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Rock in Rio 2013 - Dinho Ouro Preto narra polêmica com José Sarney no Rock in Rio 2011: “Me mandou uma carta”

Lucas Reginato Publicado em 13/09/2013, às 09h58 - Atualizado em 14/09/2013, às 09h19

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Pressão de Renovar - Divulgação
Pressão de Renovar - Divulgação

Dinho Ouro Preto vai pela quarta vez subir ao palco do Rock in Rio com o Capital Inicial. “Eu tenho a impressão de que, sendo brasileiro nesses festivais, você sempre fica em uma situação um pouco desfavorável”, diz o vocalista, que admite que a frequência de aparições cria uma dificuldade para as atrações brasileiras diante do frescor de artistas estrangeiros que chegam ao Brasil muitas vezes pela primeira vez. “Por outro lado, você é o único que fala português, que tem um diálogo direto com a plateia e que canta músicas cujas letras são entendidas. Então eu acho esse talvez seja o fator que devemos aproveitar”, ressalta.

O guia da Rolling Stone Brasil para o Rock in Rio.

A banda planeja, por exemplo, executar a canção “Saquear Brasília”, do mais recente disco, Saturno, como uma referência aos acontecimentos que embora posteriores ao lançamento do álbum têm muito em comum com o que prega a faixa. “Você pode sacar uma música a respeito de algo que aconteceu no Brasil, que sacudiu nosso país, e você pode falar disso e tocar a música que todo mundo entende.”

Foi algo semelhante que aconteceu em 2011, quando Dinho fez discurso contra oligarquias brasileiras e especialmente contra José Sarney (relembre a cena no vídeo abaixo). “Aquilo não estava muito planejado. ‘Que País É Este?’ nem estava no nosso repertório. Aquele discurso é curioso porque se perdeu um pouco no meio da confusão. A reação da plateia foi com uma veemência tamanha que as pessoas mal ouviram o que eu disse na hora”, lembra o vocalista.

“Na verdade eu me queixava de como é que uma oligarquia, no caso a maranhense, conseguia censurar um dos maiores jornais de São Paulo que é o Estado de S. Paulo. Na verdade eu estava falando sobre isso. Aí começou uma xingação generalizada, mas em nenhum momento saiu um palavrão da minha boca”, explica Dinho, que sofreu represálias do ex-presidente. “A primeira reação dele foi bastante estúpida (risos). Ele fez um discurso lá na Assembleia do Maranhão contra o que eu tinha dito, e eu fui considerado persona non grata em São Luís.”

“Depois acho que alguém disse a ele o que eu tinha dito de verdade e ele me mandou uma carta aqui para casa, na qual se dirigiu a mim como ‘ilustríssimo artista’, dizendo que eu tinha cometido uma injustiça e se autoproclamou quase um paladino da liberdade de expressão. Inclusive mandou um discurso que ele teria proferido no Senado no auge dos anos de chumbo durante o governo do Médici - justamente em relação à liberdade de expressão e que envolvia justamente o Estado de S. Paulo. Ou seja, ele estava querendo se pintar com as cores de um cara bastante liberal, e quem conhece a história brasileira sabe que as coisas não são bem assim.”

Mas Dinho garante que tudo isto acontece de improviso. “Quando você se vê naquele palco você sabe que é importante, que tem uma visibilidade muito grande, e grande parte do que é ensaiado, do que é preparado, que você acha que você vai dizer, na hora não sai como previsto. É mais ou menos como o que dizem sobre as guerras: você sabe como começam, mas não sabe como acabam.”

Relembre a cena do Capital Inicial em 2011:

Capital Inicial no Rock in Rio

Palco Mundo

14/9, às 18h30