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Princesa medieval moderna

A técnica sempre perfeita da Pixar encontra características típicas da Disney em Valente

Stella Rodrigues Publicado em 20/07/2012, às 12h54 - Atualizado às 13h00

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Valente
Valente

A onda girl power de Jogos Vorazes, somada à técnica sempre impressionante da Pixar e ao jeito de se construir tramas da Disney, deu origem a Valente, uma animação muito divertida. Porém, é impossível não comparar uma produção da Pixar, empresa que se supera a cada produção, à sua subsidiária – e, desta vez,o resultado pende mais para o lado da Disney do que da companhia que nos trouxe Wall-E, Procurando Nemo e alguns dos curtas mais queridos dos últimos tempos.

Não porque Merida (Kelly Macdonald na dublagem original e Luisa Palomanes, em português), a primeira protagonista feminina da Pixar, é uma princesa. Nesse aspecto, o filme se posiciona de forma anti-Disney, apresentando uma garota tão livre quanto seus cabelos ruivos, armados e rebeldes, uma representação mais do que clara da personalidade dela. Mas porque a estrutura da história é burocrática e comum como as tramas de princesas da empresa do Mickey.

Na história, que se passa na Escócia medieval, Merida não aceita a exigência dos pais de que ela escolha o filho de uma das famílias parceiras do reino para se casar. O acordo todo está acertado há muito tempo entre as famílias e faz parte do tratado entre os clãs que garante a paz nos reinados. Os três candidatos a marido são colocados para competir entre si. São eles os herdeiros do lorde Dingwall (Robbie Coltrane/Rodrigo Lombardi), do lorde Macguffin (Kevin McKidd/Luciano Szafir) e do lorde Macintosh (Craig Ferguson/ Murilo Rosa). Mas a garota não se sente pronta para isso, não tem interesse em seguir todas as regras de como deve se comportar uma princesa e quer traçar o próprio caminho. Bate de frente com a mãe, Elinor (Emma Thompson/Mabel Cézar), como uma típica adolescente – com a diferença de que o mais comum hoje é que os pais briguem para que as filhas novinhas não namorem. Desesperada, ela recorre a uma bruxa truqueira (Julie Waters/Carmem Sheila) e pede a ela um feitiço que faça mudar a cabeça da mãe, aquela guardiã dos costumes e tradições que não entende o lado da princesa. Não precisa nem explicar: qualquer um que cresceu vendo animações sabe que cortar caminho com feitiços é sempre desastroso.

A animação, com direção de Mark Andrews e Brenda Chapman, chega aos cinemas nesta sexta, 20, em um ótimo 3D, com cópias legendadas e dubladas. Com o áudio em português, é inevitável que se perca alguma coisa do texto original, mas a dublagem é bem dirigida e não incomoda tanto.

A intempestiva garota, que prefere cavalgar por aí atirando com seu arco e flecha a aprender a ser uma matriarca doutrinada, busca uma identidade singular e prova sua valentia ao desafiar tudo que estava estabelecido. A Pixar não necessariamente fez a mesma coisa com o filme, mas produziu um longa tão adorável quanto os cabelos revoltos da personagem.