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Steve Aoki diz que estudo em sociologia o ajuda na carreira de DJ

Norte-americano está no Brasil para se apresentar no carnaval de Salvador

Bruna Veloso Publicado em 28/02/2014, às 19h58 - Atualizado às 23h29

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Steve Aoki - Divulgação
Steve Aoki - Divulgação

Steve Aoki, 36 anos, estudou sociologia e estudos femininos na universidade, não bebe, nem usa drogas. Não é o que o senso comum imagina de um DJ – e um DJ que está no top 10 do renomado ranking da DJ Mag.

Aoki está no Brasil para se apresentar no Camarote Salvador e subir ao trio elétrico no Bloco Nu Outro, na capital baiana, um dos centros mais movimentados do carnaval brasileiro, nesta sexta, 28 (ele ainda tem mais cinco apresentações no país nos próximos dias, em Maresias e Votuporanga, SP; Xangri-Lá, RS; Balneário Camboriú e Florianópolis, SC).

Antes de desembarcar no país, o norte-americano falou sobre as expectativas para seus sets, a vida na estrada e as vantagens da formação acadêmica na profissão de DJ e produtor.

Você já tocou algumas vezes no Brasil.

Eu tenho um lugar especial no meu coração para o Brasil. Algumas das minhas melhores memórias do público são daí. Os brasileiros têm tanta energia nos shows, tanta felicidade. Sempre quero voltar. E sempre vejo bandeiras brasileiras em qualquer lugar, posso estar no Japão, Europa – qualquer lugar.

Desta vez, você vai tocar em um dos centros do carnaval brasileiro. Pretende ir para a rua conhecer a festa?

Tenho ouvido sobre essa festa desde nem sei quando. Então, finalmente tocar no carnaval é algo importante para mim. É um daqueles lugares que, se uma pessoa te pergunta: “Que lugar do mundo você gostaria de conhecer?” A minha resposta seria: “Eu quero tocar no carnaval”. Tenho dentro da minha cabeça uma ideia visual do que é: aquele barulho, milhares de pessoas nas ruas, todo mundo se divertindo muito. O carnaval faz parte da história, na verdade.

Lovefoxxx cantou a música “Heartbreaker” no disco Wonderland (2012). Vocês já eram amigos?

Eu conheço as meninas do CSS há muito tempo, desde a música “Let’s Make Love and Listen to Death From Above” [do disco Cansei de Ser Sexy, de 2005]. Amo essas garotas!

A música eletrônica é dos gêneros musicais que mais crescem em termos de alcance de público. Anos atrás, era diferente, era algo mais ligado ao underground. Você testemunhou essa mudança, do underground para o mainstream?

Em grande parte, eu sinto que a dance music ainda está mais no underground [do que no mainstream]. Só que é um underground muito maior. E a razão para eu dizer isso é o fato de que a dance music ainda não está massivamente na TV, no rádio. Você pode ouvi-la como pano de fundo nesses veículos, e pode definitivamente ouvi-la na música pop. Mas 90% da dance music ainda é impulsionada apenas pela batida, pela música em si. Eu sinto que estamos em uma posição diferente: o mundo mudou, a ideia do que é comercial, do que é underground ou mainstream mudou.

Mas existem DJs e produtores no topo das paradas. Você mesmo já esteve nas paradas.

Sim, temos artistas como Avicii, David Guetta, Calvin Harris, que estão no topo das paradas e são DJs. Não há dúvida: isso é um marco cultural. Mas se você pensar, eles só representam uns 4% de toda a cultura dos DJs. E não tem nada de errado nisso. Fico muito feliz quando uma música minha toca no rádio, é emocionante, porque um monte de gente fora da cultura dance consegue ouvir a minha música. É um tempo louco, eu nunca pensei que a minha música ou que a cena chegaria a esse tamanho. Ainda não consigo acreditar.

Dá para ter uma vida estável passando tanto tempo na estrada?

Primeiro de tudo, você tem que aceitar esse estilo de vida. De um jeito ou de outro, eu aceitei ser um cara da estrada desde que comecei a fazer turnês, em 2007. Você tem que aprender a viver na estrada, a viver apenas com uma mala. O que eu faço agora é trazer comigo todas as coisas com as quais fico confortável: um fotógrafo, um cara de vídeos, tour managers, obviamente, e computadores, para poder produzir. Se adaptar é o maior componente.

Você ainda é straight edge [cultura que defende a abstinência de álcool e drogas, lícitas ou ilícitas]?

Essa também é uma parte importante. Faço parte da cultura straight edge desde que tinha 14 anos, e depois que deixei a universidade, deixei a cena. Estava festejando, me divertindo. Eu tive minha era de diversão. Mas agora a minha cabeça está mais focada na busca de um vigor consistente, de ter shows mais estáveis. Eu quero poder viajar e fazer turnês sem ficar de ressaca, sem ficar perdendo voos. Quando você está bêbado, simplesmente não liga. Eu não posso mais fazer isso. Do jeito que eu viajo, não posso. Então, simplesmente parei. Bebo aqui e ali, raramente, mas não para ficar bêbado, só para curtir. Não uso mais nada.

Estamos acostumados a ver bandas com integrantes que passam dos 70 anos. Mas não é algo comum para os DJs, certo?

Sim, porque a nossa cultura ainda é jovem. Os DJs mais velhos em atividade estão na casa dos 50, não é? Paul Oakenfold, Pete Tong. É uma cultura ainda jovem, mas estamos aqui para ficar. Não é apenas uma moda. Enquanto os produtores continuarem alimentando as pessoas com música boa, vai continuar.

A graduação em sociologia e estudos femininos te ajudou de alguma forma na carreira musical?

Sabe, eu penso nisso. A sociologia, em grande parte, é o estudo das pessoas, comunidades, por que as pessoas tomam certas decisões. Eu sou DJ, olho para o público e tenho um monte de questões na minha cabeça enquanto estou no palco. E tento responder a essas questões com a música. Quero ser democrático, estou olhando para o público e quero que todos sintam algo, sintam o mesmo que eu estou sentindo. Tento comunicar isso através da música.

E por que escolheu estudos femininos?

Como homem vivendo nesse planeta, estou aqui para apoiar o aumento do poder das mulheres. Ao menos uma das coisas que eu aprendi me graduando em estudos femininos é que o que eu puder fazer para ajudar a dar mais poder para as mulheres, eu vou fazer.

E seu próximo disco, Neon Future, a quantas anda?

Ah, estou muito feliz com todos os incríveis artistas que estarão no disco: Linkin Park, Fall Out Boy, Empire of the Sun, Machine Gun Kelly, Waka Focka Flame e Will.i.am entre eles. Vai sair no meio do ano, mas vou soltar alguns singles antes.