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Polícia contra Polícia

Gustavo de Almeida Publicado em 19/12/2007, às 18h18 - Atualizado às 18h22

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Helder Santos
Helder Santos

Cena 1, Avenida Atlântica, em Copacabana: o Relógio do Pan, um ícone publicitário para contar dias e horas que faltavam para a abertura do evento, já não fazia a contagem regressiva - o Pan do Rio já havia começado, na véspera, o presidente Lula já havia sido vaiado na cerimônia de abertura, e em alguma parte de Ipanema o mascotezinho Cauê era vendido em camisas piratas com a frase "Eu vaiei o Lula no Pan". Cerca de 1.500 homens e mulheres caminham juntos no calçadão famoso, imagem que surpreende turistas e freqüentadores da praia em mais um dia de sol no Rio de Janeiro. Se não fosse o olhar atento, sempre dirigido para os lados e para trás, o jeito inquieto e o tipo físico dos homens, ninguém saberia que eram policiais - não vestem farda nem usam armas naquele momento. Querem apenas que a população saiba que eles se mobilizaram. "Cops?", pergunta um turista, impressionado, vestindo uma camisa do Bob Marley enquanto paga R$ 2,50 por um coco gelado. Um panfleto bilíngüe é distribuído. "Cops!", exclama o turista, depois de ler o panfleto. Os brasileiros, no entanto, exclamam muito mais do que o gringo: no manifesto dos 40 da Evaristo, distribuído por uns poucos participantes, pela primeira vez agentes do Estado admitem que o mesmo é "leniente com o jogo do bicho". Em uma cidade na qual autoridades políticas convivem naturalmente com bicheiros milionários nos camarotes do Carnaval, a declaração pública dos policiais parece um grito durante um pacto de silêncio.

A cena anterior se passou no mundo real, mas nasceu no virtual: a recém-batizada "blogosfera da segurança pública" no Rio conta hoje com quase 30 blogs lidos diariamente por especialistas, policiais, sociólogos e jornalistas em busca de informações de bastidores.

Estas, no entanto, aparecem o tempo todo nos ditos "comentários" feitos em cada post, geralmente anônimos e que denunciam mazelas. O primeiro blog de Segurança Pública a ser lançado foi o do tenente-coronel Mário Sérgio Duarte de Brito, ex-comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), atualmente uma das peças-chave na Secretaria de Segurança do Rio, responsável pelo planejamento de grandes operações. O Segurança Pública: Idéias e Ações(marius-sergius.blogspot.com) foi colocado no ar em março do ano passado. Meses depois, em agosto, surgia o Projeto 200 Anos (projeto200anos.blogspot.com), blog de denúncias, mantido por coronéis do alto oficialato, com ajuda de oficiais de escalão inferior. "Nós somos um grupo", sempre fez questão de ressaltar o autor, ou autores, por e-mail. A corregedoria interna da PM e a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática da Polícia Civil (DRCI) investigam o Projeto 200 Anos. O corregedor-geral, coronel Paulo Ricardo Paul, no entanto, determinou também a investigação do que é escrito anonimamente no blog. "É como se fosse uma ligação do Disque-Denúncia: uma denúncia não pode deixar de ser investigada por ser anônima", afirma o coronel.

Não levou muito tempo até que surgissem o blog do major Wanderby (wanderbymedeiros.blogspot.com); o Diário de um PM, do aspirante Alexandre de Sousa (diariodeumpm.net); o Utopia em Segurança Pública (pmutopia.blogspot.com), do tenente Ferreira; o do capitão Luiz Alexandre (luizalexandre.blogspot.com); e o do tenente Melquisedec Nascimento (militarlegal.blogspot.com ). Com a integração entre esses principais blogs e mais dezenas de outros girando em torno do mesmo assunto, se criou uma espécie de comunidade de informações, e como conseqüência um sentimento de coesão que possibilitou o nascimento do movimento de contestação.

Como primeira conseqüência, uma inesquecível manhã de sábado no Rio em que, de uma só vez, cariocas e turistas tomaram conhecimento da existência do grupo intitulado Os 40 da Evaristo. O número se refere à quantidade de policiais na primeira reunião desse movimento hoje gigante, nascido na blogosfera. O grupo que começou pequeno, discutindo em chats e blogs, hoje já é uma massa, uma multidão, que não pára de ir às ruas desde que, em agosto, o governador Sérgio Cabral anunciou reajuste de 25% dividido em 24 parcelas mensais para seu funcionalismo. Aos policiais militares se uniram os professores e os médicos - o tripé da sustentabilidade social em uma cidade na qual 25% da população vive em favelas. O anúncio de que, por pressão dos governadores, Lula deixaria de incluir no PAC da Segurança Pública o piso de R$ 1.600 para todas as polícias do país só agravou a situação: a PM do Rio é a mais mal paga do Brasil.

Evaristo é referência ao endereço atual do QG da PM do Rio, a rua Evaristo da Veiga, na Cinelândia. Na segunda reunião, já havia a assinatura, com nome, sobrenome e RG, de 77 policiais, com patentes de tenente a tenente-coronel. Cerca de 500 cabos, soldados e sargentos queriam assinar o documento, mas foram impedidos pelos oficiais do movimento. Caso um soldado assinasse, teria de ser punido por um dos tenentes signatários. "Nosso movimento é todo dentro da legalidade", diz o major Wanderby Braga de Medeiros. A punição, no caso, caberia à Corregedoria Interna da PM, setor destinado a investigar e punir desvios de conduta. No entanto, o coronel Paulo Ricardo Paul, certamente, não vê crime, já que ele mesmo é um dos nove signatários de outro manifesto-bomba, o Manifesto dos Barbonos - nome da rua Evaristo da Veiga na época do nascimento da corporação.

Paul e o coronel Hildebrando Esteves, no ano passado, romperam o protocolo e processaram o Estado do Rio de Janeiro por causa das promoções políticas durante o governo de Rosinha Matheus, mulher de Anthony Garotinho. A formação do grupo dos Barbonos, no entanto, remonta a antes disso. "Em maio de 2005, depois que assumi a Corregedoria, o assunto começou a ser tratado com alguns coronéis do QG. O Esteves e o Pitta [coronel Gilson Pitta Lopes, chefe do serviço reservado - a inteligência da PM] foram os primeiros. Tivemos que aguardar as promoções de dois colegas para criar o grupo inicial, e convidamos os coronéis Lyrio, Leonardo Passos e Cony. O principal objetivo do grupo é reconstruir a PM", conta Paul.

O mote de reconstrução da PM, por coincidência, é o mesmo do blog Projeto 200 Anos, que já tem um ano de polêmica e denúncias. Paul nega qualquer ligação com o blog, mas reconhece que o mesmo apóia os Barbonos. "O Projeto 200 Anos foi uma grande bomba, talvez a maior dos últimos tempos. Tive de instaurar averiguações para apurar a autoria e as denúncias - devo concluir uma delas em breve. O blog parece ter mudado a linha editorial. A fase inicial das denúncias mais contundentes ficou para trás", diz o coronel Paul. Se confirmado o que diz, será a primeira vez que um blog da internet gera uma conclusão de investigação interna na polícia.

No ano passado, Paul foi convidado para dar uma palestra no Curso de Inteligência em Segurança Pública (Cisp). Ao adentrar a sala com a palestra toda em mente, deu três toques no microfone e verificou que havia problemas de som no auditório do quartel-general da PM. Sem lamentar nada, largou o microfone, juntou as duas mãos nas costas e começou a andar em volta da platéia. E deu a palestra. Na verdade, gritou a palestra.

Cena 2, Cinelândia, centro do Rio, em frente à Câmara dos Vereadores: uma mulher de aproximadamente 40 anos está no alto de um carro de som e, com dois displays de mão, incita uma multidão de quase 2 mil homens a cantar com ela: "Um elefante incomoda muita gente/Dois elefantes incomodam, incomodam muito mais". É sábado de manhã, e sob o sol do meio-dia muitos trabalhadores do comércio estão dando por encerrado seu meio expediente. Passam pela Cinelândia em direção ao metrô e vêem a cena. Alguns deles reconhecem o ex-capitão Rodrigo Pimentel, famoso pela participação em filmes como Ônibus 174 e Notícias de uma Guerra Particular. Há, claro, agentes da inteligência em meio à multidão. Alguns trabalhando, outros participando da reivindicação. Possivelmente, filmaram e fotografaram a mulher no alto do carro de som, a capitão Tânia Loos. "É capitão mesmo, não tem gênero. Colocou farda, vira anjo", explica Tânia, enquanto vê o recém-promovido major Rubens Peixoto, comandante de uma unidade na Favela de Rio das Pedras, discursar pela terceira vez no dia para os 2 mil homens.

Peixoto é policial em uma comunidade de 90 mil habitantes onde não existe o tráfico de drogas. A favela de Rio das Pedras, na Zona Oeste, foi a primeira do Rio a ter serviços particulares de segurança prestados por policiais. Sem salário para morar no asfalto, grande parte dos PMs acabou procurando os morros, no que pode ter sido a gênese das milícias que no fim do ano passado explodiram, acabando com o tráfico em algumas comunidades. Mas, na maior parte das vezes, fazendo Justiça com as próprias mãos. A milícia é a polícia do Rio - e, ao mesmo tempo, tudo o que a polícia do Rio não queria ser. Enquanto não mata traficantes, sobrevive da cobrança de TV a cabo pirata (de R$ 10 a R$ 15), venda de bujões de gás (R$ 10) e proteção. Neste último, o morador geralmente paga R$ 5 e o comerciante R$ 20. Grande parte dos policiais militares, civis e bombeiros que integram as milícias tem duas motivações básicas: matar antes de morrer e ganhar extra para sustentar a família sem recorrer à extorsão. Na verdade, não entendem - ou fingem não entender - a cobrança de serviço de segurança como uma extorsão, e sim como uma troca de favores, uma saída para o orçamento doméstico. "O salário famélico, se não é determinante, concorre para o desvio de conduta", diz em certo trecho o Manifesto dos Barbonos. Em outras palavras: se o salário ruim não é o único motivo para um PM ser corrupto, certamente é um dos mais fortes.

Uma boa parte dos policiais militares do Rio nos dias de hoje, constitucionalmente obrigados a cuidar da segurança pública, acaba vivendo mesmo é da segurança particular. Os menos graduados curiosamente são empregados por oficiais que têm empresas de segurança. A lei não impede, mas o regimento interno da corporação proíbe que tais serviços de segurança privada oferecidos pelos policiais concorram com os de obrigatoriedade do Estado, isto é, segurança privada na rua não pode. O salário entre R$ 800 e R$ 900 dos soldados é acrescido de R$ 200 a R$ 300, dependendo de quem os contrata. Se for na Zona Oeste, ganha-se mais, já que o empregador é o jogo do bicho. Para o major Wanderby, o investimento nos policiais é urgente para que a segurança pública seja uma só para todo o Rio, sem distinções. "A segurança tem que ser a mesma para o morador de Ipanema e para o morador da Mangueira. Não tem por que ser diferente. A Constituição é que determina", afirma.

Pelos cálculos feitos pelos 40 da Evaristo, a integração entre os salários da Polícia Militar e da Polícia Civil faria com que um soldado da PM passasse a ganhar R$ 2,5 mil. O posto máximo da carreira, o de coronel, passaria a R$ 12 mil, como os delegados - é assim em Goiás, Brasília (Distrito Federal) e Acre. Hoje, no Rio, os vencimentos de um coronel com cargo de comando não passam dos R$ 8 mil.

Cena 3, janeiro, Instituto do Câncer, na Praça da Cruz Vermelha: o major da PM Wanderby Braga de Medeiros está nas escadarias aguardando seu irmão mais novo, o capitão Wanderson. Os nomes de ambos já bastariam para perpetuar o pai, Wander, que faleceu momentos antes naquele hospital. Nos meses anteriores, os dois irmãos dividiram seu tempo entre o trabalho na polícia e a cadeira ao lado da mesinha de cabeceira próxima ao leito onde o coronel reformado Wander Braga de Medeiros se despedia da vida, lentamente. Até o último minuto, ensinamentos preciosos aos dois filhos. Alguns deles já ouvidos do avô, o tenente Geraldo Medeiros. O rosto deste, sério, aparece em uma montagem gráfica feita a pedido dos netos. Na verdade, um pedido do ainda convalescente coronel Wander - o trabalho só ficou pronto dois dias após sua morte.

Os dedos do major Wanderby percorrem o folder com as fotos e a garganta dá um nó ao pensar que não conseguiu mostrar o trabalho ao pai. De repente, os dedos do oficial param no retrato do patriarca, fardado. Bigode proeminente, cabelos bem aparados, gravata por baixo da farda. O cansaço da longa caminhada não chega a abater nenhum dos dois filhos. Em 2003, o velho coronel descobriu a doença e chamou ambos para uma conversa em que revelaria aos dois a existência de uma irmã, Simone. Três anos se passaram, e finalmente os dois conheceram Simone, com o pai já internado. A irmã dividiria com os dois policiais o plantão ao lado do leito. Uma convivência que valeria por toda uma infância perdida.

No dia 14 de janeiro, quando se despediu do coronel e pai, a mente de Wanderby viajou até o dia 24 de fevereiro de 1999. No auditório do quartel-general da PM, o coronel Wander leu sua última ordem do dia, se despedindo da corporação. A voz ainda ecoa na memória de Wanderby, distorcida pelo microfone meio gasto e pelo sistema de som falho, atrapalhada pelo burburinho. Mas ainda se ouvia o coronel agradecendo por tudo e fazendo a ressalva: "Mas o maior presente foi esta corporação ter acolhido em seu seio os meus dois filhos, continuadores de minha carreira, como aconteceu anos atrás comigo para meu pai". Wanderby pensa no avô, o primeiro-tenente reformado Geraldo Medeiros. Ainda não sabe que perderá o avô dali a seis meses. Ou sabe no íntimo. Ali, naquela escada de hospital, o sentimento fica mais forte. Chegaram ao fim os dias divididos entre o trabalho na polícia e o convalescer do pai. Agora, começa outra luta.

Depois de o governo anunciar 25% de aumento dividido em 24 parcelas, a batalha do major Wanderby é estabelecer a Tolerância Zero no Rio de Janeiro. Sem Rudolph Giuliani, prefeito nova-iorquino que praticamente cunhou a expressão, sem ordens superiores. A premissa principal é fazer com que nenhum policial saia de um batalhão num veículo sem condições - hoje, há unidades em que 80% dos veículos estão em condições precárias, com painéis amarrados por arames. Mas a polêmica maior está na esquina: soldados, cabos e sargentos da polícia passarão a ter respaldo de capitães, majores, tenentes-coronéis e coronéis (na PM não há general) para reprimirem irregularidades contra as quais o poder público habitualmente faz a famosa "vista grossa". Tradição no Rio de Janeiro desde o século 19, o jogo do bicho é uma dessas infrações que, sob o eufemismo de "contravenção", perduram como folclore e parte da paisagem. Criada em 3 de julho de 1892 pelo abolicionista Barão de Drummond - hoje nome de praça em Vila Isabel - a loteria zoológica é uma cultura com contradições: virou folclore do carioca - mas tem sangue em sua história. Por isso que o manifesto dos 40 da Evaristo, divulgado no dia 2 de julho, caiu como uma bomba no Palácio Guanabara, apesar de a imprensa não ter divulgado na íntegra.

O governo sabe que a crítica não é dirigida à atual gestão. No entanto, pegou mal porque sempre existiu um pacto silencioso, uma espécie de acordo verbal de cavalheiros entre o poder público e o jogo do bicho - conta um assessor parlamentar com trânsito na Alerj e no Palácio Guanabara.

O tenente Melquisedec Nascimento, presidente da Associação dos Militares Auxiliares e Especialistas (Amae), citou Maria Antonieta ao abordar o secretário estadual de Planejamento e Finanças, Sérgio Ruy Barbosa, principal interlocutor do governo. "Os policiais já estão sem pão. Não os mandem comer brioches."

Um dos principais conflitos internos hoje na Polícia Militar é o que acontece entre oficiais conhecidos como "treme-terra" e os ditos mais "modernos". Por "treme-terra" entende-se o policial com origem na antiga Polícia Militar do Estado do Rio, que em 1975 se fundiu - assim como o Rio e a Guanabara - com a corporação que atuava apenas na capital, a PMEG. O nome "treme-terra" tem origem na PM criada em 1835, inicialmente com o nome de Guarda Policial da Província do Rio de Janeiro. Na Guerra do Paraguai, os policiais da época constituíram o 12º Corpo de Voluntários da Pátria, que ganhou o apelido de "treme-terra", adotado até os dias de hoje.

Para quem não quer a mistura da polícia com a política, o oficial "treme-terra" representa promiscuidade. Depois da fusão, esses oficiais passaram, por força das decisões político-administrativas, a comandar batalhões de cidades ou regiões pequenas, onde acabaram dividindo importância política com o prefeito. A segurança pública ostensiva, atribuição constitucional do Estado, passa a ter uma ingerência do poder municipal, já que o prefeito acaba ditando costumes.

Esta proximidade acabou fazendo com que esses oficiais tivessem maior habilidade para lidar com os políticos. Um dos oficiais considerados expoentes dessa corrente é o coronel Emir Larangeira, criador do grupo de policiais chamado Cavalos Corredores - dos quais cinco foram acusados e condenados pela chacina de Vigário Geral em 1993, quando 21 pessoas foram mortas naquela favela em um gesto de vingança. Emir, já deputado estadual na época da chacina, era constantemente acusado pela formação do grupo, que incluía até policiais de fora do batalhão que comandava, o 9º BPM.

O coronel Romilton Corrêa, conhecido como forte "treme-terra", não por acaso é nascido em Porciúncula, no interior do estado. E moram em Niterói os "treme-terra" Wilton Soares Ribeiro e Claudecir Ribeiro, respectivamente ex-comandante-geral e ex-chefe do Estado Maior. Com forte influência sobre a polícia e também a política, o coronel Wilton, apesar de reformado por surdez, foi nomeado para a Coordenadoria de Inteligência do Ministério Público, em que é chefiado pelo ex-secretário de Administração Penitenciária, Astério Pereira dos Santos - este, coronel da PM e também "treme-terra". Astério nunca negou, por exemplo, a amizade com Emir Larangeira, ex-deputado polêmico que hoje escreve textos em um blog. Emir continua com grande liderança entre a PM por um motivo: é dos oficiais que mais protege seus comandados. Há diversos episódios polêmicos envolvendo o coronel, entre eles um ocorrido depois de sua saída do comando do 9º BPM para assumir sua cadeira na Assembléia Legislativa. O grupo Cavalos Corredores foi acusado do seqüestro e morte de 11 meninos da Favela de Acari, onde na década de 1980 até leão foi encontrado como propriedade de traficantes. Esse crime até hoje permanece sem solução.

Uma das mães das crianças, Edméia Eusébio, iria participar do reconhecimento de acusados na Delegacia de Homicídios da Polícia Civil. No reconhecimento, estaria o cabo Paulo Borges Silva (mais tarde, acusado de participação também em Vigário Geral). Em vez de Borges, apareceu o coronel Larangeira, com um advogado, protegendo o cabo. Ao contestar a legalidade do processo, o então deputado conseguiu adiar o reconhecimento. E adiou para sempre, já que seis meses depois Edméia foi assassinada com diversos tiros em Acari.

Apesar da PM se preparar para comemorar 200 anos em 13 de maio de 2009 (criada por Dom João VI em 1809), até hoje se comemora, no dia 14 de abril, o aniversário da antiga PM do Estado - criada em 1835 - no pátio do Comando de Policiamento do Interior. A PM da fusão? Ninguém comemora. Seria em 15 de março de 1975, quando houve a fusão do Rio de Janeiro com a Guanabara. Fato que cada vez é menos comemorado pelos dois lados fundidos.