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Pat Metheny faz show hipnotizante na primeira noite do BMW Jazz Festival

O guitarrista, considerado o número um do jazz fusion, mesclou temas de diversas fases da carreira e prestou tributo a Tom Jobim

Antônio do Amaral Rocha Publicado em 07/06/2013, às 20h06 - Atualizado às 20h38

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Pat Metheny na noite de abertura do BMZ Jazz Festival - F. Pepe Guimarães/F14 Fotografia
Pat Metheny na noite de abertura do BMZ Jazz Festival - F. Pepe Guimarães/F14 Fotografia

Com trinta minutos de atraso, às 21h30 desta quinta, 6, com o espaço do HSBC Brasil totalmente tomado, subiu ao palco o curador do BMW Jazz Festival, Zuza Homem de Melo, para fazer uma breve apresentação. Ele discorreu sobre o público de shows de jazz e disse que essa é uma plateia diferenciada, porque não está só preocupada com o frontman, mas também com os demais músicos. Em seguida, agradeceu rapidamente e apresentou a estrela da noite, Pat Metheny.

O músico entrou no palco empunhando a sua Pikasso, um instrumento que é misto de violão, harpa e cítara, com diversos braços e que soma 42 cordas, criado pela luthier Linda Manzer. Pat, além das cordas, também costuma usar o bojo do instrumento para percussão. O primeiro tema, “Come and See” (do disco Pat Metheny Unity Band, 2012), só com a Pikasso, durou seis minutos e instaurou certo clima onírico no espaço. Enquanto fazia uma cama sonora com a Pikasso, os outros músicos foram tomando seus lugares: Chris Potter (sax tenor, soprano, clarone e flauta), Antonio Sanchez (bateria) e Ben Williams (contrabaixo). Potter já esteve no Brasil em duas oportunidades, tocando com o baixista Dave Holland no Bridgestone Music Festival, em maio de 2010, e no Sesc Belenzinho, em novembro de 2012.

Metheny não demorou a substituir a Pikasso pela guitarra Ibanez; depois, trocou pela Roland, e iniciou-se um verdadeiro duelo entre a guitarra e o baixo de Williams. Em grande parte desta música, o sax de Potter descansou. E quando assumiu, começou mais um duelo, desta vez entre a guitarra e o sax soprano. A performance de Potter era tão intensa que chegou a causar uma sensação de falta de ar em quem assistia.

“New Year”, também do disco Pat Metheny Unity Band, foi mostrada em grande parte por Metheny sozinho ao violão de nylon, também da luthier Linda Manzer, na única vez em que ele usaria o instrumento na noite. Aos poucos, a banda foi entrando na música, uma das mais calmas de todo o set, permitindo também longos solos de cada um dos músicos. E como fez diversas vezes, Metheny trocou de guitarra no meio da música. Já corriam 45 minutos de show quando Metheny agradeceu, dizendo um “muito obrigado” arrastado. Ele continuou falando (agora, em inglês) da satisfação de tocar novamente no Brasil, apresentou os músicos e ainda disse que falava português muito mal, que não se lembrava de quase nada. Estava se referindo, muito provavelmente, as suas longas temporadas no Rio de Janeiro, há trinta anos.

Então, ele iniciou a música seguinte usando a Ibanez em um dueto com o sax tenor. Neste momento, Metheny se tornou introspectivo, quase “viajando”. E logo o sax foi substituído pelo baixo no dueto, enquanto os outros descansavam. Foi talvez o número mais curto, mas o mais denso de todo o set.

“James”, do disco Offramp, e “Two Folk Songs”, de 80/81, desembocaram na experimental “Signals Orchestrion Sketch”. As luzes azuis usadas durante a música finalmente permitiram ao público visualizar melhor parte das máquinas, a orquestra mecânica com pré-gravados e eletromecânica acionada pelo próprio Metheny. Foi o tema que mais exigiu atenção da plateia – não se sabia onde isso ia dar. Depois, ele iniciou uma série de duos com os outros instrumentos, primeiro guitarra e sax; em seguida, guitarra e baixo em “Bright Size Life” , do disco de mesmo nome, de 1976; e, finalmente, guitarra e bateria. Logo após, em trio, sem o sax, e pagando o seu tributo à música brasileira, que conhece bem, Metheny mostrou uma versão bem particular de “Insensatez”, de Tom Jobim, uma das mais ovacionadas da noite, como não poderia deixar de ser.

Duas horas após o início do show, a banda saiu do palco, que continuou com as luzes azuis, sinal de que um bis estava preprarado. E, em menos de cinco minutos, o grupo retornou completo para fazer “Are You Going With Me?”, também de Offramp, com solos impressionantes de Metheny, em verdadeiro transe. Dando um clima mais quente ao final da apresentação, o palco se tingiu de vermelho.

O BMW Jazz Festival continua em São Paulo e Rio de Janeiro com a seguinte programação:

São Paulo – HSBC Brasil

Sexta, 7 de junho, às 21h

Egberto Gismonti e Orquestra Corações Futuristas

Esperanza Spalding & Radio Music Society

James Farm

Sábado, 8 de junho, às 21h

Brad Mehldau Trio

Johnathan Blake Quintet

Joe Lovano & Dave Douglas Quintet

HSBC Brasil - Rua Bragança Paulista, 1281 – Chácara Santo Antonio – SP

Domingo, 9 de junho, a partir das 17h, show gratuito no Parque do Ibirapuera

Pat Metheny Unity Band

Rio de Janeiro – Vivo Rio

Esperanza Spalding & Radio Music Society

James Farm

Domingo, 9 de junho, às 20h

Joe Lovano & Dave Douglas Sound Prints

Brad Mehldau Trio

Segunda, 10 de junho, às 21h

Pat Metheny & Unity Band

Vivo Rio - Av. Infante Dom Henrique, 85 – Parque do Flamengo – Rio de Janeiro