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Oscar 2021: Com elementos da cultura pop, Promising Young Woman mostra a realidade por trás do machismo estrutural [REVIEW]

Indicado a Melhor Filme, o longa descontrói a romantização dos protagonistas masculinos em uma dura crítica à cultura do estupro e a sociedade patriarcal

Mariana Rodrigues (sob supervisão de Yolanda Reis) Publicado em 06/04/2021, às 18h29

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Carey Mulligan em Promising Young Woman. (Foto: Divulgação/IMDb)
Carey Mulligan em Promising Young Woman. (Foto: Divulgação/IMDb)

ATENÇÃO: Esse texto contém spoilers de Promising Young Woman

Esqueça os protagonistas de comédias românticas, pois Promising Young Woman (2020) mostrará a você a verdade por trás dos “caras legais.” Ao fugir das típicas tramas de filmes sobre mulheres buscando vingança, a diretora e roteirista Emerald Fennell apresenta uma história tão fiel à realidade a ponto de causar desconforto em quem assiste - sem mostrar uma única gota de sangue. 

A jornada de Cassie (Carey Mulligan) em busca de desmascarar os grandes vilões da história pode parecer um enredo simples e batido. No entanto, desta vez, não são apenas bandidos, assassinos ou sociopatas, e, sim, pessoas reproduzindo o machismo. Promising Young Woman mostra como quem não vai contra esse sistema no qual vivemos é tão culpado quanto quem faz parte dele.

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Todas as noites, Cassie vai até um bar, finge estar completamente bêbada e espera algum homem oferecer ajuda. E, claro, sempre tentam tirar proveito da situação até ela se mostrar sóbria e os fazer questionar a própria integridade. Mas eles alegam serem “caras legais” e não estarem fazendo nada de errado, afinal, foram condicionados pela sociedade a pensar dessa forma.

Promising Young Woman incomoda. Incomoda porque é real. Essa é uma realidade muitas vezes deixada de lado, tanto pelo cinema, quanto pela sociedade. Mas Fennell tem êxito ao mergulhar em aspectos muito mais profundos quando se trata de abuso sexual, mostrando como afeta não só a vítima, mas as pessoas ao redor dela.

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Cassie busca vingança pelo estupro da amiga Nina, na época da faculdade, em um plano muito bem arquitetado, mas sem nenhuma violência física. Esqueça mortes, tiros, envenenamentos ou qualquer outro clichê desse tipo, pois o objetivo de Cassie é fazer todos se sentirem como Nina se sentiu, mas sem se igualar aos agressores.

Fennell é certeira ao articular o roteiro surpreendente. A protagonista quer fazer os envolvidos no caso admitirem culpa e sentirem remorso pelas atitudes. Mas, ao mesmo tempo, o enredo mostra a real dificuldade de convencer os outros sobre quem são os verdadeiros culpados nessa história. 

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Com uma trama de prender o público do início ao fim sem deixar nenhuma ponta solta, o longa retrata o machismo estrutural e as consequências com uma certa dose de ironia - a começar pelo título. Apesar de receber o nome de Bela Vingança no Brasil, Promising Young Woman - ou Jovem Mulher Promissora, em tradução livre - faz alusão a forma como os homens sempre são vistos perante ao mundo, principalmente quando envolvidos em crimes como abuso e assédio. 

Na maioria das vezes, são retratados como garotos inocentes, com um futuro promissor arruinado por uma acusação como essa. É como os personagens masculinos do longa se veem. Diversas vezes, justificando as atitudes com essa desculpa.

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Afinal, como um deles diz durante o filme, qual poderia ser o pior pesadelo de um homem senão esse? Uma denúncia assim poderia acabar com a vida de um cara, independentemente se uma mulher precisou perder a dela para conseguir justiça. E, no sistema patriarcal, é muito mais fácil protegê-los, mesmo quando são culpados, em vez de tomar medidas para prevenir.

Fennell foi esplêndida na estreia como diretora ao brincar com os estereótipos das comédias românticas em Promising Young Woman. Elementos como uma fotografia em tons pastel, trilha sonora com música pop, figurino delicado e colorido e até mesmo personagens masculinos carinhosos e brincalhões são perfeitos para compor um romance. Mas a diretora conseguiu, praticamente, transformá-los em um filme de terror. 

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O melhor exemplo disso é Ryan (Bo Burnham), interesse amoroso de Cassie. Médico, apaixonado, engraçado, atencioso e, claro, bom moço. Ryan é o típico protagonista de comédias românticas, um cara legal, com alguns defeitos - afinal, ninguém é perfeito - relevados ao longo da trama para terem um final feliz, certo? Errado. 

Promising Young Woman não tem um final feliz. Nem por isso, Cassie falhou no plano. Na verdade, essa parece ser a proposta desde o início, pois fora das telas, quem costuma se salvar de situações como essas são os homens.  Afinal, a vida não é um conto de fadas e, apesar dos vilões serem punidos, alguém precisou pagar um preço para isso acontecer.

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Esse não é mais apenas mais um thriller de embrulhar o estômago por cenas sangrentas ou terror psicológico. É um filme reflexivo, de fazer o telespectador questionar tudo e todos ao seu redor por apresentar elementos e personagens facilmente encontrados em qualquer lugar. E em um mundo com tanto preconceito, injustiças e discriminação, nada assusta mais do que a realidade.

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Apesar de ter vivido apenas 28 anos, Heathcliff Ledger (mais conhecido por Heath) marcou o cinema com papéis como Patrick Verona em 10 Coisas que Eu Odeio em Você (1999) e Coringa em Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008)

Heath nasceu em Perth, Austrália, em 4 de abril de 1979. Neste domingo, completaria 42 anos. Confira sete curiosidades sobre o ator: da origem de nome a quem era o melhor amigo. 

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Nome

O nome do ator, Heathcliff, foi inspirado em um personagem de O Morro dos Ventos Uivantes (1847), de Emily Brontë, livro preferido da mãe dele, Sally Ledger. Do mesmo romance, Sally tirou o nome de outra filha, Katherine.


Primeiras experiências

Heath estudou na Guildford Grammar School, escola só para meninos, onde teve a primeira experiência como ator. Aos 10 anos, participou de uma montagem da peça Peter Pan.

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Como ator profissional, um dos primeiros papéis da carreira foi em Home And Away (1988), espécie de novela teen a qual lançou várias estrelas australianas. Interpretou Scott por apenas 10 episódios e, apesar de ter feito muito sucesso, recusou propostas dos produtores para continuar.


Inspiração

Durante os anos de escola militar, Heath coreografou e dirigiu um grupo de 60 colegas para uma competição. Foi a primeira equipe masculina a disputar, e saíram vitoriosos. O ator comparou a apresentação ao estilo de Gene Kelly, de Cantando na Chuva (1952) e revelou como o dançarino era seu maior ídolo no cinema.

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Xadrez

Heath era um adorador de xadrez e jogava desde pequeno. Aos 10 anos, ganhou o campeonato júnior da Austrália Ocidental. Quando adulto, continuou o hábito e jogava frequentemente no Washington Square Park em Nova York (EUA). 


Gambito da Rainha

A partir do amor pelo xadrez, em 2008, anunciou planos de iniciar filmagens da adaptação do livro O Gambito da Rainha (1983). Teria sido a estreia de Heath como diretor de cinema. 12 anos depois, o romance foi adaptado para uma produção da Netflix e foi a série mais assistida de 2020, segundo JustWatch.


Jake Gyllenhaal

Colegas de elenco em O Segredo de Brokeback Mountain (2005), Heath e Jake Gyllenhaal se tornaram grandes amigos. O ator é, inclusive, padrinho da única filha de Ledger, Matilda.


Coringa

O vilão de O Cavaleiro das Trevas (2008) foi o papel de maior reconhecimento de Heath. Com ele, ganhou o Oscar póstumo de Melhor Ator Coadjuvante em 2009. Nas filmagens, projetou sozinho a composição do personagem. Segundo Heath, se Coringa fosse real, faria a própria caracterização.

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Foi à farmácia, comprou maquiagem e aplicou-a sozinho. Depois, a equipe de maquiagem apenas replicava o visual criado por ele.