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Sem AlunaGeorge e agora solo, Aluna quer inspirar mulheres negras na dance music [ENTREVISTA]

"Quero realmente criar canções a partir de minhas próprias influências culturais e da minha herança", afirmou a cantora britânica em entrevista à Rolling Stone Brasil

Isabela Guiduci Publicado em 12/08/2020, às 07h00

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Aluna Francis (Foto: Divulgação/Imprensa)
Aluna Francis (Foto: Divulgação/Imprensa)

Após dez anos em uma carreira promissora na música eletrônica no duo AlunaGeorge, a cantora britânica Aluna Francis, 32 anos, decidiu investir também nos projetos solo - e mesmo nele, conta com a parceria do produtor George Reid. A escolha para essa nova etapa da vida da artista está relacionada com os discursos que ela quer trazer nas próprias músicas.

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"Quero realmente criar canções a partir de minhas próprias influências culturais e da minha herança. Não quero mais precisar colaborar em todos os aspectos da música, de composição, criação de beats, eu quero que tudo venha da minha criação", contou em entrevista à Rolling Stone Brasil.

Ela acrescentou: "Gostaria de, com a minha música, mudar a maneira como a indústria da dance music enxerga. Quero expandir a maneira como eles veem a música para ser inclusiva e abranger culturas. Para mim, dance music não é apenas dance music, mas é afrobeats, reageton, reggae, garage house, funk, disco e mais."

"Quando se trata de dance music, tudo que vejo são cantores negros sendo usados ​​para fazer a música de produtores brancos, vender como os brancos querem. Não vejo mulheres sendo estimuladas e encorajadas a fazer seu próprio projeto solo de dance music. Em qualquer lugar, na verdade, não apenas na dance music", concluiu. 

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Renaissanceserá o primeiro disco da carreira solo da cantora, com a data de lançamento marcada para o dia 28 de agosto. Com os três singles já disponíveis ao público, “Get Paid”,  “Warrior”, e “Body Pump”, é possível notar o discurso de empoderamento da mulher negra, comentado por Aluna.

Sobre o projeto, disse: "Sinto que talvez com este álbum e com minha carreira solo, estou abrindo um espaço para as jovens mulheres negras seguirem também neste mesmo caminho e quero que meu trabalho seja inspiração para mais mulheres negras na dance music."

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Da esquerda para a direita: Princess Nokia, Jada Kingdom e Aluna. (Foto: Divulgação)

"Get Paid" é uma parceria com Jada Kingdom e Princess Nokia - e o mais recente lançamento da cantora. Sobre a colaboração e o discurso trazido na canção, contou: "Queria algo realmente inspirador e edificante para as mulheres negras. Porque eu vejo muitas mulheres negras não sendo bem pagas e prejudicadas em muitas Indústrias."

"Quero músicas para falar em apoio à elevação das mulheres negras, seja a partir de um exemplo pessoal ou por meio da comunicação. E sinto que Jada Kingdom e Princess Nokia complementaram esse espectro que eu queria trazer em “Get Paid” e foram perfeitas para finalizar a mensagem da maneira como eu realmente queria passar", complementou.

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Ouça "Get Paid":


As músicas têm uma conexão bem pessoal com a cantora, e as letras são fruto de experiências emocionais complexas e sensíveis para ela. Não é apenas falar sobre o empoderamento feminino, principalmente da mulher negra, mas refletir os sentimentos mais vívidos nas canções.

"O processo de compor canções para mim é como escrever um romance ou uma poesia. Há uma parte da minha experiência pessoal em que é possível se ter uma história, e também há aspectos criados a partir da história, combinados com experiências de amigos e pessoas que você conhece", afirmou.

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Ainda, acrescentou: "Muitas vezes, a música é sobre um reflexo de um momento de muita emoção para mim, um sentimento superior e que possa elevar as pessoas comigo também. Se eu consigo encontrar essa emoção superior em uma história - seja minha ou de uma amiga -, é onde vou procurar o conteúdo da música."

Sobre Renaissance, a artista deu um spoiler para o público da Rolling Stone Brasil: "O novo álbum realmente leva você a uma viagem pela diáspora da África, e a diáspora negra na dance music."

Vale lembrar, ainda, que Aluna conta com a parceira de George Reid nas produções das músicas da carreira solo. Os dois continuam com o AlunaGeorge, mas a cantora investirá no projeto paralelo, porque quer trazer mais elementos da cultura dela e composições sobre empoderamento da mulher negra. 


AlunaGeorge

Aluna Francis e George Reid se conheceram em 2009, quando o produtor se uniu à então banda de eletrônico da cantora, My Toys Like Me, para um remix da canção “Sweetheart”. Mais tarde, em abril 2012, os dois se juntaram como o duo AlunaGeorge, continuaram a fazer dance music, lançaram o single de estreia "I Know You Like It", o qual, devido ao grande sucesso, ganhou uma nova versão com o Dj Snake em 2014.

Assista ao videoclipe do single original, de 2012:


Assista ao videoclipe de "I Know You Like It", com DJ Snake:


O primeiro single comercial do duo foi "Your Drums, Your Love", lançado no dia 10 de setembro de 2012, que estreou no UK Singles Chart. No início de janeiro de 2013, AlunaGeorge anunciou o esperado disco de estreia, Body Music, com 14 músicas, incluindo o sucesso “I Know You Like It”.

Em 2014, a dupla lançou o disco Body Music Remixed. I Remember, segundo álbum de estúdio do duo, foi compartilhado em 2016. Já no início de 2020, "Before U" foi disponibilizado pelos músicos, antes do anúncio do projeto solo de Aluna

"Foi por conta dessa parceria que desenvolvi minha habilidade de trabalhar também com a produção, porque eu e George estamos sempre trabalhando juntos desde o início de cada som, cada disco, e cada batida. Eu realmente aprendi muito no estúdio. Quando comecei a fazer meu próprio projeto, eu realmente sabia como guiar uma música do início ao fim, de produção até estrutura de escrita", explicou a cantora. 

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Na edição de 2015 do Rock In Rio, AlunaGeorge se apresentou no Palco Mundo, para substituir a cantora sueca Robyn, e o duo eletrônico enfrentou uma tempestade que dominava a cidade do rock. Segundo a artista britânica, porém, o clima só deixou o momento ainda mais selvagem e inesquecível. 

"Aí meu Deus. Rock in Rio. Tiveram três momentos maravilhosos na minha vida que foram o Glastonbury, o Rock In Rio e meu primeiro Coachella. Mas, não me lembro do Coachellae do Glastonburycomo me lembro do Rock in Rio. Nesses dois primeiros, me senti muito como uma visitante, uma turista, não me senti exatamente em casa. Quando vim ao Brasil, logo ao descer do avião, já me senti em casa. Depois, ao me apresentar para milhares de pessoa em meio a uma tempestade, me senti como se eu tivesse uma experiência de outro planeta. E, foi super selvagem, senti que ia explodir naquele palco", contou. 


Discurso empoderado nas Redes Sociais e proximidade com fãs

Além do discurso empoderado nas músicas, Aluna também usa as redes sociais, principalmente o Instagram, para se aproximar do público e falar sobre questões da sociedade que são importantíssimas. Ainda, a cantora disponibiliza o número de celular dela paras os fãs que querem contatá-la. 

"Falamos sobre coisas ligeiramente diferentes nas mensagens, diferente do que conversamos nos comentários de uma foto que publicada, por exemplo. Tenho mantido uma conversa contínua com as mesmas pessoas sobre questões sociais ou dou conselhos, ou sou um apoio emocional e de encorajamento. Tem sido uma experiência bem diferente essa das pessoas me mandarem mensagens diretamente para conversar", revelou. 

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Em junho, a cantora passou a ser mais ativa nas plataformas de interação para falar sobre as questões sociais, ela explicou: "Após o caso de George Floyd, me senti muito mais apta a interagir nas redes sociais, porque eu me sentia capaz de falar sobre coisas com as quais eu me importo, e entendi sobre como eu poderia e, deveria, falar sobre questões muito mais importantes do que apenas parecer bem em uma foto para publicar."

Ainda, acrescentou: "Acredito que [redes sociais] seja um espaço pessoal para trazer consigo sua verdade, seus sentimentos e pensamentos como um artista, porque ter uma voz te ajuda a ter os pés no chão e se conectar com os seus fãs."

Para Aluna, falar sobre valores, crenças e princípios aproxima o público, e faz com que todos estejam em sintonia nas apresentações ao vivo. "Ter uma voz pública genuína significa que quando todos nós nos reunimos em um show, por exemplo, todos nós acreditamos em uma mesma coisa e teremos uma mesma preocupação com a humanidade. É por isso que eu falo minhas convicções e pensamentos nas redes sociais, porque sei como é muito importante para discutir questões urgentes e se alinhar com o público", explicou.

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My new curves are very boujee bitch

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Futuro de Aluna

Com Renaissance, assim que o mundo controlar a pandemia de coronavírus, e ser permitido o contato físico, Aluna quer fazer shows para levar a música e as mensagens dela para o máximo de pessoas possível. Como a cantora contou também, ela quer ser referência e inspiração para mulheres negras na dance music. 

Colaborações como em “Get Paid”, com Jada Kingdom e Princess Nokia, vão acontecer no disco novo. No entanto, a artista revelou que tem uma lista de artistas com os quais ela deseja trabalhar em um próximo álbum.

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Aluna (Foto: Divulgação/Imprensa)

Antes de um novo lançamento como Renaissance, porém, ela pretende fazer muitas apresentações ao vivo e ter mais experiências para finalmente voltar ao processo de introspecção que a composição e a gravação de músicas exige. 

Por fim, outro plano de Aluna está ligado aos futuros festivais: "Quero tocar em festivais e festivais de dance music que sejam mais inclusivos. Quero ver rostos negros na multidão, não apenas um ou dois, mas muitos. Quero que eles se sintam confortáveis. ​​Esse é um grande objetivo para mim, é a mudança real no mundo real, não apenas as pessoas ouvindo e sentando-se confortavelmente em diferentes bolhas no mundo. Quero que as pessoas se unam na pista de dança ouvindo minha música."


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