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Paul McCartney sobre George Martin: “Ele foi como um segundo pai para mim”

"Se tem alguém que merecia o título de quinto beatle, esse alguém era o George", disse McCartney em um tocante comunicado

Rolling Stone EUA Publicado em 09/03/2016, às 12h45 - Atualizado às 13h33

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George Martin e Paul McCartney na ocasião de um show em Knebworth, na Grã-Bretanha, em 1990 - Rex Features/AP
George Martin e Paul McCartney na ocasião de um show em Knebworth, na Grã-Bretanha, em 1990 - Rex Features/AP

Paul McCartney escreveu e publicou em seu site oficial um emocionante tributo ao produtor dos Beatles George Martin, que morreu na última terça, 8, aos 90 anos. Embaixo de uma foto que mostra McCartney e Martin juntos em estúdio, o cantor relembrou o colega e amigo. "O mundo perdeu um grande homem, que deixou uma marca indelével na minha alma e na história da música britânica".

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Ringo Starr também se pronunciou sobre o assunto no Twitter: "Obrigado por todo seu amor e gentileza, George, paz e amor”.

Leia abaixo a íntegra do texto publicado por Paul McCartney.

“Estou muito triste com a notícia da morte do meu querido George Martin. Tenho tantas memórias maravilhosas desse homem incrível que ficarão comigo para sempre. Ele sempre foi um verdadeiro cavalheiro e como um segundo pai para mim. Ele guiou a carreira dos Beatles com tanta habilidade e bom humor que acabou se tornando um amigão meu e da minha família. Se tem alguém que mereceu o título de quinto beatle, essa pessoa era George. Desde o dia em que ele deu aos Beatles nosso primeiro contrato de gravação até a última vez que o vi, ele foi a pessoa mais generosa, inteligente e musical que já tive o prazer de conhecer.

É difícil escolher uma memória favorita do meu tempo com George, existem tantas, mas uma que me veio à cabeça é de quando eu levei a música ‘Yesterday’ para o estúdio e os caras da banda sugeriram que eu cantasse solo. Depois que fiz isso, George Martin me disse: ‘Paul, estou com uma ideia de colocar um quarteto de cordas no disco’. Eu disse: ‘Ah, não, George, somos uma banda de rock and roll e não acho que seja uma boa ideia.’ Com o jeito delicado de um grande produtor ele me falou: ‘Vamos tentar. Se não funcionar, não usamos e vamos com a sua versão solo.’ Concordei e fomos para a casa dele no dia seguinte trabalhar nos arranjos.

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Ele pegou meus acordes e espalhou as notas no piano, colocando o violoncelo uma oitava abaixo e o primeiro violino em uma oitava acima. Quando gravamos no Abbey Road, foi muito emocionante saber que a ideia dele estava tão correta que eu fiquei contando essa história para as pessoas por semanas. O conceito dele obviamente funcionou, porque a música se tornou uma das mais gravadas da história, com versões de Frank Sinatra, Elvis Presley, Ray Charles, Marvin Gaye e milhares de outros.

Essa é apenas uma das muitas lembranças que tenho de George, que depois me ajudou com os arranjos de 'Eleanor Rigby', 'Live and Let Die' e várias outras canções minhas.

Tenho orgulho de ter conhecido um senhor tão distinto com um senso de humor tão afiado, que tinha a habilidade de tirar sarro dele mesmo. Mesmo quando ele recebeu o título de Cavaleiro da Rainha, nunca houve um resquício de esnobismo nele.

Eu e minha família, de quem ele era um amigo querido, sentiremos muito a falta de George e mandamos nosso amor à esposa dele, Judy, aos filhos, Giles e Lucy, e aos netos.

O mundo perdeu um grande homem, que deixou uma marca indelével na minha alma e na história da música britânica.”