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Resenha: Taylor Swift abandona dramas da mídia em Reputation, disco mais íntimo da carreira

Lançado três anos depois de 1989, sexto álbum mostra lado mais profundo e obscuro da diva pop

Rob Sheffield Publicado em 10/11/2017, às 17h00 - Atualizado às 17h30

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Capa de <i>Reputation</i> (2017), de Taylor Swift - Reprodução/Instagram
Capa de <i>Reputation</i> (2017), de Taylor Swift - Reprodução/Instagram

“Eu juro que não amo o drama – ele que me ama!”. Este é um verso que resume Reputation, de Taylor Swift. Então descanse em paz, Velha Taylor, e abra espaço para a Nova Taylor, porque é disso que Reputation se trata. Ela passou a maior parte do último ano fora dos holofotes – um grande desafio para uma estrela que sempre está disposta a compartilhar sentimentos. O fato de Taylor ter desligado o telefone é equivalente ao de Leonard Cohen ter se mudado para um monastério Zen por cinco anos.

Pelos sons do excelente sexto disco dela, Taylor passou esse tempo indo para lugares mais profundos, mais obscuros e mais introspectivos. Reputation é o álbum mais íntimo dela – um ciclo de músicas sobre como é parar de procurar um romance e deixar a vida acontecer. Como uma das maiores mentes da história do pop, ela está tentando algo novo, como sempre. Mas porque é Taylor Swift, não consegue parar de ser turbulenta, exagerada e gloriosa. Sem dúvidas o caso de amor da garota com o drama está vivo e bem.

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O mundo estava esperando que Reputation fosse uma festa de vingança contra celebridades, pelo single “Look What You Made Me Do”, que relembrou histórias em que ela tinha sido maltratada por famosos. Mesmo que você acredite que aquelas foram reclamações totalmente justificáveis, pareceu uma total perda de tempo criativo que fez com que muitos fãs temessem o resultado final de Reputation. Mas me desculpe, mundo – esse foi só mais um movimento falso Swifitiano, porque não há nada parecido no disco. Em vez disso, ela está jogando com maiores níveis emocionais – é um álbum cheio de músicas de amor adultas. O que representa uma ousada guinada, já que a compositora conseguiu muitos hits buscando a próxima paixãozinha.

Como já sabemos, as músicas de Taylor são autobiografia direta. E um ano em um relacionamento com o ator Joe Alwyn fez com que ela não se acabasse em músicas de término. Faixas como “Dancing With Our Hands Tied” e “New Year’s Day” são histórias de amores duradouros que não terminam com um cachecol escondido em uma gaveta. Como ela canta em “Call It What You Want”, “Ninguém tem ouvido falar de mim há meses/Eu estou melhor do que nunca.” As músicas são cheias de detalhes cotidianos – derrubar vinho em uma banheira, construir barracas de cobertores. Mas também exploram uma questão temporal: o que acontece com a sua identidade se ela para de se definir a partir da visão de estranhos sobre você?

Há uma surpreendente quantidade de sexo e zombaria, como em “I Did Something Bad”, que tira sarro de ex-namorados: “Se um homem fala merda, então eu não devo nada para ele.” “Dress” fala sobre transar: “Eu só comprei esse vestido para que você pudesse tirá-lo.” Mas mesmo quando a Sra. White Horse faz piadas sensuais, ela não consegue não rir de si própria. Até o título é uma piada interna, já que Taylor sempre amou odes aos vestidos dela – é como se Bruce Springsteen chamasse uma música de “Car”. “End Game” é a profundamente estranha, ainda que divertida colaboração de R&B com Future e Ed Sheeran (um trio que ninguém previu).

Reputation se constrói no synth-pop de 1989 – com ganchos engenhosos que maximizam a sonoridade bombástica, produzida por Max Martin e Shellback e Jack Antonoff. A delirante “Getaway Car” fala sobre um triângulo amoroso que começa em algum lugar chique, mas termina com o pobre sentimento de que “nada de bom começa em um carro de fuga”. E se você estava preocupado com ela abandonar a Tay Reclamona, “This Is Why We Can’t Have Nice Things” é um beijo de despedida para uma amiga com quem ela costumava sair, assim como “Better Than Revenge”.

A palavra “reputation” aparece em algumas das músicas – não como referência à imagem pública dela, mas ao dilema de deixar a identidade de lado para priorizar os likes das redes sociais. De alguma maneira, esse sempre foi um tema das composições de Taylor. No começo, cantava sobre garotas lutando para não internalizar a misoginia que as cercava, em faixas como “Fifteen” e“New Romantics”.

Taylor não entra no modo “baladas” em Reputation, o que é uma pena. Mas ela salva a mais romântica para um final matador com “New Year’s Day”, que continua com a tradição de terminar álbuns com uma explosão de lágrimas. É o momento mais quieto de Reputation, ainda que o mais poderoso – ela acorda após uma glamourosa festa de ano novo e reflete sobre o que ainda pode chamar de seu, que é o seu não-tão-glamouroso namorado, com quem ela irá passar um dia também não-tão-glamouroso. É um pequeno momento de duas pessoas, um que o resto do mundo jamais notaria. E em diversas partes de Reputation, Swift faz com que banalidades pareçam colossais, o único adjetivo possível para a cantora.