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Por que o filme ...E o Vento Levou foi retirado dos streamings? Entenda

Após o roteirista John Ridley escrever um artigo sobre o filme, a HBO Max retirou o longa do catálogo

Redação Publicado em 11/06/2020, às 10h23

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Cena de ...E o Vento Levou (Foto: Reprodução / Silver Screen Collection)
Cena de ...E o Vento Levou (Foto: Reprodução / Silver Screen Collection)

Os protestos contra o racismo e a violência policial tomaram conta dos Estados Unidos e outros países ao redor do mundo após a morte de George Floyd. Mais uma vez, o movimento Black Lives Matter ganhou atenção da mídia para denunciar as desigualdades raciais enraizadas no país norte-americano. 

Contudo, dessa vez, o movimento conseguiu dar visibilidade para uma questão específica: a reflexão sobre os produtos consumidos no cinema, televisão ou plataforma de streamings. Apesar de serem obras culturais, muitas produções contribuem para a perpetuação dos estereótipos e preconceito contra pessoas negras. 

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Foi nesse cenário que a HBO Max anunciou que iria retirar o longa-metragem ...E o Vento Levou da plataforma de streaming quase um mês depois de ter adicionado o filme no catálogo. 

A produção dirigida por Victor Fleming em 1939 retrata realidade norte-americana da época em que os ricos fazendeiros brancos compravam e vendiam escravos sem o menor peso na consciência. A narrativa, claro, é focada em um típico romance de Hollywood.

O filme estrelado por Vivien Leigh foi premiado com oito estatuetas do Oscar, incluindo a de Melhor Atriz Coadjuvante para Hattie McDaniel, a primeira afro-americana a ganhar um prêmio na cerimônia. 

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Apesar do reconhecimento aparentar um avanço, o preconceito foi colocado em prática durante o evento, de acordo com informações do Express UK. Hattie foi separada dos colegas de elenco e se sentou um uma mesa no fundo do salão. 

Na época, a atriz declarou: “Por que eu reclamaria de ganhar US$ 700 por semana interpretando uma criada? Se eu não fizesse, eu estaria ganhando US$ 7 por semana sendo uma [de verdade]”.

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Butterfly McQueen, outra atriz negra do elenco, também disse que, no começo, não se importava em interpretar criadas, mas, depois, se arrependeu. “Após fazer a mesma coisa repetidamente, eu lamentei. Eu não ligava de ser engraçada, mas eu não gostava de ser estúpida”. 

No período do lançamento do filme, Carlton Moss, roteirista negro, escreveu uma carta aberta criticando a representação das pessoas negras na obra. Mais de 80 anos depois, John Ridley, roteirista de 12 Anos de Escravidão, escreveu um artigo para o Los Angeles Times em que pediu para a HBO Max retirar a produção, segundo a Consequence of Sound.

“É um filme que, como parte da narrativa da “causa perdida”, romantiza a Confederação de um jeito que continua a legitimar a noção de que o movimento secessionista foi algo maior, melhor ou mais nobre do que foi - uma insurreição sangrenta para manter o ‘direito’ de vender e comprar seres humanos”. 

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Como resposta, a plataforma de streaming da HBO anunciou: “ [...E O Vento Levou] é um produto do seu tempo e representa alguns preconceitos étnico e raciais que, infelizmente, têm sido comuns na sociedade norte-americana. Essas representações racistas eram e ainda são erradas, e nós sentimos que manter esse título sem uma explicação e denúncia desses retratos seria irresponsável” 

A equipe também deixou claro que a obra vai voltar ao catálogo, mas com uma “discussão sobre o contexto histórico e a denúncia das representações” antes da exibição. Para a plataforma, o ator de ignorar o filme também é uma forma de “afirmar que esses preconceitos nunca existiram”. 

“Se formos criar um futuro mais justo, igualitário e inclusivo, nós precisamos entender e reconhecer a história primeiro”, disse a plataforma de streaming do pronunciamento oficial.


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