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Prestes a estrear o próprio programa, Sabrina Sato quer mostrar maturidade ao enfrentar o maior desafio de uma carreira sem obstáculos

Programa da Sabrina vai ao ar a partir deste sábado, 26, na Record

Bruna Veloso Publicado em 25/04/2014, às 17h43 - Atualizado às 20h50

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<b>OUTRO CAMINHO</b> Em seu camarim na Record, Sabrina se prepara para encarar novos rumos - Daniel Aratangy
<b>OUTRO CAMINHO</b> Em seu camarim na Record, Sabrina se prepara para encarar novos rumos - Daniel Aratangy

Alguém me traz um copo d’água? E um penico também”, pede Sabrina Sato, ao microfone, à produção d’O Melhor do Brasil, comandado por Rodrigo Faro, em uma tarde do fim de março. Como faz praticamente sempre, Sabrina, a nova estrela da Rede Record, age de maneira espontânea, brinca e faz piadas durante a gravação de mais um programa da casa (antes da estreia do Programa da Sabrina, marcada para 26 de abril, ela realizava uma tour pelos outros títulos da emissora).

As 100 primeiras capas da Rolling Stone Brasil.

No dia seguinte, na cobertura onde mora em Perdizes (São Paulo), Sabrina está sentada diante da mesa de madeira de lei da sala de jantar. Ela derrama café na justa calça preta que veste; minutos depois, despeja água na mesa e no celular que gravava esta entrevista; ao tentar encontrar um pano para enxugar o aguaceiro, derruba algo na cozinha, talvez uma panela. Ainda que realmente tenha o lado desajeitado que exibia no Pânico, ela está longe de ser a “gostosa burra” que muitos teimam em acreditar que ela seja. Com o recebimento de milhões de reais ao ano entre salários, negócios e contratos publicitários, uma carreira que até o momento não encontrou pontos baixos e prestes a debutar seu próprio programa no horário nobre, a apresentadora, ex-participante do Big Brother Brasil, ex-bailarina do Domingão do Faustão, não precisa, e nem quer, provar a própria inteligência.

Entrevista: depois de dez anos fazendo rir no Pânico, Sabrina Sato estreia como atriz de cinema.

Outras coisas que Sabrina Sato, 33 anos, não quer: revolucionar a televisão, tornar-se a nova dama dos auditórios ou atender às expectativas alheias. Hoje, longe de se levar a sério, ela tem mais desejos mundanos do que grandes ambições: pretende continuar se divertindo no trabalho – e continuar a ser amada pela multidão.

Depois de ter tido o primeiro contato com a Record, você demorou a tomar a decisão de sair do Pânico?

Se eu ia “sair do Pânico” era uma pergunta que muita gente me fazia, há muitos anos – e eu não tinha nem coragem de parar pra pensar. Tinha tanto medo, que já mudava de assunto. E eu achava que não merecia um programa só meu.

Sabrina foi capa da nossa edição 27.

Achava mesmo?

Sei lá, tem tanta gente boa na televisão, tanta gente bacana. Pensava que era muito, apesar de sonhar com isso desde criança. Mas essa proposta veio num momento maravilhoso. Eu não podia negar para mim mesma que já tinha virado uma mulher, não tinha mais como eu fingir para o público que eu era uma adolescente, que era uma menina, entendeu? Fiz análise para encontrar essa resposta, conversei muito com minha família, com meus amigos, e ouvi muito meu coração. E sempre gostei do grande, do popular. Gosto do povo, de lidar com bastante gente, de estar perto da plateia. Quando escolhi a Record, foi também pensando nisso.

O Pânico tomava muito da sua vida?

Até então, se você falasse: “Sabrina, vou me casar, quero muito que você vá”, eu confirmava, aí aparecia uma matéria pra gravar, e eu não ia ao seu casamento. A minha vida era do Pânico – e eu entendia isso totalmente. Não era uma coisa da qual eu reclamava nem nada, porque acho que a gente tinha que abrir mão de muita coisa para poder fazer o programa, e esse era o modo que fazia ele dar certo.

O que foi mais difícil: tomar a decisão de sair da zona de conforto na qual você se encontrava ou começar um programa do zero?

Nenhum dos dois é fácil, mas sair do Pânico foi muito difícil. Não é nem de sair da zona de conforto, é pelo apego que eu tinha com cada um de lá. Isso mexeu muito comigo. Passei o Natal e o Réveillon chorando. E eu não sou de demonstrar, não sou de me deixar abater, não me permito muito. Claro, dá um medinho também. Sabe a sensação de que agora é com você e pronto? Antes eu tinha o Emílio [Surita] para me proteger. Mas estou me sentindo muito amparada.

Você pensa na possibilidade de não dar certo?

Eu não pensei, não. Mas... é...

Por ser sempre muito positiva, não é da sua natureza pensar em fracassar?

É, o duro é que não é da minha natureza... Aquelas que começam a chorar [risos]. Sempre penso em tudo que vai dar certo, sempre penso no lado positivo. Mas, vamos raciocinar, em vez de pensar só com o coração: acho que, se não der certo, vou tentar, vou melhorar. Eu sei da expectativa.

Você trabalha há muito tempo na TV. Já se viu em meio a uma disputa de egos?

É muito doido, eu nunca tive problema com ninguém. E todo mundo começou a dar esses conselhos [quando fui para a Record]. Mas eu cheguei lá e já começamos a brincar um com o outro. Ninguém vai pegar o lugar de ninguém. O que é seu é seu, o que é meu é meu, acredito muito nisso. Ao mesmo tempo, ninguém é insubstituível.

As pessoas têm uma proximidade com você, de te achar uma pessoa “normal”, acessível. Mas é difícil sair na rua e todo mundo achar que é seu amigo, não é?

Eu gosto disso, sabia? Na escola, nunca quis que tivessem medo de mim. Sempre quis deixar todo mundo à vontade, assim como eu gosto de ficar à vontade. Às vezes eu estou em algum lugar, num restaurante, por exemplo, e vejo alguém fazendo uma foto lá de longe. Já falo: “Quer vir aqui fazer foto?” Eu prefiro posar para a foto à pessoa ficar fotografando de longe, meio paparazzo. Vem aqui que eu faço a pose, mando beijo, ligo pra sua mãe. Mas é bom as pessoas terem bom senso.

Veja os bastidores do ensaio fotográfico:

Sabe-se muito pouco sobre o Programa da Sabrina, mas vai haver algum quadro no qual você possa vir a precisar falar inglês?

É, também não sei como vai ser isso, não.

Porque no Pânico você dava uma forçada para falar mal, não?

O que você acha?

Acho que você forçava.

Mesmo se forçasse, meu inglês é muito ruim. Eu tenho uma professora, mas agora estou trabalhando tanto que deixei o inglês meio de lado. Acho que só vou aprender se morar fora. Tenho dificuldade, minha língua parece que bate diferente.

E não te dava nem um pingo de vergonha um episódio como na entrevista com o Justin Timberlake, com a barreira da língua e ainda tendo que dizer: “Olha, Justin, toma aqui uma réplica da minha bunda”?

Não, é brincadeira, é humor! Teria vergonha se estivesse sendo mal-educada. Tenho vergonha de tratar alguém mal... Mas vergonha de dar a bunda, não tenho, não. Tô vendo as aspas na Rolling Stone: “De dar a bunda não tenho vergonha, não” [risos].

Você nunca ligou para o fato de te chamarem de burra. Mas e agora, que você está em um outro momento da carreira, isso importa?

Sabe por que não? Acho que o tempo dá todas as respostas. Se eu me achasse burra, me incomodaria. Como eu não me acho, então tudo ok, podem falar o que quiser. Acho que ficaria chateada se achassem que eu sou má pessoa, com caráter ruim. Não tenho que viver de acordo com as expectativas das pessoas. Tenho que viver de acordo com o que eu sonho, com as minhas expectativas.

E se falam da sua aparência, incomoda?

Sacaneiam. Mas se me incomodasse eu tinha arrancado essa verruga, né? Imagina se jogador de futebol, toda vez que for jogar, escutar a torcida. Ele não vai jogar. Eu, se fosse jogador, iria para o campo com um algodãozinho no ouvido.

O fato de os seus pais serem formados em psicologia influenciou você a ter feito terapia desde jovem?

Casa de ferreiro, espeto de pau. Eu sempre senti essa necessidade. São muitas perguntas na nossa cabeça, e eu sempre quis encontrar respostas para elas, saber quem eu realmente sou, o que eu quero, o que me move. Eu fiz xixi na cama até muito tarde, até os 14 anos.

E isso era corriqueiro?

Era. Um dia colchão de um lado, um dia do outro lado. Colchão à tarde no sol [risos]. Era um saco.

Certamente te deixava insegura.

Ah, deixava. Eu era superinsegura quando criança e adolescente. Tenho um grupo no [aplicativo] WhatsApp com minhas amigas de infância, e é muito engraçado, porque quase todas são mães, casadas. Aí de vez em quando mando um vídeo de putaria pra dar uma alegrada.

Você acha que em algum momento se encaixou na categoria de “mulher-objeto”?

Eu acho que não, porque acredito que isso é muito mais interno. Penso que uma mulher, quando põe um biquíni ou uma roupa sexy, não está sendo mulher-objeto. Até porque as feministas ficam do lado de você ter o direito de usar o que quiser. Eu não sentia isso, sempre fui muito livre e independente. E eu tirava sarro do fato de estar de biquíni. Nunca me permiti ser vítima.

É raríssimo te ver sem sorrir. E a Sabrina de mau humor? Quem trabalha contigo costuma ver esse lado?

Claro! Mas isso passa muito rápido. Só que cada vez mais eu estou aprendendo a falar quando eu me incomodo, quando eu não gosto. É uma coisa que estou trabalhando, e que com o tempo fui aprendendo – no ano passado, na análise, foi minha principal questão a ser trabalhada –, que é saber falar “não”. Estou aprendendo a conversar. Se você guarda, é pior, chega uma hora que você não aguenta.

No trailer do filme A Grande Vitória, tem uma cena em que você aparece séria, dizendo que está grávida. Fiquei pensando: “Será que ela terminou de gravar e começou a rir depois?”

[Risos] Não, eu chorei nesse dia! Fiz a cena tantas vezes... Chegou uma hora que eu estava vendo a personagem, me emocionei muito.

E quer investir na carreira de atriz?

Eu sou apaixonada por cinema. Quando era criança, em Penápolis, ficava o dia inteiro na locadora. E os filmes de que eu gostava muito, escondia em casa. Chegava uma hora que a multa era tão alta, que meu pai tinha que comprar o VHS. Fiz isso com Marcelino Pão e Vinho, Meu Pé de Laranja Lima... Mais tarde, via filmes com uma tia que é só 12 anos mais velha que eu. Teve um que fiquei aterrorizada: Encaixotando Helena. Eu tinha uns 13, 14 anos. Imagina, a menina nunca nem beijou na boca e vê um filme como esse? Enfim, gosto muito. Mas tenho muito que melhorar como atriz.

Você se diria uma pessoa ingênua?

Acho que já fui muito ingênua. Estava até vendo a minha fita do Big Brother... Nossa, era muito ingênua. A ponto de, há dez anos, alguém fazer uma piada de duplo sentido ou me sacanear e eu não entender. Hoje, eu tenho malícia.

Depois de tanto tempo no elenco do Pânico, seria difícil não ter.

É, dez anos de faculdade da malícia. Mas eu amadureci.

Hoje, você consegue se imaginar velha?

Me imagino, sim. Sonho em ser uma velha com um monte de amigas, que joga baralho, toma um uísque, uma cervejinha, vai para as festas... Uma velhinha animada, porreta.