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Só o amor pode nos salvar, diz Lenny Kravitz, o último romântico e atração do Lollapalooza 2019

Artista norte-americano de 54 anos vai apresentar os maiores sucessos no Lolla neste sábado, 6

Pedro Antunes Publicado em 06/04/2019, às 10h04

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Lenny Kravitz em ação em Londres, em 2018 (Foto: Ian West / PA Wire / AP Images)
Lenny Kravitz em ação em Londres, em 2018 (Foto: Ian West / PA Wire / AP Images)

O amor é a resposta. É o que Lenny Kravitz garante. Para salvar o mundo, é preciso amor, ele explica. Como um sacerdote dessa religião, o último romântico Lenny Kravitz voltará a se apresentar no Brasil neste sábado, 6, no segundo dia de Lollapalooza 2019, festival realizado no Autódromo de Interlagos.

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É a quarta passagem do artista pelo País, que chegou a tocar, de graça, nas areias de Copacabana, no Rio de Janeiro, para um público estimado de 300 mil pessoas, em 2005. Desta vez, a apresentação dele será diante de um público mais diminuto, já que o público do Lolla não ultrapassa os 80 mil presentes no Autódromo, divididos em quatro palcos.

O show de Kravitz no Lollapalooza 2019 será às 18h20, no Palco Budweiser, o principal do festival, um horário abaixo da grande atração da noite, Kings of Leon.

Embora estivesse longe dos palcos brasileiros desde 2011, quando se apresentou no Rock in Rio daquele ano, Kravitz está no Brasil com tanta frequência que decidiu comprar imóveis no País. Tem, por exemplo, um sítio em Duas Barras, no Rio de Janeiro, desde 2007, e diz ser apaixonado pelo povo brasileiro - no caso de Kravitz, o elogio não parece papo de artista gringo para agradar os fãs no País.   

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É do Rio de Janeiro, por exemplo, que Kravitz fala com exclusividade à Rolling Stone Brasil. A boa relação com o País, iniciada na primeira turnê do artista por aqui, em 2005, ele explica, simplesmente aconteceu. "Eu amo as pessoas. Acho que é um País lindo, sabe?", ele diz, com palavras calmas e jeito doce. Nesta resposta, ele fala a palavra "amor" pela primeira vez, algo que se repetirá ao longo da ligação.

A título de curiosidade: no fim do ano passado, circulava na imprensa brasileira que Kravitz estaria namorando com a modelo brasileira e cantora Barbara Fialho; ela, recentemente, casou-se com Rohan Marley, filho de Bob Marley. Kravitz, aliás, esteve em outro relacionamento com uma modelo brasileira, Adriana Lima, no início dos anos 2000, e chegaram ficar noivos.

Mas, como de praxe neste tipo de entrevistas, os assuntos pessoais estavam proibidos.

Portanto, de voltemos às declarações de amor de Kravitz ao Brasil: "É um País com recursos, com natureza, é lindo. "Eu tenho amigos, tenho conexões aqui também. Existem lugares lindos que você não se sente em casa. Eu me sinto em casa no Brasil. E amo isso", ele explica, ao soltar o 2º "amo" do papo.

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Kravitz tem alternado anos de turnês com momentos de calmaria. Por enquanto, 2019 será agitado. Ele já tocou por países da América Latina e, depois, seguirá para Europa, em maio e junho, para uma turnê por lá.

A ideia do último romântico Kravitz é promover as novas canções dele, lançadas com o álbum Raise Vibration, de setembro do ano passado, o 11º da carreira. É um disco mais "good vibes" de Kravitz. Na capa, o artista surge fotografado com dreads no cabelo, braços abertos, pés na água do mar.

"Eu não planejo um disco, ele que se apresenta para mim", explicou Kravitz à Rolling Stone Brasil em outra entrevista, em 2014, quando seu álbum mais recente era Strut (daquele ano), o antecessor de Raise Vibration.

Na ocasião, com Strut, Kravitz deixava fluir nas canções um amor mais carnal, mais fluído e menos idealizado. “Sexo é um sentimento e uma força que Deus nos deu para aproveitarmos juntos. Mas com amor, entende?”, disse ele, a este mesmo repórter, quatro anos atrás.

Mais romântico desta vez, em 2019, Kravitz prega a paz e harmonia com outras pessoas e com o meio ambiente. "Isso tudo veio para mim em um sonho", contou ele, sobre como começou a compor as canções de Raise Vibration.

"Não imaginava que seria esse o disco que eu iria fazer. Mas isso veio em um sonho. Eu dormia e acordava com essas canções na minha cabeça. Elas estavam prontas! Letras e músicas!"

Música dedicada a Johnny Cash

Raise Vibration tem, entre os destaques, a música de nome "Johnny Cash", uma balada daquelas gostosinhas, com romance e sem bordas pontiagudas. A canção, explica o artista, foi criada em homenagem ao Homem de Preto, como Cash era conhecido, e quem Lenny conheceu nos anos 1990.

Por um período em 1995, Lenny, Cash e a esposa dele e também artista June Carter moraram todos sob o mesmo tempo do icônico produtor Rick Rubin. "Johnny estava gravando um disco com Rick", conta Lenny.

Lenny conheceu Cash e June no mesmo dia no qual perdeu a mãe, a também artista Roxie Roker, aos 66 anos. Tudo ocorreu em 5 de dezembro de 1995.

"Foi um momento bonito conhecer ele naquela situação", relembra Lenny. "Essa é uma música que fala sobre procurar conforto, como Johnny e June me ofereceram naquele dia."

Um lobo solitário

Kravitz se considera um "lobo solitário" na feitura de seus discos. Ele não costuma ter um produtor ao seu lado e também prefere gravar todos os instrumentos. "Eu poderia ter outra pessoa comigo, mas, para mim, a gravação do disco faz parte do processo. Eu escrevo cada letra, gravo os instrumentos", ele explica.

"É claro, eu acho que isso pode acontecer, eventualmente, mas não vou forçar uma parceria, ou coisa assim. Eu acho importante que seja orgânico."

"Só o amor pode nos salvar"

É isso que prega o sacerdote do amor Lenny Kravitz. Chegou a hora de se criar uma real aproximação entre as pessoas. Em "Raise Vibration", música cujo título foi emprestado para dar nome ao álbum, ele canta: "Love will lead us and complete us / This is what I know" (algo como "o amor vai nos liderar e nos completar, é o que eu sei").

O amor, é claro, não é um assunto novo para o criador de hits como "It Ain't Over 'til It's Over", "Are You Gonna Go My Way", "Fly Away", entre tantos outros sucessos radiofônicos que pipocaram também na MTV no fim dos anos 1990 e início dos anos 2000.

Desta vez, contudo, ele canta um amor universal, expandido. "É nisso que eu acredito", conta Kravitz. "Eu sempre digo, que o amor é o mais importante. É uma extensão, é uma mensagem, o amor também é a resposta. Se a gente pensar no amor desta forma, vamos parar de olhar os outros como inimigos. Deus nos fez diferentes, mas temos algo em comum. Não podemos deixar que as diferenças nos separem."

Ele segue: "Vivemos um momento muito difícil na história e a única forma de sair dele é com amor. Temos que amar uns aos outros, amar o nosso meio ambiente, a natureza. Nós estamos destruindo a natureza, os oceanos, nosso ar. No fim, o amor pode corrigir isso."

Por fim, Lenny Kravitz completa: "O amor sempre foi a minha maior inspiração. É assim que fui ensinado pela minha mãe, pelo meu avô, e é assim que eu vivo. Por alguma razão, tudo o que eu fiz sempre foi inspirado e motivado pelo amor. Essa é a minha contribuição."