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“Quando começamos era uma loucura”, diz Gabriel Thomaz, do Autoramas, sobre a época que antecedeu os festivais independentes

A banda, que investe em mais um projeto de financimaneto coletivo, cresceu no cenário alternativo juntamente aos festivais que passaram surgir por todo o país

PEDRO ANTUNES Publicado em 17/11/2012, às 11h03

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Autoramas faz show de veteranos no Goiania Noise - Marina Marques / Divulgação
Autoramas faz show de veteranos no Goiania Noise - Marina Marques / Divulgação

Com uma experiência muito bem sucedida do uso do sistema de financiamento coletivo – uma das melhores, aliás, no cenário independente -, o Autoramas só tem motivos para comemorar. Gabriel Thomaz, guitarrista e vocalista, está com o sorriso estampado de um lado a outro depois de mais um bom show no festival independente Goiânia Noise, no último sábado, 10. É tudo fruto de Música Crocante, quinto disco do grupo, viabilizado via crowdfunding e lançado no fim do ano passado. “Percebemos que a relação que já tínhamos com os fãs ficou mais forte”, fiz o vocalista.

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A iniciativa aproximou público e banda, diz Gabriel, de uma forma ainda mais intensa, como resultado da ideia de responsabilidade de cada um dos fãs pelo novo trabalho. “Foi o maior barato. As pessoas colocavam fotos do disco no Facebook e marcavam a gente. Posso passar a noite inteira aqui falando de casos que contaram para a gente”, completa o vocalista, engatando na história de uma menina que descobriu a banda quando o irmão, fã do grupo, viajou para a França e deixou os álbuns em casa. “Ela dizia que se tornou mais fã que ele próprio”, ri o músico.

Não por acaso a banda parte para um segundo trabalho seguindo o mesmo método de financiamento, agora com DVD de registro da turnê internacional da banda. “Vamos selecionar as imagens mais divertidas, curiosas e engraçadas”, explica Gabriel. Autoramas Internacional tem até o dia 18 de dezembro para arrecadar R$ 9.999,90.

“O crowdfunding deu um ânimo maior para o nosso último trabalho. Já estava nas redes sociais, na internet”, diz Gabriel. “As pessoas pedem para colocar o disco para baixar, e eu respondo: ‘não precisa, o pessoal já põe’.”

Com a chegada do baterista Bacalhau, o papo envereda para o crescimento do cenário de festivais independentes. Os dissidentes da Abrafin (Associação Brasileira de Festivais Independentes) acabam de formalizar a criação da FBA (Festivais Brasileiros Associados). “Os mais jovens pensam que tudo sempre foi assim, mas não. Em 2004, não existia um milésimo disso que está aí”, diz Gabriel. “Cheguei a tocar no Goiânia Noise em um clubinho bem pequeno”, relembra. Bacalhau vai além: “O próprio termo ‘indie’ foi deturpado. Para a gente, isso queria dizer independente, mesmo”. “Quando começamos, era uma loucura”, completa Gabriel.

Para eles, a ideia dos festivais é exatamente manter essa característica local. “Ser regional é legal”, diz Bacalhau, enquanto Gabriel cita o caso da acreana Los Porongas há alguns anos. “Chegamos em um festival lá e já tínhamos ouvir falar da banda. Mas, no show, vimos a comoção, a banda era ultra pop.”

A própria pluralidade de eventos como estes são dignas de elogio. Porque, apesar de ter “rock” no nome - Abril Pro Rock, Porão do Rock, e o próprio Noise (palavra que, em português, significa barulho) -, é possível encontrar outros gêneros e sonoridades, do metal extremo até bandas “retropicalistas”, como definiu Gabriel. “O grande barato são essas curadorias que exploram tudo. Essa liberdade torna tudo muito legal”, completa, por fim.