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"The Walking Dead me mudou para sempre", diz Steven Yeun, o Glenn Rhee da série

“Ele se disfarça de uma série fácil de assistir”, reflete o ator, “mas aí você percebe que ela trata de algo bem mais profundo”

DAVID PEISNER Publicado em 16/10/2013, às 14h36 - Atualizado às 14h37

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Steven Yeun - John Shearer / AP
Steven Yeun - John Shearer / AP

Com a estreia da nova temporada de The Walking Dead esta semana, a Rolling Stone EUA está publicando diversas entrevistas com o elenco e a equipe da série. Leia abaixo a conversa com Steven Yeun, o Glenn Rhee da série.

Do que você gostava quando era mais novo?

Tudo. Eu fazia muitos esportes – hóquei, futebol americano e basquete. O que é estranho é que eu começava a jogar e logo depois perdia o interesse – isso acontecia com tudo, na verdade. Eu lia muito quando era mais novo e depois parei de ler livros. Eu me transformei naquelas crianças que comprava livros pra ter e nunca lia nenhum. Não mantinha o foco em nada.

Você chegou a atuar em peças na escola?

Nunca. Qualquer apresentação que eu tenha feito envolvia música na maioria das vezes. Eu tocava na igreja, na verdade – eu conduzia orações e coisas assim no violão.

Você era um bom aluno?

Eu era, porque se você for pensar no colegial, não era muito difícil. Mas tendo isso em mente, eu era um mau aluno porque eu, provavelmente, poderia ter tirado notas melhores. Eu não quero dizer isso, mas eu ainda era nível asiático – você sabe o que eu quero dizer. [Risos]. Eu tirava boas notas no geral, mas não era bom o suficiente para, você sabe, o que estamos acostumados. Eu não deveria perpetuar isso, mas...

Você era a vergonha da comunidade asiática.

É! [Risos] Na maioria das vezes, eu era aquela criança que não lia o livro mas conseguia tirar uma nota decente no resumo.

O que seus pais faziam?

Eles tinham uma linha produtos de beleza. O conto da imigração coreana é, provavelmente, produtos de beleza, lavanderia, joalheria ou engenharia. Meus pais foram no caminho dos produtos de beleza. Eu cresci em uma família de classe média e muito cristã. Foi uma criação boa, suburbana. O incrível era que a outra metade da realidade era estar em Detroit e ter essas lojas de produtos de beleza. Meus pais iam para o trabalho em áreas muito ruins no centro da cidade. Eles ainda tinham as lojas nessas áreas. Mas é legal porque você encontra muita alma nesses lugares.

Seus pais eram imigrantes de primeira geração?

Sim, mas eu, provavelmente, sou considerado assim também. Nasci na Coréia. Eu vim para os Estados Unidos quando tinha 5 anos de idade, então eu me sinto, senão inteiro, boa parte norte-americano.

Quando você conseguiu o papel no The Walking Dead, você conseguiu sentir o que a série queria fazer?

Vou ser honesto, pergunte ao Steven do começo da primeira temporada e ele vai te dizer que estava feliz apenas por ter um emprego. Eu não me questionei em relação à história. Eu pensava, “como faço para me manter empregado”? Esse era o meu foco.

Por que você acha que as pessoas têm respondido dessa maneira à série?

Ele se disfarça como uma série fácil de assistir, tipo, “ah, são zumbis. Tem ação. É uma loucura. Vamos assistir”. É fácil atrair público. Então você percebe que se trata de algo muito maior: é um programa sobre sobreviventes e sobrevivência e como isso funciona. Também, tem um sentimento apocalíptico no mundo de hoje. Agora que o mundo tem menos distâncias, por estarmos mais conectados, vemos coisas horríveis acontecerem. Todos estão obcecados com a mentalidade de “quando o mundo vai acabar”? É bom fantasiar sobre isso.

Como o sucesso da série tem te afetado?

Eu percebi que minha vida, de certa maneira, mudou pra sempre. Isso é estranho. Eu pirei um pouco. Eu parei de sair de casa. Fiquei um pouco ermitão. Se você tem inseguranças, elas expandem porque você tem o mundo te assistindo. Mas estou aprendendo a lidar com isso.

Algumas pessoas reclamam que a série se arrasta às vezes. O que você acha?

Tem um lado bom. A parte difícil da série é que faz parte do conceito ela não ter momentos de respiro. Você não pode ter um episódio em que nada acontece – que você está apenas sentado, tomando uma cerveja e conversando. Você não pode fazer isso, porque a natureza dela é o caos. Então é uma questão de equilíbrio. Eu achei que ano passado conseguimos balancear melhor o lado da ação e as pessoas amaram, mas sacrificamos muitos momentos de personagens que poderiam ter sido mais explorados. Mas a segunda temporada teve muitos momentos de personagens e as pessoas quiseram mais ação. Não se pode agradar a todos.