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Os efeitos especiais da São Paulo Fashion Week

O site da Rolling Stone Brasil elegeu cinco marcas que causaram impacto com a cenografia na semana de moda paulistana

Por Anna Virginia Balloussier Publicado em 23/06/2009, às 08h00

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Samuel Cirnansck colocou carros na passarela para homenagear Aleida Averhoff de la Riva, ícone de beleza em Cuba na década de 40 - Lucas Landau
Samuel Cirnansck colocou carros na passarela para homenagear Aleida Averhoff de la Riva, ícone de beleza em Cuba na década de 40 - Lucas Landau

Imagine um filme como Transformers. Agora retire os efeitos especiais. É claro que a polpa continua lá: o enredo, os atores, a tal faísca do cinema. Mas grande parte da graça vai embora quando temos tudo isso... sobre um fundo verde. Daqueles onde projetamos os carrões-robôs de mentirinha. Nem um dos casais mais cool de Hollywood, Shia LaBeouf e Megan Fox, seguram esse tranco.

Com a moda funciona mais ou menos assim. Você pode ter roupas deslumbrantes e modelos de parar o trânsito. Só que cenografia e efeitos, muitas vezes, são coadjuvantes que dão todo sentido ao filme.

A reportagem do site da Rolling Stone Brasil varou pelos seis dias da São Paulo Fashion Week. A maior semana de moda do país terminou na segunda, 22, com um número de dança com gostinho de "Moulin Rouge encontra Bollywood" - todo encerramento da SPFW traz um número-surpresa, e o desta edição contou com uma equipe de 40 bailarinos, que começou a dança pelo pátio central do Pavilhão da Bienal.

Momentos como esse ilustram bem como elementos não diretamente ligados a roupas podem ajudar a criar o clima de uma semana de moda. Dentro das salas de desfile - ou mesmo fora delas, com modelos desfilando a céu aberto -, não foi muito diferente. Houve quem trouxesse três carros à passarela. Outro estilista reconstruiu uma vila devastada por desastres naturais para a passarela - lugar, ao menos na mais caolha das teorias, de glamour e sofisticação.

Aqui vão os cenários e efeitos mais bacanas que a RS Brasil viu na SPFW:

Neon (domingo, 21)

Quem já assistiu a um desfile da grife de Dudu Bertholini e Rita Comparato sabe do que essa dupla é capaz: um desfile que, de tão performático, às vezes se faz passar por teatro - ou mesmo um cabaré. Desta vez, ao trocar as salas do Pavilhão pela Marquise do Ibirapuera, a cenografia contou com uma penca de figurantes involuntários, como ciclistas e famílias que foram curtir seu domingo no parque. Longe de fazer parte da lista de convidados da marca, dois garotos tiveram a melhor das vistas: trepados em cima de uma árvore, trocaram olhares marotos quando a modelo Malana (finalista do Brazil's Next Top Model) apareceu com a peça mais ousada do SPFW, um maiô de cores chamativas e fio dental, mais ainda. Para dar o tom, a banda Anéis de Saturno tocou ao vivo a trilha sonora da franquia James Bond.

Reserva (segunda, 22)

A primeira ideia que deu na telha do estilista Rony Meisler era criar um universo inspirado no safári. "Mas logo me toquei que isso desviava da realidade da marca." A coleção acabou batizada "Safári Safado" - agora, sim, o tema na mesma vibe da grife masculina. Se, na edição de inverno, a Reserva terminou o desfile com modelos empunhando bandeiras brancas pela paz, o lance agora era sair à caça - e à caça safada. Para dar um gás a essa atmosfera "cafajeste do bem", a marca convidou a apresentadora e roteirista Fernanda Young para abrir o desfile com um poema de sua autoria. Assinada por Jackson Araújo, a trilha, mash-up de forró, tecnobrega e funk (no melhor estilo João Brasil), incluiu bordões como "você não vale nada mais eu gosto de você" e "chupa que é de uva". Em vez de usar aquela passarela retangular de praxe, a grife optou por uma em forma de seta - alguns meninos desfilaram com colares de pingentes também em seta, apontada para baixo. Não há pecado ao Sul do Equador? Bom, a tática parece ter dado certo, ao menos na "historinha" do desfile: quando todos voltam à passarela, em fila indiana, para encerrar o show, as bochechas dos modelos vêm cobertas de marcas de batom. E olha que o ícone desta coleção é justamente a boca com a linguinha de fora, símbolo máximo de uma banda que você talvez já tenha ouvido falar...

Samuel Cirnansck (segunda, 22)

Para sua coleção de verão, o estilista decidiu homenagear Aleida Averhoff de la Riva. Para isso, convocou a cantora Marina de la Riva, sua amiga e neta do ícone de beleza na Havana dos anos 40. Agora, uma coisa é importante de ser dita: Cirnansck é um camarada de grandes arroubos. Em janeiro, na mesma SPFW, até neve (fake, claro) trouxe à sala de desfile. Desta vez, colocou três carrões na passarela. Na trilha, "Ne Me Quitte Pas" em ritmo caribenho. E Marina foi devidamente incluída no cast.

Confira ainda a vila pós-apocalíptica de Ronaldo Fraga, que mesclou Disneylândia e América Latina, e o streetwear da Cavalera, com direito a passarela improvisada no Minhocão.