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Péricles cantando Frank Ocean? É isso que vai unir o Brasil

Em uma live publicada no sábado, ícone do cancioneiro nacional romântico Péricles admite que estudou a obra de Frank Ocean e quer incluí-lo no repertório

Pedro Antunes, editor-chefe Publicado em 05/07/2020, às 12h15

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Montatem: Péricles (Foto: Angelo Pastorello) e Frank Ocean (Reprodução Instagram)
Montatem: Péricles (Foto: Angelo Pastorello) e Frank Ocean (Reprodução Instagram)

O Brasil, dividido, abatido, derrotado e na sarjeta. Quem virá nos socorrer? O herói Péricles, o ex-Exaltasamba com mais de 30 anos de carreira. Temos um salvador, enfim.

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No melhor estilo Chapolin, Pericão vem ao nosso resgate. Dono da voz de grandes sucessos do pagode, como "Até que Durou" e "Supera", vai assumir o manto do "Mensageiro do Amor" (um neoclássico do pagodão na voz desse ícone) e salvará o País da divisão sem fim.

Pode não resolver a briga eterna entre esquerda e direita, embora jamais duvide do poder de Péricles, ele pelo menos irá unir o indie e o popular.

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Há um ano, a internet hipster brasileira, de adoráveis samambaias na sala e com pisos com chão de taco, pede um encontro musical entre o ícone Péricles e o som de Frank Ocean, queridinho e um tanto misterioso músico e produtor norte-americano que ganhou fama ao longo da década passada.

Frank Ocean tem uma história parecida com Péricles, aliás. Ambos vieram de grupos e hoje se estabelecem como artistas solo. Pericão veio do Exaltasamba. Ocean, do Odd Future (um coletivo de rapper e produtores do qual saíram outros nomes de destaque do rap e R&B dos EUA, como Tyler, The Creator e Earl Sweatshirt).

Ambos, Péricles e Frank Ocean, habitam uma estética sonora que hoje é popular, mas chegou pelas beiradas. O pagode deriva do samba, hoje faz a cabeça de jovens em escala nacional e tem grande apelo por conta das canções de amor sofridas que rivalizam com a sofrência do sertanejo - mas, no caso do pagode, as dores de amor parecem mais autênticas e reais.

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Frank Ocean, hoje um dos reizinhos do R&B contemporâneo, surgiu em um grupo de rap desordeiro e bagunceiro. O rap, desde a sua fundação, é transgressão. Foi o avesso de uma música pop extremamente branca que tocava nas rádios norte-americanas. Hoje, é o som mais ouvido pelos jovens de um país comandado pelo doido Donald Trump.

O artista norte-americano tem, aliás, relações próximas com o Brasil. Em 2019, ele foi flagrado no Rio de Janeiro, com uma camiseta de Santa Teresinha, em frente à Igreja do Botafogo. O Twitter, é claro, foi à loucura na época com especulações sobre o que fazia Ocean pelas nossas bandas. Virou meme. Memes, aliás, são a expressão de comunicação mais pura e bela dos brasileiros na atualidade, mas isso é tema para outro texto.

Péricles também é estrela de memes, ou seja, mais uma ligação entre esses dois ícones.

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O amor por Frank Ocean no Brasil é tão grande que foi criado um bloco de carnaval dedicado a ele, chamado Baile do Frank Ocean. Outro exemplo: uma página no Facebook tem o nome de "Eu odeio todos os homens do mundo menos o Frank Ocean" e tem tiradas geniais a respeito do ícone Ocean.

Também em 2019, fãs de Ocean no Brasil notaram em Péricles o potencial único de interpretar algumas canções de Frank Ocean e criaram uma petição para que ele gravasse alguns covers. Claro, esse barulho chegou até o próprio Pericão.

No último sábado, 4, ele revelou em uma live compartilhada de Instagram com o perfil da distribuidora digital OneRPM, Péricles deu a notícia que todo o brasileiro precisava ouvir. Ele, sim, está estudando a obra de Frank Ocean.

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Veja abaixo o trecho da entrevista recortado pela página Baile do Frank Ocean (para assistir à entrevista inteira, clique aqui).

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No papo com Let Martins, Péricles é questionado sobre a possibilidade de gravar algo de Frank Ocean. Eis a resposta:

"Eu creio que um dia isso vai acontecer. Andrei pesquisando muita coisa sobre o Frank Ocean e o trabalho dele é diferenciado", disse Péricles. Com toda razão. Diferenciadíssimo.

Ele segue: "Não sei se caberia numa live de pagode. É um desafio e eu adoro desafios. Mais hora, menos hora, eu vou inventar alguma coisa aí e a gente vai ter Frank Ocean no pagode.
Vou dar um jeito aí. Alguma coisa vai ter que acontecer. O trabalho dele é, puxa vida... Merece muito a nossa atenção. Eu gosto de misturar, então, de repente, vem novidade aí, vamos ver."

Assim, sem pretensão, Péricles vestiu o manto do salvador. É ele quem unirá hipster e pagodeiros. O indie e o popular terão um único ícone, Pericão.

Ninguém mais é capaz de carregar esse peso de salvador e exibir um sorriso lindo nos lábios, entre um pagode sofrido e outro. Recentemente, nos DVDs Mensageiro do Amor Parte 1 e 2, Péricles, ele tem mostrado novas manobras vocais, absorvendo técnicas de cantores gospel para seu gogó de pagodeiro nato.

Ele mesmo disse que quer fazer a gente feliz, como vocês podem ouvir nessa música aqui:


Era isso que todo o brasileiro precisava, mesmo se não soubesse disso.