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Porão do Rock começa com celebração a Raimundos

Bandas vieram de todos os cantos do Brasil e do mundo, mas a atração mais esperada foi a banda de Brasília

Lucas Reginato, de Brasília Publicado em 08/09/2012, às 12h03 - Atualizado em 21/09/2012, às 14h10

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Flávia Couri - Divulgação
Flávia Couri - Divulgação

Atualizado dia 21 de setembro

Enquanto na Esplanada dos Ministérios as forças armadas do país desfilavam no feriado de 7 de setembro, no complexo esportivo Nilson Nelson eram as guitarras que estavam escaladas para se exibir ao público. Foram ao todo 20 atrações que se dividiram em três palcos – um na parte de dentro do ginásio e os outros dois montados lado a lado na parte de fora. Mas em meio a tantas atrações, de todo o Brasil e até mesmo algumas de fora dele, o nome mais pronunciado pelo público ao longo da noite era justamente de uma banda local: Raimundos.

A responsável por iniciar as atividades do primeiro dia de evento foi a banda local Jazahu, que por ter começado sua apresentação 35 minutos mais tarde atrasou toda a programação da área externa do festival. No palco montado dentro do ginásio, por outro lado, a banda Soul Factor iniciou seu show pontualmente às 19h e contou com público bem maior do que aquele que estava do lado de fora.

Uma pequeníssima praça de alimentação com número de mesas incompatível ao de pessoas presentes ficou lotada rapidamente, mas diversos bares espalhados pela pista vendiam água e refrigerante a R$ 3 e cerveja a R$ 4 para tentar matar a sede do público que dançava na quente noite de Brasília.

A grande capacidade do local permitia a presença de até 60 mil fãs de rock, mas a quantidade foi significantemente menor do que isto, o que permitiu que banheiros e outros serviços, assim como o espaço, fossem compartilhados sem grandes problemas e filas pelo público.

Vanguart

Foi o Vanguart uma das principais bandas no começo das atividades da 15ª edição do Festival Porão do Rock. Quando subiram ao palco, o espaço externo ainda reunia bem menos pessoas que no palco interno, onde tocavam bandas com som mais pesado, como Claustrofobia. Os mato-grossenses, no entanto, trouxeram ao festival um público diferente, que parecia ter ido ao Nilson Nelson com a única intenção de assistir à banda. Espremidos na grade mesmo que houvesse espaço de sobra atrás dela, os fãs, com cartazes e declarações de amor, assistiram a um show com a cara do álbum Boa Parte de Mim Vai Embora, mesmo que músicas mais antigas também tenham sido entoadas.

As canções melodramáticas foram intercaladas com discursos teatrais que revelavam uma face de galanteador sensível do vocalista Hélio Flanders. A combinação facilmente conquistou a plateia, embora o começo tenha sido morno até a faixa “Das Lágrimas”, quando a violinista Fernanda Kostchak entrou em cena acrescentando mais uma linha melódica à construção folk da banda.

Autoramas e BNegão

O Autoramas subiu ao palco para uma plateia que aparentava ainda não ter entrado no clima do festival, e cumpriu com êxito a missão de contagiar o público já em número significativo. Apenas uma introdução instrumental e a faixa “Lugar Errado” antecederam a entrada de BNegão ao palco, e o convidado especial esteve à vontade com a banda formada por Flávia Couri (foto) e os velhos amigos Gabriel Thomaz, guitarrista e vocalista, e Bacalhau, baterista ex-integrante do Planet Hemp.


O quarteto preparou um set list eclético para a apresentação, já feita em algumas outras oportunidades anteriores. Clássicos como “Private Idaho”, do B-52s, e “Let´s Groove”, do Earth, Wind And Fire, ganharam nova roupagem que se misturou também a músicas do rapper carioca como “Até O Caroço” e sucessos do Planet Hemp como “Dig Dig Dig” e “Queimando Tudo”. O público reconheceu a qualidade do som da banda, que deu início não-oficial ao evento.

Raimundos

Eles não eram o headliners, mas mesmo assim eram a atração mais aguardada da noite. Mesmo que estivessem escalados nomes do Brasil e do mundo, era justamente uma banda de Brasília que gerava mais expectativa do público. O fato de a banda anunciar que tocaria no evento o álbum Lavô Tá Novo, de 1995, na íntegra, ajudou a instigar ainda mais os presentes – tanto fãs como outros músicos – a acompanhar a apresentação, que só não recebeu maior número de espectadores porque tocou ao mesmo tempo que os norte-americanos do Trivium.

Mas tantos fãs não foram recompensados com uma apresentação das mais dedicadas da banda. Distante, Digão alternou momentos de empolgação e displicência, e ainda sofreu com problemas técnicos e uma voz que sumia nos alto-falantes. Todo o álbum de 95 foi tocado em sua ordem original, com destaque para “Eu Quero Ver o Oco”, “Esporrei na Manivela” e “I Saw You Saying (That You Say That You Saw)”.

Se a pista estava cheia de gente, o Raimundos também tentou povoar o palco. Foram convidados a se juntar à banda o técnico de som Guiminha, os ex-integrantes Fred e Alf, e até mesmo o jogador de basquete do time de Brasília Cipriano, que fez rima em “Cabeça de Bode”.

Com tanta gente no palco, teve espaço até para revezamento de microfone durante “Puteiro em João Pessoa”, que após muitos pedidos foi tocada como encerramento. Antes, a banda tinha tocado a sua versão da música do Ultraje a Rigor “Rebelde Sem Causa” e claro, “Mulher de Fases”, que ganhou o posto de maior coro do público. Ao final, entre amigos, o clima foi de descontração e os integrantes trocaram de instrumentos por diversão. “Agora parecia que eu estava na sala de minha casa”, disse Digão quando saía de cena. De fato, o Raimundos estava em casa.

Red Fanger

Muita gente foi embora assim que o Raimundos saiu do palco, mas o público ganhou novos ares com a chegada daqueles que acompanhavam o show do Trivium. Talvez foste essa plateia, aliás, mais adequada para acompanhar os norte-americanos do Red Fang, com estilo que varia entre o stoner rock e o heavy metal, ou simplesmente “rock pesado”, como eles preferem resumir.


Se o Raimundos já havia ganho o público antes mesmo de entrar em cena, ao Red Fang parecia estar proposto o desafio de deixar que as pessoas fossem embora para casa satisfeitas, e esta missão foi cumprida.

A pose dos integrantes é a do clássico bebedor de cerveja descomprometido, mas a verdade é que apenas com muita dedicação e ensaio uma banda poderia fazer um show como o que fizeram. Viradas perfeitas, variações de ritmo bem ensaiadas e nenhum espaço para a improvisação garantiram ao Red Fang muitos, e merecidos, aplausos.

Pouquíssimos presentes conheciam as músicas da banda, ou ao menos poucos se exaltavam nas primeiras canções. Faixa a faixa mais cabeças começaram a se mexer e braços começaram a se erguer, de modo que no final da apresentação o público estava completamente entregue.

O cansaço daqueles que já acompanhavam shows há mais de seis horas foi um desafio extra principalmente em canções que variavam de ritmo e exigiam atenção para as nuances atraentes. A faixa final antes do bis, “Prehistoric Dog”, foi sem dúvida a mais adorada pelos fãs, que acompanharam a eficiência do quarteto.