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Oscar 2021: como a vida de Lee Isaac Chung, indicado a Melhor Diretor, influenciou Minari

Longa também concorre a Melhor Filme, Melhor Roteiro Original, Melhor Ator, Melhor Atriz Coadjuvante e Trilha Sonora

Marina Sakai (sob supervisão de Yolanda Reis) Publicado em 08/04/2021, às 19h03

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Lee Isaac Chung (Foto: Rich Fury/Getty Images)
Lee Isaac Chung (Foto: Rich Fury/Getty Images)

Minari (2020) é quase uma cinebiografia. Conta a história de Jacob (Steven Yeun), imigrante coreano com desejo de alcançar o "sonho americano." Jacob leva a esposa Monica (Han Ye-Ri) e dois filhos, David (AlanS.Kim) e Anne (Noel Cho) ao Arkansas para montar uma fazenda.

O longa é de Lee Isaac Chung, nascido no Colorado e filho de imigrantes sul-coreanos. Aos 42 anos, recebeu a primeira indicação ao Oscar 2021 como Melhor Diretor. Mas, como sua vida se relaciona à obra? Quando tinha cinco anos, também se mudou com a família para uma fazenda no sul dos EUA. Coloca-se no lugar de David nessa evocação ficcional de sua infância.

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As semelhanças entre o filme e a vida do diretor não param por aí. Assim como Jacob e Monica, seus pais eram seletores de pintinhos, identificavam se os animais eram machos ou fêmeas. Além disso, a mudança nos ares da casa, no longa, ocorre quando a avó das crianças chega da Coreia com tradições diferentes; o mesmo aconteceu com Chung.

A avó, interpretada por Yoon Yeo-Jeong, é relativamente nova e age como tal. Chung contou ao The Guardian como ele e a irmã ficaram surpresos com muitos comportamentos diferentes do estereótipo de avós da televisão.

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No filme, a personagem traz um novo componente para a dinâmica familiar. Ela é quem planta Minari, uma erva conhecida por crescer onde outras espécies têm dificuldade, ilustrativa da família lutando para se estabelecer em um novo país.

Por contar a própria história, garante um nível a mais à intimidade do filme. Minari é quieto, reconfortante, cheio de tradições de família e dificuldades reais de um grupo de pessoas as quais tentam permanecer juntas apesar da situação adversa. Apenas Chung, quem viveu tudo isso, poderia ter contado a narrativa com tanta qualidade.

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Antes de Minari

Chung se formou em Ecologia na Universidade de Yale, uma das mais prestigiosas do país. Depois, estudou cinema. Estreou como diretor em 2007, quando Valerie, sua esposa, foi para Ruanda, na África, para trabalhar, e sugeriu que ele a acompanhasse. Durante a viagem, trabalhou no seu longa de estreia: assim surgiu Munyurangabo, falado completamente na língua Kinyarwanda.

O filme fez sucesso no Festival de Cannes em 2007. No entanto, as duas produções seguintes de Chung não tiveram tanto êxito. De acordo com o diretor, Lucky Life (2010) e Abigail Harm (2012) eram filmes de vanguarda feitos para o público do arthouse — longas de alta qualidade, porém, pouco famosos.

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Na mesma entrevista ao The Guardian, explicou como queria voltar às raízes da paixão pelo cinema e criar filmes importantes para ele: “Penso nos meus amigos do Arkansas e todos os filmes que vimos juntos. Esse é o público com o qual quero me conectar.”

Estrangeiro ou estadunidense?

Em fevereiro de 2021, Minari ganhou o Globo de Ouro por Melhor Filme Estrangeiro. Surgiram diversas polêmicas sobre o assunto, pois o filme foi produzido nos EUA por um diretor norte-americano, mas tem a maior parte dos diálogos em coreano - por isso, não foi considerado para as categorias principais.

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A resposta de Chung às controvérsias foi diplomática. “Não existe resposta fácil. [...] Simpatizo com as falas da minha comunidade — muitas vezes, asiáticos da América do Norte parecemos mais estrangeiros do que nos sentimos internamente.”

O próximo trabalho de Chung será dirigir o remake live-action do famoso anime Your Name (2016). Ele faz parte de uma nova geração de diretores asiáticos os quais impactam o cinema norte-americano, ao lado de Chloé Zhao e Lulu Wang, por exemplo. 


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