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Paraíba troca informações com o resto do Brasil em festival de cultura

Fenart homenageia Sivuca, com Hermeto Pascoal, Frejat e Lenine se alternando com Cabruêra, Beto Brito e Oxente Groove

Por Christina Fuscaldo Publicado em 02/06/2010, às 16h45

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"É como tocar em casa", disse Lenine sobre show em João Pessoa, na Fenart - Anderson Silva
"É como tocar em casa", disse Lenine sobre show em João Pessoa, na Fenart - Anderson Silva

Atualizada em 2 de junho, às 16h44

A não ser pelo aparecimento de alguns fenômenos ao longo da história, Paraíba não costuma chamar a atenção por sua música, seu teatro, seu cinema e sua literatura. Vizinho do culturalmente bem-sucedido Pernambuco, o estado nunca viu a formação de um movimento que tivesse como objetivo a divulgação de suas riquezas. Mas, há treze edições, um festival vem tentando mudar o rumo da história. Com um investimento de R$ 805 mil, cedidos pelo Ministério da Cultura, Governo da Paraíba e patrocinadores, o Festival Nacional de Arte (Fenart) de João Pessoa reuniu, entre 23 e 29 de maio, cerca de 120 mil pessoas interessadas em acompanhar as mais de 160 atrações em seis dias de evento.

O XIII Fenart este ano teve um sabor especial. Primeiro por estar comemorando a inauguração e/ou reabertura de cinco salas no Espaço Cultural José Lins do Rego, sede da Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc), organizadora do evento. E também porque o grande homenageado desta edição foi Sivuca, paraibano, mestre do acordeon, que em maio de 2010 completaria 80 anos, se fosse vivo. Na programação do festival, além de um show da viúva, Glorinha Gadelha, foram feitas diversas menções ao grande acordeonista.

"Venho muito pouco ao Nordeste e a repercussão é sempre muito grande. É bom a gente conseguir congregar esse número de pessoas no mesmo ambiente, poder compartilhar", declarou Yamandú Costa, que fez show acompanhado de Nicolas Krassik (violino) e Guto Wirtti (baixo) e saudou Sivuca no palco de um Cine Banguê lotado. "Não cheguei a tocar com ele, mas uma vez o encontrei em um aeroporto e fiz questão de cumprimentar."

Hermeto Pascoal foi a estrela da abertura do festival, fazendo participação no show da Orquestra Sinfônica da Paraíba, no domingo. João Bosco e Antônio Nóbrega também encheram de orgulho os apaixonados por música brasileira. De Franca, interior de São Paulo, Diego Figueiredo, violonista que já tocou com Belchior, impressionou. No fim de semana do encerramento, Frejat e Lenine fizeram a plateia entoar seus hits na sexta, 28, e no sábado, 29, respectivamente. "Meu pai é de Campina Grande e minha mãe é de João Pessoa. Já faz uns três ou quatro anos que não venho a João Pessoa. Eu sofro, porque é como tocar em casa", disse Lenine.

Prata da casa, o Cabruêra fez o show de encerramento do Fenart. Misturando tendências do cancioneiro com estilos da música brasileira, a banda paraibana fechou com chave de ouro o evento, mantendo a animação deixada por Lenine. Antes do pernambucano, na mesma noite, também chamou a atenção de quem não conhece a fundo a música da Paraíba Beto Brito, que toca rabeca e se movimenta enquanto a banda solta um rock'n'roll da pesada. Destaque no palco do Cine Banguê, o grupo Oxente Groove, de Campina Grande (PB), impressionou na quarta-feira, 26, ao tocar blues, choro e frevo à base de guitarra, baixo de seis cordas, bateria e acordeon.

"Superou nossas expectativas, pois tivemos um público médio de vinte mil pessoas por dia. O que retrata o sucesso do festival, que tem como único objetivo promover a cultura do nosso estado, trocando informações com a cultura dos outros estados", declarou o presidente da Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc) e organizador do festival, Maurício Burity.

O Fenart também sediou workshops musicais - o baixista Dadi Carvalho, por exemplo, veio do Rio de Janeiro para falar sobre MPB, enquanto Sydnei Carvalho saiu de São Paulo para comentar o rock - e foi palco para espetáculos de dança e peças de teatro. Houve palestras, lançamentos de livros - Zuenir Ventura trouxe Conversa sobre o Tempo e Nelson Motta, Força Estranha, além sessões de cinema. Marcaram presença no evento dois desenhistas da Marvel, os brasileiros Mike Deodato Jr. e Joe Bennett, que já assinaram personagens como Homem-Aranha e Capitão América. Bennett participou da oficina Quadrinhos e Roteiros, ministrada por Sérgio Peixoto, um dos principais criadores da revista Anime EX.