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Slash fala de novo disco e explica por que é um “cara de banda”

“Profissionalismo, para mim, sempre foi algo fundamental”, diz o guitarrista

Steve Baltin Publicado em 21/02/2012, às 15h13 - Atualizado às 16h10

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Slash está preparando segundo disco solo e ele deverá ter participação de Mary J. Blige - Thais Azevedo
Slash está preparando segundo disco solo e ele deverá ter participação de Mary J. Blige - Thais Azevedo

Slash anunciou que o segundo disco solo dele, o sucessor de Slash (2010), será lançado em 22 de maio. O trabalho, que ainda não tem nome, tem o músico tocando com uma nova banda, com Myles Kennedy nos vocais, Brent Fitz na bateria e Todd Kerns no baixo. A Rolling Stone visitou Slash no fim do ano passado para discutir o disco, o fato de ele ser “um cara de banda” e a importância de fazer jams com outros músicos para continuar humilde.

Agora é uma banda de verdade, então?

Sou um cara de banda. Tudo o que eu toco vira banda. Ainda tenho meu nome nos anúncios e tudo o mais, mas não sou um ditador, não quero mandar em nada. Gosto de ouvir as ideias dos outros, coisa e tal. Mas caras como o Brent e o Todd não estão atrás de títulos especiais, só querem fazer o que fazem. Tem muita gente que, mesmo quando não está inspirada, tenta compor só para emplacar algo, e já lidei com esse tipo de situação antes. Então só escrevo a música, Myles escreve as letras e as melodias dele, além de me ajudar. E se alguém tiver mais alguma ideia, estamos abertos a ela.

Quando você percebeu que era um cara de banda?

Percebi quando tinha 15 anos e só sabia quatro licks, dois acordes e formei uma banda. Gosto de trabalhar em um ambiente de banda, acho que tem a ver com camaradagem. Não quero fazer tudo sozinho. Sou assim com tudo, não quero ser diferente na música. Em muitos aspectos sou solitário, mas quando falo sobre música, sendo o líder ou não, gosto de colaborar, como fiz no último disco. Com muita gente. Mas neste, é só um grupo fechado de caras, o que é legal para mim, porque na última vez tive de chegar para o Chris Chaney e o Josh Freese e dizer: “Aqui está a versão demo, vamos aprender a música bem rápido”. Aí a gravávamos, e era só colocar o vocal. Foi assim que todas aquelas faixas nasceram. Agora, é mais cheio de ensaios, ensaiamos para caralho e, quando está tudo pronto, vamos para o estúdio.

As canções têm sido gravadas ao vivo no estúdio?

Nunca havia feito tanto assim. Desta vez, em vez de gravar minha guitarra na sala de controle, construímos uma cabine no estúdio, junto com a bateria e o baixo, na qual há um retorno gigante. Então, toco junto com eles, mas estou isolado. Tem algo de ao vivo e cru nisso.

Quem está produzindo?

Eric Valentine. Foi uma boa experiência e conseguimos sons incríveis com o Eric, amo trabalhar com ele, todo mundo ama.

Como você chega a um meio termo entre você e o trabalho do Myles?

Ensaiamos, fizemos pré-produção durante umas três semanas – ou um mês – até formatarmos aquelas 17 faixas. Trabalhamos todos os dias, das 14h às 20h, 21h. E aí o Myles voltou, então gravamos três músicas como ponto de partida. Sabíamos desde o começo, então deu para trabalhar as agendas com nossos empresários. A última coisa que ele fez foi uma turnê europeia com o Alter Bridge, depois fiquei com ele por um ano. O pobre coitado não descansou depois que me conheceu.

Quando foi a última vez que você descansou?

É, mas eu não canto. Eu não descanso. Tirei umas duas semanas de férias em Ibiza, quando renovei meus votos de casamento, mas é um desafio para mim. Fico trabalhando o tempo todo, minha mente não para. Levei uma guitarra e um laptop.

E a Perla deixou?

Sim, estou ficando especialista em lidar com tudo isso. Eu saía para a balada com ela, ficávamos a noite toda fazendo festa e aí, quando todos iam para a cama, eu trabalhava. Ou simplesmente não saía, ficava trabalhando. Tudo se resolve.

Quando foi a última vez que você viajou para algum lugar sem estar em turnê?

Antes da última turnê britânica, encontrei-me com Perla e passamos dez dias em Ibiza novamente, mas saí para tocar com o B.B. King no meio disso. É difícil me prender, tenho muito a fazer. E já que a porra do meu destino só depende de mim, não deixo ninguém cuidar dele. Sou empresariado por gente incrível, mas decido tudo com eles, bem de perto. Então sempre tem alguém por perto.

Você tem essa flexibilidade de pegar a guitarra e, quando o B.B. King chama, tocar com ele.

Comecei a fazer isso assim que fui bem recebido pelos meus companheiros e heróis. Assim que comecei a ser aceito, comecei a fazer. Começou cedo nos anos 90, fim dos 80, tipo entre 1989 e 1990.

Você se lembra qual foi a primeira banda a te receber no palco dela?

Sempre precisei disso, de subir num palco e humildemente aprender a trabalhar com outros, já que você pode ficar preso numa bolha quando toca em uma banda de rock que é arrogante e faz o trabalho dela, provavelmente fazendo melhor do que todo o resto. Você fica isolado nessa ilha, é limitante. Eu fazia umas jams em bares até. Isso me fazia aprender com outros, deixava-me com os pés no chão e me mostrava como existe gente por aí que simplesmente é muito superior a mim [risos]. As primeiras sessões de gravação que fiz foram com Alice Cooper, Lenny Kravitz foi bem no começo, Iggy Pop também, Insane Clown Posse. Houve outras, mas essas foram as primeiras, especialmente com o Alice Cooper, naquela faixa “Hey Stupid”.

E agora você é um veterano nesse grupo atual, não?

Sou o mais velho, mas o resto não está muito atrás de mim.

Mas você tem mais experiência.

Quando estou com esses caras, percebo que tenho uma porra de uma história para tudo.

Essas histórias te colocam numa posição superior, como a de um mentor?

O pessoal é muito, muito profissional, então eles não precisam de nenhum tipo de instrução. E os porras do Brent e do Todd são do Canadá, então são educados para caralho, e o Myles é muito gentil também. Eles fazem o mesmo que eu, talvez apenas a menos tempo, então não tem essa de mentor.

Foi importante, desta vez, formar uma banda com pessoas que fossem profissionais e com quem você se desse bem?

Bem, é algo a se pensar. Profissionalismo, para mim, sempre foi algo fundamental. É algo que admiro e respeito, pessoas éticas e que, não importa o que façam em seu tempo livre, apareçam para o trabalho. Sempre quis ser esse cara, então foco nessa direção, mesmo que de forma subconsciente. Espero isso dos caras com quem trabalho e gosto de estar num ambiente assim. Não suporto estar em uma situação na qual as pessoas não pensam nos outros ou não conseguem se controlar ou têm algo que as impede de funcionar direito. E tenho um medo mortal de ser esse cara.

Desta vez você escreveu já pensando na capacidade da banda em tocar aquelas composições?

O lance com esta banda é que não me sentei para analisar o que cada um pode fazer, já que todos são ótimos músicos de rock and roll. Eles tocam de tudo, mas há aquele espírito de quem cresceu ouvindo – e aprendendo com – Kiss e Ramones, mais tudo entre esses dois, Zeppelin, algum Rush, eles sabem de tudo, conhecem tudo e amam tudo. Eles são influenciados por gente ótima, então conseguem tocar de tudo e não haveria necessidade de pensar se eles conseguiriam ou não tocar algo que eu escrevi. Cada vez que mostrei algo para eles, já saímos correndo para tocar a música.