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Public Enemy é a grande atração do segundo dia do festival Black na Cena

Liderado por Chuck-D e Flavor Flav, grupo empolgou público neste sábado, 23; saiba também como foram os demais shows do evento paulistano

Por Bruno Raphael e Patrícia Colombo Publicado em 24/07/2011, às 19h54

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Chuck D empolgou público em apresentação animada do Public Enemy - Divulgação
Chuck D empolgou público em apresentação animada do Public Enemy - Divulgação

O segundo dia do Black na Cena foi marcado pela diversidade. Seja no hip-hop paulistano, passeando pelo reggae, experimentalismo eletrônico ou o rap norte-americano dos anos 80, o festival divulgou a música de influência negra com bons nomes em seu line-up, neste sábado, 23, em São Paulo. O destaque ficou para o Public Enemy, que empolgou o público ao som de clássicos.

Para abrir os trabalhos na Arena Anhembi, foi chamado o rapper paulistano Xis, em show que foi marcado pelas participações de Rincon Sapiência e Marcelo Lira. Na sequência, o reggae do carismático cantor jamaicano Lee "Scratch" Perry e o experimentalismo do ex-baterista d'O Rappa, Marcelo Yuka, aqueceram o espírito e o corpo de quem enfrentava o frio (veja na galeria de fotos ao lado como foram as apresentações).

O Public Enemy, atração mais aguardada, subiu ao palco às 20h30. A entrada de Chuck D foi como uma bomba para o público: "Brasil, vocês estão preparados?", gritou o rapper, que em questão de segundos tinha a plateia a seus pés, como um grupo de soldados aguardando ordens de seu coronel.

O frio, que já rondara o evento no dia anterior e no fim de tarde do sábado, se tornou um dos desafios a serem vencidos por quem avistava ao longe a vestimenta amarela de Chuck D. Mas a atmosfera, que já havia sido aquecida pelos shows anteriores, se transformou em puro fogo quando as pessoas se aglomeraram perto da grade que separava o Public Enemy de seus ansiosos fãs. "Ponham seus punhos no ar", pedia repetidamente o MC, que logo em seguida ganhou a companhia de Flavor Flav, o lado mais descontraído da dupla de rappers principais do Public Enemy. Esbanjando simpatia, Flavor Flav surgiu com seu característico relógio gigante pendurado no pescoço e um divertido moletom vermelho.

"Bring the Noise" levou o público ao êxtase. "Aí Brasil, caralho!", gritou Flav em alto e bom português. "Eu quero agradecer por todos os anos que vocês apoiaram o Public Enemy. Sem vocês não existiria o Public Enemy." Disparando seu clássico "Yeah Boy!" a todo momento, Flavor Flav se prova ser o animador das multidões: enquanto Chuck D é o lado responsável pela ideologia do grupo e pela seriedade, Flavor é quem descontrai.

Mas não era só a dupla de MC's que conseguia transformar o show do Public Enemy em uma experiência audiovisual para se lembrar por muito tempo. O guitarrista Khari Wynn muitas vezes toma as rédeas das canções, interpretando jams de hard rock mesclado com o blues, e tocando o riff de "Back in Black", do AC/DC, em certo momento, como sustentação das rimas de Chuck D e Flavor Flav. Em outra parte da noite, o DJ Lord, responsável pelas pick-ups do grupo, mostrou sua habilidade ao desconstruir "Smells Like Teen Spirit", do Nirvana.

Se aproximando do fim da apresentação, após "Don't Believe the Hype", Flav rumou para as baterias e Chuck D convocou o rapper Thaíde a subir ao palco. Ele, parecendo despreparado para a surpresa, começou a versar de improviso sobre uma base de percussão tocada por Flavor. O rapper paulistano rimou sobre diversas coisas, e arriscou uma versão crua de "Apresento Meu Amigo", uma de suas marcas registradas.

Para finalizar, a canção que marcou a ascensão do grupo e sua luta pelas causas públicas e sociais. "Fight the Power" teve seu refrão entoado em coro na Arena Anhembi, tornando a noite uma das mais épicas para o público brasileiro fã de hip-hop. Logo após o show, Chuck D falou brevemente sobre a morte da cantora Amy Winehouse, comentando o fato de que "ela tinha um enorme talento, mas queria que isso [sua morte prematura] acontecesse, pelo jeito que vivia. O Public Enemy sempre teve compromisso com sua música, isso é no que um artista sempre deve se apoiar".

Black Rio

Logo na sequência da apresentação dos rappers, foi a vez da banda Black Rio subir ao palco do festival. O show teve início às 22h35, com a execução de "Maria Fumaça", um dos maiores clássicos do lendário grupo formado nos anos 70 - conhecido por colocar na mesma panela, de forma bem-sucedida, elementos do samba, jazz e funk. A nova formação é liderada por William Magalhães, filho do membro-fundador Oberdan Magalhães (morto em um acidente de carro em 1984). O show também contou com participações especiais de Criolo, Slim Rimografia, Negra Li, Pixote, Du Bronks e Dexter, em um mix de hip-hop e sambarock. Entre as músicas que compuseram o set list, estiveram "Subirosdoistionzin" e "Grajauex" (de Criolo), "Me Sinto Bem" (Slim), "Você Vai Estar na Minha" e "Bom Senso" (ambas cantadas por Negra Li, sendo a última um hit de Tim Maia), e "Mente do Vilão" (do Racionais MC's, cantada por Pixote, Du Bronks e Dexter).

Pato Banton

O homem-simpatia Patrick Murray (vulgo Pato Banton) chegou vestindo branco - assim como a banda que o acompanha em turnê - para sua apresentação, às 23h40. Sorridente e brincalhão, pareceu confortável em seu retorno ao Brasil, terra na qual fez grande sucesso durante os anos 90. Abrindo o show com "Destination Paradise", mostrou interação com seus músicos ao longo da noite (inclusive, com coreografia e momento "estátua" em determinada parte do show) e arriscou no português como um bom gringo em terras brasileiras. Entre as faixas, mandou um cover de "Jamming", de Bob Marley, "Groovin'" (sua versão reggae dance para o clássico sessentista do The Young Rascals), "Legalize It" e o hit "Go Pato", que arrancou coro da plateia agora dançante, como era de se esperar. O jornalista e cantor Junior Hilton foi convocado ao palco para cantar "Tudo de Bom" (do álbum Live In Brazil, de 1999). Já quando estava prestes a se despedir, Pato Banton desceu até a grade que o separava do público e por lá ficou, cantando e divertindo os fãs, até o fim de sua apresentação.

Jorge Ben Jor

A partir 00h55, Jorge Ben Jor e seus músicos mandaram hit atrás de hit em apresentação de pouco mais de uma hora de meia de duração. A maior parte das canções foi emendada uma na outra - o que economizou tempo e propiciou um número maior de faixas tocadas durante o show. A seleção, aliás, transitou pelas diversas fases da carreira de Ben Jor, indo de "Mas que Nada" (do álbum de estreia Samba Esquema Novo, de 1963) ao trio "Engenho de Dentro", "Alcohol" e "Spirogyra Story" (do disco 23, de 1993), passando por "Menina Mulher da Pele Preta" e "Zumbi" (A Tábua de Esmeralda, de 1974), entre outras. Um dos destaques foi o sorridente percussionista Neném da Cuíca, que além de dividir sua tarefa em diversos instrumentos, ainda encontrou espaço para danças curiosas, que divertiram a plateia.

A última apresentação da noite, subindo ao palco às 02h30, ficou cargo do Olodum, que teve como convidado Carlinhos Brown. Veja imagens na galeria acima, à esquerda.

Clique no link abaixo para saber como foram os shows do primeiro dia do Black na Cena.