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Os remédios que Ian Curtis tomava o afetavam muito, recorda o baterista do Joy Division

Stephen Morris reflete sobre os avanços no diálogo sobre depressão na sociedade em relação à época da morte de Ian Curtis

Redação Publicado em 14/05/2019, às 11h00

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Ian Curtis (Foto:Reprodução)
Ian Curtis (Foto:Reprodução)

baterista do Joy Division e do New Order, Stephen Morris, discutiu a necessidade do diálogo em torno das questões de saúde mental e os avanços nas décadas seguintes à morte de Ian Curtis.

Curtis tirou a própria vida em 1980, depois de lutar contra a depressão e a epilepsia em seus últimos anos. Em uma entrevista para a NME, Morris falou de como o estigma da doença diminuiu em comparação com o que Curtis enfrentou nos anos 70.

"As atitudes em relação à saúde mental definitivamente melhoraram com o tempo, no sentido de que é algo que agora você pode falar e as pessoas entendem", disse Morris à NME.

"Mas naquela época as pessoas não entendiam a epilepsia, achavam que era algo que você podia resolver sozinho e havia um pouco de tabu sobre isso, então você não sabia o que fazer. Ian ficava deprimido e você falava algo como 'se recomponha, tudo ficará bem.' Era difícil admitir que havia algo de errado", conta. 

"Agora as coisas mudaram, apesar dos jovens estarem sob muito mais pressão do que nós e ter muito mais coisas acontecendo que podem empurrá-los para o fundo do poço", ele acrescenta. 

"Ainda assim, admitir para si mesmo que algo está errado é difícil porque você não quer acreditar isso. Mas não vai te matar pedir ajuda. O tratamento também é muito mais amigável agora. Os medicamentos que Ian teve que tomar eram dolorosos. Às vezes, eles eram piores do que os próprios sintomas porque tinham um efeito real sobre ele”.

Em 2018, o vocalista do New Order, Bernard Sumner, falou sobre a falta de apoio aos jovens que sofrem com problemas de saúde mental.

"Eu não estou falando apenas sobre epilepsia, mas todos os problemas de saúde mental que os jovens têm, especialmente na escola, isso é um crime insuficientemente financiado". 

O ex-colega de banda Peter Hook também falou com a NME sobre as pressões que Curtis enfrentou e incentiva as pessoas a procurarem ajuda.

"O tratamento mudou e a sociedade mudou", conta Hook. "Eu sinto que as pessoas são mais empáticas e abertas em relação a isso". "Eu e a The Light trabalhamos com duas instituições de caridade desde 2010 - The Epilepsy Foundation e CALM. O suicídio é uma das principais causas de morte em homens com menos de 40 anos."

"Estamos olhando para a saúde mental de maneira positiva agora, para que as pessoas não tenham que passar pelo que ele passou. Não sabíamos o que Ian estava vivendo. Como um cara velho, isso é o mais chocante, afinal, o quão despreparados e ignorantes nós erámos com os nossos amigos. Qualquer educação e comunicação sobre isso evitam situações como o que o que aconteceu com o Ian.”

Hook acrescentou: “A coisa mais difícil do mundo é saber o que as pessoas estão passando. Eu sou alcoólatra e viciado em drogas, e chegar a um acordo com você mesmo faz com que você entenda mais. É muito difícil para algumas pessoas entenderem o que Ian passou sem passar por elas mesmas, mas a ideia de encorajar as pessoas a falarem o mais rápido possível e não ficarem envergonhadas é a mensagem mais importante para qualquer pessoa: procurar ajuda."

O novo livro de Morris, Record Play Pause: Confissões de um percussionista pós-punk - Volume 1 saiu no dia 16 de maio.