Dark Lane Demo Tapes, do Drake, o gênero finalmente se recuperou e alcançou os números que tinham antes da covid-19. Por fim, o dance diminuiu 11% nas primeiras seis semanas antes de voltar ao normal em abril.

O fãs de country também se depararam com pausa inesperada nos lançamentos, com o adiamento dos álbuns de Dixie Chicks, Luke Bryan, Margo Price e Willie Nelson. Mas tanto a vertente tradicional quanto a contemporânea cresceram oito por cento comparado com as oito semanas anteriores.

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E quando uma grande estrela de country lançou um disco - Kenny Chesney, que foi incluído no Top 200 da Rolling Stone EUA com Here And Now -  o country alcançou o maior número de streamings por semana de todo o ano. 

A busca pelas raízes do country, que inclui os estilos honky-tonk e western swing, tiveram o salto mais notável, com 22% comparado com os dois meses anteriores. O folk e o bluegrass cresceram nove por cento, enquanto o estilo americana se manteve estável. “Leaving on a Jet Plane”, de John Denver cresceu 18%, enquanto as canções de Townes Van Zandt aumentaram 12%. 

O rock apresentou grandes variações. Músicas como “Dreams”, do Fleetwood Mac, e “Homeward Bound”, do Simon & Garfunkel, viram crescimentos de dois dígitos. Contudo, os streamings do Queen e Slayer caíram 8% e 11%, respectivamente. 

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Não era o momento para guitarras elétricas distorcidas ou vocais estridentes: o streaming do hard rock e metal caíram 10% ao mesmo tempo que o rock de arena diminuiu 23%. O rock acústico floresceu e apresentou aumentos de 8% para cantores e compositores de folk, 5% para o soft rock e 4% para o rock de raiz. 

Mesmo no catálogo individual dos artistas, a tendência era que os fãs escolhessem músicas mais acústicas. Os streamings da Taylor Swift, por exemplo, caíram 22% no geral, mas as canções mais parecidas com o country, como “Today Was a Fairytale”, tiveram mais resistência de queda. 

Já o streaming de Bob Dylan cresceu em 10%, com destaque para as primeiras canções acústicas do cantor, como “Let Me Die in My Footsteps” e “Oxford Town”, que cresceram 30% e 23%, respectivamente. 

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Essas tendências se sustentam quando comparamos o dois primeiros meses de quarentena com as mesmas oito semanas de 2019. Em toda a indústria da música, os streamings entre 13 de março e 7 de abril aumentaram menos de um por cento em comparação com o ano passado, o que é escasso considerando o crescimento de cerca de 20% da indústria nos seis meses anteriores. 

Anualmente, o pop e hip-hop caiu 13% e 4%, respectivamente, enquanto o country contemporâneo, o country de raiz e os cantores folks cresceram 11%, 31% e 14%. 

As tendências da Alpha Data refletem o cenário observado pelas plataformas individuais de streaming. Os ouvintes da Pandora transitaram para o acústico ao mesmo tempo que a Country Chill dobrou os números de horas ouvidas. 

No mundo, a Deezer informou aumentos nas playlists Happy Acoustic & Folk e Acoustic Chill, com destaque para Acoustic Escape, que viu o maior crescimento nos meses de março e abril. Apesar do Spotify não ter divulgado um crescimento nos gêneros acústicos, os ouvintes, de fato, caminharam para canções mais tranquilas e nostálgicas. 


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